quinta-feira, abril 10

Crimes passionais

Há pessoas que matam ou mandam matar os seus companheiros, alegadamente, por amor. É uma realidade transversal a todas as faixas etárias e a todos os estratos sociais, e que acontece ao longo de todo o ano. O crime passional acontece por ciúmes, vingança, por um sentimento de posse levado ao extremo, ou simplesmente porque a relação terminou e não se consegue viver sem a presença da outra pessoa - a maioria dos autores destes crimes passionais são imputáveis sendo raros os casos de inconsciência por causas patológicas. Quem decide castigar desta forma os seus companheiros ou ex- companheiros, encontra sempre uma razão que legitima a morte do outro. Acontece muitas vezes o homicida, suicidar-se de seguida. Os dados mais recentes apontam para um aumento no homicídio conjugal em Portugal, nos últimos dez anos. Em 2006, 39 mulheres foram assassinadas pelos seus companheiros. Neste SC especialistas falam sobre esta matéria, interpretando também as razões que levam à repetição do fenómeno “Romeu e Julieta”- suicido simultâneo de um casal, quando a relação entre ambos é, por exemplo, proibida pela família.

19 comentários:

.lado errado do coração disse...

Penso que estes crimes só podem ser por tudo menos por amor, porque nao se assassina a sangue frio a pessoa que se ama. Estes crimes são de ódio, ódio de abandone ou de traição, ódio aquilo que separou o homicida da vitima levando-a a odiá-la/amá-la ao ponto de a assassinar.

O caso de romeu e julieta pode parecer muito bonito e romantico mas também nao é soluçao para nada; o suicidio nao é caminho e muito menos para duas pessoas que se amam e querem passar o resto da vida juntos.

mas crimes passionais ou nao sao sempre crimes, e os numeros assustadores, porque há vidas humanas a serem "desperdiçadas" assim...

.lado errado do coração disse...

*e os numeros (sao) assustadores

lady_blogger disse...

Poderemos chamar ao caso da mediática Maria das Dores um crime passional?

CC

Maria Mendes

lady_blogger disse...

Muitas vezes ouvi o seguinte:
"O amor é como uma faca de dois gumes, de um lado a paixão, do outro os ciúmes".

Daí os crimes passionais...
É estranho mas parece que segundo entendidos na matéria é mais fácil ter sentimentos maus extremos por quem se nutriu outrora sentimentos bons também extremos.
Como soi dizer-se, o amor e o ódio caminham lado a lado.

CC

Maria Mendes

Utopia disse...

O amor é sublime...é vida...é um sentimento profundo, sem exercer possessividade no outro... Não acredito que se mate por amor, só por egoísmo e ciúme doentio.

Ana Ferreira disse...

As relações conjugais ou familiares pautam-se por modos de vivência e de sociabilidade paradoxais. Se, por um lado, há características próprias na relação que a descrevem como autêntica, protectora, afectuosa, por outro, a relação desencadeia momentos de conflitualidade, conflito e discórdia. No meu ponto de vista, as diferenças de género têm-se constituído como relações poder e de desigualdade, onde, na maioria das vezes, a mulher assume lugar de destaque por representar o pólo mais vulnerável na relação amorosa. É sabido que as estatísticas mostram que os agressores são maioritariamente do sexo masculino, ao invés do sexo oposto que continua associado a situações de vitimização. Claro que as estatísticas valem o que valem, mas não deixam de ser uma fonte importante e extensa que elucida o leitor para a realidade dos crimes amorosos. Evidentemente que a violência e o homicidio exercidos sobre a mulher continuam associados a relações assimétricas de poder entre os sexos e ao predomínio de relações de dominação que caracterizam, fortemente, o patriarcado... Infelizmente, é ainda associado ao homem o dever de ser o emotivamente mais forte, o mais autoritário e o mais corajoso, ao contrário da mulher que é representada com subtileza, informalidade,etc. Por isso, é quase um dever para o homem mostrar a sua capacidade de manifestar-se como o "guardião" do seu património (mulher). Logicamente que "de todas as emoções nenhuma é mais violenta que o amor" (Cícero), porque fere e mata. Se o amor conjugal promove a realização pessoal e o desenvolvimento de níveis de comunicação entre parceiros, por outro, a morte e a violência não estão desprovidas de realidade. Goode falava da "força disruptiva do amor", ou seja, do declínio de sociabilidades, do sentimento de intimidade, da privacidade e da deformação das relações íntimas. Assim, o amor funde e separa, simultaneamente, dado que por vezes não há uma conciliação entre o casal, a família e o "eu pessoal". Devemos muito ao feminismo e à luta pelos direitos da mulher; à consciencialização transmitida pela Declaração Universal dos Direitos do Homem; ao incentivo das novas gerações interessadas na justeza, respeito, etc.
Um agradecimento especial ao trabalho realizado pela UMAR!

Unknown disse...

dizer que são crimes por amor, são desculpas para as barbaridades que se cometem.
Todos estes crimes deviam ser convenientemente punidos.

Unknown disse...

Boa Tarde.

Maria Mendes, o caso Maria das Dores de passional não tem nada, classifico-o como sendo um crime praticado por questões patrimoniais...sendo característico de ser muito praticado por/ou a mando do sexo feminino contra o masculino, é um tipo de crime que considero estar a aumentar.

Deragnu disse...

À atenção de Ana Ferreira, em especial.

A Sra. é claramente uma pessoa com capacidades acima da média, claramente. O que escreveu no programa do "Check up", poderia e serviria quase perfeitamente para o programa de hoje. Sabe, o que o seu comentário de hoje tem um "pecado original", é generalista e faltam uns dados fundamentais, que se encaixam com o que escreveu ontem. Lembra-me certas pudicas da televisão dizer quando verem pais a bater nos filhos, favor denunciar.
Assim sem mais nem menos, logo a seguir dizem, quando essas mesmas crianças as perturbam nos restaurantes, ah…é os país que não lhes deram educação. Isto do Feminismo resume-se a aumento de autoridade por parte da mulher, até ao ponto de desautorizar o pai, com as devidas consequências.

Infelizmente tenho razão, basta ver o que se passa. Etc., etc.

Anttónio.

Gisela disse...

Este tipo de crimes prendem-se com a emancipação da Mulher, que cresceu e engrandeceu-se enquanto ser humano e que o Homem ainda não digeriu.
Assim parte-se para a violencia, como ser diminuto que é, e de seguida aparecem "esporadicamente" estes assassianatos que são fruto de um desespero do Homem que os comete em não conseguir dominar a sua mulher.

Gisela disse...

Sr. António:
Que a Sr.ª Ana é uma pessoa claramente inteligente, sim é o que parece, mas feminista?
O que me parece mais evidente aqui é o seu machismo.É que confundir educação parental com crimes conjugais... realmente as iluminadas como a Sr.ª Ana incomodam muita gente...

Unknown disse...

Pois, isso de maior ou menor violência tem muito que se lhe diga, e eu até considero que envenenar uma pessoa é mais violento do que fazê-lo com uma arma à queima roupa.

Um crime que veio na comunicação social à alguns tempos atrás e que achei extremamente violento foi de uma namorada que atirou ácido sulfúrico à cara do namorado com a consequente morte do mesmo e depois foi condenada a 7 anos de cadeia quando devia ter apanhado 25 anos, isso sim é que foi violento e traiçoeiro.

Deragnu disse...

.O que estou a ouvir é puro narcisismo, egocentrismo, ou que tipo de patologia? - Então a culpa é sempre do outro, mentes curtas. Compromissos, o que é isso? Cumprir? Não me apetece.

Anttónio

ines disse...

É verdade que a violência no âmbito da relação amorosa é um revisitar da história da civilização humana. Acrescentaria que, para além da história da civilização humana, esta é também uma realidade inerente à própria natureza da espécie humana.

Os motivos, as estratégias agressivas, as vítimas, os agressores, são transversais a toda a história, não se de hoje, nem de ontem.

Contudo, hoje, quase esquecidos da nossa condição de animais com um passado evolutivo que contínua presente e vigente quando se trata das questões fundamentais da existência, da vida, afirmamos, quais divindades, que a vida sexual (eventualmente, a exclusividade dessa relação física), não é o mais importante da relação.

Claro que a amizade, o amor, a partilha, o empenho são pilares da relação.

Mas o sexo, o compromisso claro e mútuo acerca da relação sexual, ocupa nesta lista um lugar primordial.

Entre todas as "coisas" que dizemos fundamentais numa relação amorosa, raramente "se mata (ou se morre), por outra razão que não seja a da sexualidade.

Até se pode ter um(a) melhor amigo(a) que não seja o(a) namorado(a); pode-se passar mais tempo com essa pessoa, rir-se mais com ela; pensar nela quando se deseja um desabafo.

Tudo menos o sexo. Esse é privado, exclusivo.

O sexo (dizemos nós), não é o mais importante numa relação. Contudo, à excepção do sexo, quase tudo é permitido fora da relação.

O sexo (penso eu), é fundamental não apenas na relação, mas em quase todas as questões elementares da nossa vida. A a razão última de existirmos.

Convém lembrar, ainda, que embora poligamia seja uma excepção nos sistemas sociais humanos, é verdade que, desde que existimos, enquanto espécie, a maioria de nós, se as circunstâncias forem vantajosas (i.e., se os ganhos superarem os custos), cometerá adultério.

Como é óbvio, porque o investimento masculino na parentalidade é inerentemente menor que o feminino, é mais fácil para os homens, que essas circunstâncias favoráveis se propiciem.

A nossa responsabilidade, como civilização dita desenvolvida, é contextualizar os actos de violência e, mais importante, estar atentos às pessoas, às relações, olhar uns pelos outros, prevenir, discutir, ponderar e, idealmente, compreender de forma lata os fenómenos, em vez de nos deliciarmos com o dramatismo.

Como se fossemos uma espécie de seres especiais. Os homens e os animais, são um só.

Unknown disse...

Cada vez mais bonita a Susana Fonseca, uma das mulheres mais bonitas de Portugal e que eu já vi na vida, pareçe uma princesa, é muito querida mesmo.

Serve isto para dizer que quem ama outro ser humano, não pode atentar contra a sua vida, seja da forma que for, se o fizer é porque não amou de verdade. Não o podemos fazer a quem respeitamos, é contra nós próprios.

Leonor disse...

Boa tarde!
As vezes, penso mesmo que "Não há coincidências"...Acidentalmente liguei a televisão, vi o vosso programa, e ouvi algumas intervenções do Dr. Moita Flores e da Dra. Elisabete Brasil da UMAR.
Sou membro da direcção de uma associação que está a desenvolver um projecto designado por "Intervir desde a Infancia para Igualdade", cujo principal objectivo é mudar mentalidades e comportamento através da intervenção precoce junto de crianças da pré-escola e 1º. ciclo.
"De pequeno se muda o destino" podia ser o nosso lema.
Muito gostaríamos de poder contar com a parceria de uma associação fantástica como a UMAR.
Caso a Dra. Gabriela tenha disponibilidade, irei contactá-la ainda hoje.
Obrigada pelos excelente programas Fernanda!!
Leonor Rocha

Sociedade Civil disse...

Cara Leonor, vamos reenviar a sua mensagem para a UMAR
Saudações Civis

lady_blogger disse...

Senhor "j", quanto ao comentário que fez às 14h e 21m, tem razão, mas eu confesso que a pergunta que fiz às 13h e 26m foi para instigar o debate.

CC

Maria Mendes

Joaquim M.ª Cymbron disse...

No programa de ontem, mais que uma vez, se afirmou de que, na vigência do CP de 1886, o crime de homicídio, praticado por ciúmes decorrentes de traição amorosa, determinava uma reacção jurídico-penal que variava consoante o agente desse crime fosse o marido ou fosse a mulher.

Isto não corresponde à verdade.

É certo que as circuntâncias que condicionavam um regime bastante indulgente, nesta categoria de crimes, eram mais restritas no caso de ser a morte dada pela mulher do que quando era o marido a fazê-lo. Mas lá que havia essas circuntâncias, isso havia. Basta ler o § 2.º do artigo 372.º do Código supracitado.

É pena que num programa de tanta qualidade, um dos membros do painel convidado --- Francisco Moita Flores --- não só não tenha corrigido a ideia, como até a tenha sustentado.

Não é assim que se serve o público!