Afinal, o que se passa com a banca portuguesa? E o que responder aos inúmeros clientes que se sentem lesados perante situações como o BPP ou o BPN? E nas restantes instituições? Há algum fundo de verdade nos rumores de que um terceiro banco também terá um enorme buraco financeiro? Quem controla as comissões bancárias de que tanto se queixam os clientes? E a quem recorrer perante uma irregularidade?
Compete ao Banco de Portugal "velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional”. No entanto, recentes e mediatizados casos vieram abalar a imagem que os portugueses tinham desta instituição. Em quem devemos agora confiar?
Convidados:
Leonor Coutinho, Vice-presidente Sefin - Associação Portuguesa dos Utilizadores e Consumidores de Serviços e Produtos Financeiros
João Martins, Pres. Ass. para o Posicionamento Estratégico e Financeiro
Lúcia Leitão, Directora Adjunta do Departamento de Supervisão Bancária do Banco de Portugal
Ana Tapadinhas, Jurista da Deco
21 comentários:
Os trabalhadores da Autoeuropa não vergam perante nada. Vejam o artigo no blogue O Flamingo.
Eu acho que, para controlar a banca, deveríamos ter uma entidade supervisora, como o Banco de Portugal. E a presidir essa entidade supervisora deveríamos ter um presidente a receber 250.000 € por mês, quase o dobro do cargo equivalente nos EUA. Isto faz sentido, claro, porque Portugal tem quase o dobro do tamanho dos EUA, quase o dobro da riqueza e quase o dobro do número de instituições financeiras a regular.
E acho, caso essa instituição falhe redondamente na regulação da banca, que o responsável máximo por essa falha de regulação, o presidente, se deve descartar de quaisquer responsabilidades.
Também não percebo porque é que presidentes (ou ex) de bancos andem com 40 guarda costas atrás, porque não há ninguém que desgoste deles ou que lhes queira fazer mal.
Há uma coisa que gostava de conseguir perceber, a respeito das origens da crise.
Tanto quanto consegui perceber, a ruptura do sistema financeiro aconteceu devido ao crédito mal parado. Os devedores aos bancos (os que pediram empréstimos e tinham a obrigação de o devolver em prestações regulares com juros) chegaram aos seus limites financeiros e deixaram de conseguir pagar, deixando os bancos com falta de rendimentos líquidos resultando na tal famosa falta de liquidez.
Agora, para ajudar a ultrapassar essa crise, o Banco Central Europeu tem andado a baixar continuamente as taxas de juro do dinheiro.
A minha questão é a seguinte: a crise não foi originada logo à partida pelo Banco Central Europeu?
Do que eu me lembro, o Banco Central Europeu (BCE) esteve continuamente a subir (à bruta, diga-se) as taxas de juro, o que aumentou de forma brutal as prestações que as pessoas tinham que pagar aos bancos, e foi isso que originou o facto de as pessoas deixarem de conseguir pagar as prestações, ou seja, originou o crédito mal parado, ou seja a origem da crise financeira na Europa.
O que é que estou a perceber mal? O BCE não deveria ter diminuído as taxas de juro logo naquela altura em vez de as aumentar?
Ora cá está um grande tema!!!
Deixo aqui uma questão para os vossos convidados:
Quem nos garante que o nosso dinheiro está seguro num banco?
Olá Fernanda Freitas,
Pode parecer um pouco duro, mas para mim a falta de regulação do sistema bancário é da responsabilidade do Banco de Portugal. Tem-se visto que no fundo não regula nada. Vários escandalos têm vindo a "lume" e o Banco de Portugal nunca chega a tempo. Não será hora de remodelar o Banco de Portugal e os seus dirigentes?
Cumprimentos,
José Maria Bompastor
(Vila do Conde)
as pessoas lesadas ja são muito prejudicadas com a perda das suas poupanças como no Banco Privado Português. Se tentassem entrar com uma queija crime contra o banco era lhe impossivel conseguir pagar a advogados ou mesmo a sua alimentação. por isso só a entidade como o banco de portugal pode interferir. como é que o banco pode resolver a situaçâo
obrigado gosto muito do vosso progama
De todas as manobras menos claras realizadas pelos bancos, para mim a mais obscura é o facto de esconderem os custos.
Por exemplo, os cartões de crédito/débito têm anuidades e os bancos vão à nossa conta sem qualquer aviso ou notificação e simplesmente apoderam-se do dinheiro que querem.
Eu acho que isto é a minha principal queixa acerca dos bancos.
Do manual do ladrão: "a melhor maneira de roubar alguém, é fazer com que a pessoa nunca chegue sequer a saber que foi roubada".
Boa tarde a todos. Um banco serve para guardar o que não se quer ter em casa.tudo o resto, não passa de um negócio, que é legítimo e necessário a um país e a uma economia.As taxas , comissões etc. são mais uma forma dos bancos terem um valor acrescentado fixo, não indexado aos restantes produtos que comercializam.Haveria de haver uma tabela para todos. A confiança na banca é essencial, e o garante da mesma deve ser a intervenção e a responsabilidade do regulador. Infelizmente nos últimos tempos tal não se verifica.
Nestes tempos de crise, a nossa banca deveria começar a utilizar produtos de consolidação de créditos, seria muito vantajosa, não só para a banca que tem crédito mal parado, como para as famílias , que já têm níveis de endividamento superiores a 100%.
Como consultor financeiro, sei por experiência diária, que este tipo de produtos são uma real mais valia.
Álvaro Marinho
Já reclamamos no meu banco, o BES, por falhas grosseiras do gestor de conta, relacionadas por exemplo com a negociação do spread associado ao crédito habitação. Infelizmente fomos ignorados pelo gerente do balcão (Conde Barão). Para além da falta de profissionalismo evidente por parte de quem dirige este balcão (e os gestores de conta são de facto formados para as suas funções?), também o próprio departamento da qualidade de serviço do banco (supostamente imparcial) simplesmente arquivou a nossa reclamação sem nos ter informado ou participado tal facto. Desconfiados por não termos ouvido do banco durante os próximos 2 meses após a nossa reclamação (por carta registada) então descobrimos esse facto. Pedindo a reabertura do processo de reclamação e sublinhando o desejo de querer obter respostas para a mesma, até hoje (passaram-se quase 5 meses) continuamos sem qualquer feedback daquele departamento. O que fizemos entretanto foi mudar de balcão e claro de gestor de conta, expondo por escrito, ao bacão, as razões de tal.
No entanto, perguntamo-nos, do que adiantou??
Boa tarde!
Para o Paulada: embora não seja economista, acho que tudo começou nos EUA, e (na minha opinião) a Europa depende e é "parceira" dos EUA. O BCE realmente não deveria ter aumentado a taxa de juro porque prejudica imenso as pessoas com créditos, mas a taxa de juro implícita depende da inflação.
Para o Ricardo: creio que tudo depende da confiança que as pessoas têm em relação às instituições bancárias. Se o sr. Ricardo achar que o seu dinheiro está mais seguro em casa,... já é consigo.
Acho que o presidente do Banco de Portugal pode não ter culpa do caso BPN e BPP, mas já que ganha tanto por mês, que ajude com esses buracos financeiros.
Uma dica que penso que todos deveriam antes de assinarem os documentos e/ou contratos ler tudo muito bem ou perguntar se não perceber algo e exigir uma prova dos documentos com a assinatura do funcionário em causa.
Cumprimentos
Como sempre a culpa morre solteira! Quer seja na Justiça, que interessa a alguém que não funciona, quer através das eleições, pois continua a votar nos mesmos. Como esses instrumentos não funcionam o melhor é não ter o dinheiro em bancos.
Os bancos continuam a funcionar com agressividade e como agiotas, com a finalidade de roubar os poucos bens que uma pessoa tem, pois não resiste ao excesso de crédito, ou aos azares da vida.
boa tarde!
pode um banco mudar as condiçoes de contrato da conta que tenho com eles, começando a cobrar despesas de manutenção, a uma conta que nao era movimentada, sem me ter comunicado a mudança de condiçoes?
Não será má fé do banco só cobrar as despesas enquanto a conta tem dinheiro?
obrigado
Após ter terminado a minha licenciatura frequentei um estágio numa instituição bancária de referência no nosso país e apesar de ter sido bastante enriquecedora ao nível da aquisição de conhecimentos de todos os níveis do negócio bancário, hoje sou, um consumidor bastante mais atento e desconfiado em relação á banca. Verifiquei no decorrer da minha experiência que em virtude de pressões causadas por objectivos impostos pelos órgãos administrativos e de gerência os colaboradores são induzidos a “impingir” produtos (contas ordenados, cartões de crédito, débito, aplicações financeiras, créditos pré-aprovados…)que não se adequam ás necessidades dos cliente e assim, muitas vezes, “ocultam” informações para verem concretizados estes mesmos objectivos. Penso que as entidades reguladoras deviam ter uma participação mais activa afim de favorecer a transparência e idoneidade do negócio.
Cumprimentos, Manuel Vilas
Boa tarde. Seria muito interessante, e tendo em conta cada vez mais a "financialização" do mundo global, que nas escolas , a partir do 9º ano, haver aulas de formação financeira e bancária, de forma a não termos uma tão grande taxa de analfabetismo nesta área.
num futuro, os nossos jovens estariam em melhores condições para poderem compreender a terminologia usada nos contratos de crédito.
Sónia Miranda
Mas no que concerne às informações bancárias escritas, qual é a fonte mínima?
Boa tarde,
Ouvi a convidada do Banco de Portugal com alguma atenção e decidi dar o meu contributo.
A Directora Lúcia Leitão afirma que o BP irá (num futuro não especificado, logo duvidoso)
fazer um estudo para avaliar a cultura financeira dos Portugueses. Choca-me um pouco a forma como este assunto é abordado, especialmente por uma pessoa a tal nível hierárquico no BP. A pergunta que lhe coloco é: num banco central que já tem 162 anos, só agora é que vão avaliar a cultura financeira da nossa população? Não seria algo que deviam fazer todos os anos?
Os valores e taxas cobradas pelos bancos são objecto de emissão de recibo?
Se sim, como?
Se não, porquê?
Talvez isto já tenha sido abordado, mas eu gostava de saber porque é que os bancos, constantemente negam acesso aos contractos que constituem cada um dos serviços que o cliente adquire.
E posso desde já referir um episódio na CGD em que uma funcionária de balcão se recusou a entregar-me uma cópia do contracto de acesso directo à CGD assinado entre mim e ela.
Mas pior é não podermos a qualquer altura consultar os vários contractos que compõem a nossa relação com o banco.
Repare-se que o Banco de Portugal só agora vai fazer um estudo sobre a cultura financeira dos portugueses. É mais uma prova que não tem feito o seu trabalho devidamente, uma vez que nem os básicos estão garantidos!
Bem... mas mais vale tarde do que nunca!
Boa tarde!
Gostava de perguntar aos convidados, porque é que os nossos políticos e dirigentes de garndes identidades ganham tanto, não poderiam estes ganarar menos e não terem gaurda costas e carro o resto da vida???
E os portugueses que andam endividados até aos cabelos e que continuam a recorrer ao cartão de crédito?? Cumprimentos para todos.
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