segunda-feira, abril 23

DIA MUNDIAL DO LIVRO - NOVAS LEITURAS

O "Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor" é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, dia de São Jorge.Neste Sociedade Civil queremos mostrar e falar sobre as iniciativas, como as do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas e do Plano Nacional de Leitura, que visam pôr os portugueses a ler mais, a ler diferente, a ler melhor.

11 comentários:

Anónimo disse...

Para a maioria dos portugueses, designadamente fora das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, ainda hoje comprar um livro é um luxo. Com o sofrível nível de vida, tradicional da sociedade portuguesa -antes e depois do 25 de Abril- mantemos os elevados índices de ileteracia e o fraco poder de compra obriga a escolhas dolorosas, isto é em primeiro lugar a sobrevivência e só depois os "luxos".
Com remunerações tão baixas quem se pode dar ao luxo, de adquirir livros , por regra acima dos 15 a 20€ e os jornais sempre a subir e com qualidade, nalguns casos, mais do que rasca.

Anónimo disse...

A leitura de obras literárias, parece,em Portugal, um animal em vias de extinção. Cada vez mais a preponderância da televisão, da internet e do vídeo relega a leitura para segundo plano na escala de prioridades.
O português exige bens de consumo imediato, colocando no sótão tudo o que implique mais do que dois minutos de raciocínio ou um minuto de concentração.
Luxo não é comprar um livro, luxo é acharmos que conseguimos ser alguém pensando que o podemos ser sem ter de ler mais do que as legendas em filmes hollywoodescos.

António Martins, Lamego.

Kat disse...

Sou viciada em livros e, como professora, tento incutir este "vício" aos meus alunos. No entanto, deparo-me com alguns problemas para manter este meu "vício", nomeadamente o preço excessivo dos livros. Apesar da existência das bibliotecas, a da minha área de residência é muito pobre, por isso vejo-me obrigada a comprar livros estrangeiros através da Internet, livros esses que ficam por cerca de €5,00 (já com câmbios e despesas de envio). Tal como refere José Vicente, infelizmente, em Portugal, comprar livros ainda é um luxo.

Anónimo disse...

E num dia tão especial como é o dia do Livro!

Adoro ler e os meus filhos vão pelo mesmo caminho.

O Diogo, com 7 anos já lê livros - infantis e não só - por iniciativa própria.

A Eunice, com 2 e meio, não vai para a cama sem antes eu ou o pai lhe lermos uma história.

A leitura da história antes de dormir sempre foi, com os meus dois filhos, um dos momentos mais importantes do dia.

Acho que este pequeno gesto – que não demora mais de meia-hora, por norma - é essencial para criar nas crianças o gosto futuro pela leitura.

Pena que muitos pais não ponham de lado as actividades adultas – lida da casa, televisão, etc. para dedicarem aos filhos essa meia hora!

O preço dos livros é uma mera desculpa, há bibliotecas em todo o país...

Anónimo disse...

Gostaria de saber qual consideram as convidadas ser o papel do livro electrónico na promoção da leitura e no futuro do livro.

Cristina disse...

Concordo com o comentário de José Vicente, hoje em dia é cada vez mais dificil comprar um livro.

Esta situação dos Blogs, é sempre um insentivo à escritura, e para quem se interesse pelos diversos temas, é também um insentivo para a leitura.
No meu caso, ao ler Gonçalo Cadilhe, entre outros, inspirei-me para criar o meu Próprio Blog que apesar de pouco visitado, considero hoje em dia a forma mais fácil de ler e escrever.

Anónimo disse...

Ivo Freitas

Boa tarde venho por este meio expressar a minha opinião porque adoro escrever mas nunca pensei em publicar acho que hoje em dia o livro é para fãs porque o português adora leitura fácil 'revistas e jornais desportivos' a minha pergunta é... a escrita tem os dias contados???

beijinho para a fernanda

Unknown disse...

Gostava de ouvir a opinião da Teresa Calçada e da Maria Carlos sobre a possibilidade do empréstimo domiciliário nas bibliotecas passar a ser pago.

Esta pode ser uma medida de graves consequências ao nível da promoção da leitura. Principalmente se tivermos em atenção, o papel fundamental das Bibliotecas Públicas na promoção da leitura, encarada aqui numa perspectiva alargada:

acesso gratuito aos livros
atendimento personalizado aos leitores
empréstimo domiciliário de livros
actividades de promoção da leitura.



Filipe Leal
Biblioteca Municipal de Oeiras

Anónimo disse...

Embora adore ler, e tenha lido imenso à minha filha e tenha a casa cheia de livros e me veja sempre a ler, não consigo que goste de ler. Tento explicar-lhe todas as vantagens, mas estou apenas agora a notar ligeiras melhorias. Ela tem 12 anos, anda no 6º ano, é aluna de 5 a tudo, lê bem, mas não gosta e não lê... Portanto às vezes é preciso mais qq coisa... e ainda não descobri o quê. Talvez os amigos?!

Anónimo disse...

20 razões para se ser escritor

Jornal Público 23.04.2007


Por que é que os escritores escrevem? Porque são vaidosos e querem ser famosos, porque sim, por amor, porque se não escrevessem morriam. Encontrámos 20 razões. Mas há de certeza mil. Hoje é dia mundial do livro


1.
"Escrevemos porque há algo em nós que não compreendemos, que ignoramos, temos um segredo, um incesto sonhado, um assassínio de traição fundamental, um pecado original. Há algo sombrio, escondido, no centro das nossas vidas e é em torno disso que escrevemos."
Olivier Rolin
in suplemento Mil Folhas, PÚBLICO (29/4/06)
16.
"- Por que escreve?
- Não há um porquê. Há uma afirmação. Eu só posso dizer "eu escrevo".
- E porque é que não pode dizer "porquê"?
- Porque se eu respondesse "porquê" criava uma relação de causa e efeito. Ora, eu não sinto em mim o porquê de escrever, como eu não sinto em mim o porquê de beber ou o porquê de olhar. Há a constatação de uma realidade: e nasci constitutivamente assim, escrevendo."

Maria Gabriela Llansol
in Jornal de Notícias (14 de Julho de 1991)
17.
"Passados dias, semanas a moer o juízo em vão e quando fazemos a pergunta, não sabemos responder se continuamos a escrever por mero hábito ou por procurarmos prestígio, ou porque não aprendemos a fazer outra coisa, ou por a vida nos deslumbrar, por amor à verdade, por desespero ou por indignação, tal como não sabemos dizer se escrever nos torna mais sensatos ou mais tolos."

W. G. Sebald
in Os Anéis de Saturno (Teorema, pág 176-177)
18.
"Escrever é tentar saber o que escreveríamos, se escrevêssemos."

Marguerite Duras
citada por Enrique Vila-Matas em Bartlebly & Companhia
19.
"Vou escrever simplesmente porque não o posso evitar."

Charlotte Brontë
20.
"Não quero contar histórias, não quero explicar, não quero demonstrar nada. Quando escrevo, quero apenas libertar-me do que escrevo e, se quisesse alguma coisa, seria apenas, se a isso fosse obrigado, dar a ver. Não mais do que esse tão modesto, tão ambicioso objectivo: dar a ver. Um livro são muitos livros, tantos quantos os seus leitores, é um pacto de sangue. Desconheço o que me trouxe a ele, não alcanço o menor vislumbre acerca do que me obriga a fazê-los."

António Lobo Antunes
in Crónica, 2004
2.
"Poderia dizer que escrevo para suportar a angústia das noites.
No desassossego febril das insónias, enquanto damos voltas e mais voltas na cama, precisamos de pensar
em alguma coisa para que as trevas não se encham de ameaças.
E pensamos nos nossos livros,
no texto que estamos a escrever,
nas personagens que se vão envolvendo no nosso íntimo."

Rosa Montero
in A Louca da Casa (pág. 164, Asa, 2004)
3.
"Todos os escritores são vaidosos, egoístas e preguiçosos, e no fundo mais fundo dos seus motivos reside um mistério. Escrever um livro é uma batalha horrível e esgotante, como um longo ataque de uma doença dolorosa. Ninguém se meteria a fazer tal coisa, se não fosse guiado por um certo demónio a que não se pode resistir e que não se pode compreender. Tanto quanto sabemos, esse demónio é simplesmente o instinto que faz um bebé gritar por atenção. E, no entanto, também é verdade que ninguém pode escrever algo legível a não ser que lute constantemente para apagar a sua própria personalidade. A boa prosa é como um vidro. Não posso dizer com certeza qual dos meus motivos é o mais forte, mas sei qual deles merece ser seguido. E, olhando para trás através do meu trabalho, vejo que, invariavelmente, foi onde me faltou um fim político que escrevi livros sem vida e fui traído por passagens exageradas, frases sem significado, adjectivos decorativos, embuste, em geral."

George Orwell
in Why I Write (1946)
4.

"Não te tortures a perguntares-te sobre o que hás-de escrever. Pergunta-te antes sobre o que à tua volta te impõe esta necessidade. Política, filosofia, literatura, artes plásticas, música. Mas sobretudo a apetência dos outros para te lerem o que escreves. A razão primeira de uma obra que faças está naquilo em que tudo isso se funde e é em ti depois a graça da plenitude que te visitava quando escrevias. Não existe. O acto de escrever não é já um acto religioso, não é sequer o entretenimento de um acto mecânico, mas apenas a náusea do tédio. Não percas tempo a perguntar-te o que hás-de escrever. Vê apenas se consegue não vomitar"

Vergílio Ferreira
in Escrever (Bertrand, 2001, pág. 186-187, edição de Hélder Godinho)
5.
"Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando as suas tentativas são recusadas por um ou outro redactor. Pois bem - usando da licença que me deu de aconselhá-lo -, peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está a olhar para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar - ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende as suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranquila da sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa (...), então construa a sua vida de acordo com esta necessidade."

Rainer Maria Rilke
in Cartas a Um Jovem Poeta (excerto da primeira carta, escrita a 17/02/1903 em Paris)
6.
"Ao fim e ao cabo, por que escrevi qualquer um dos meus livros? Pelo prazer, pela dificuldade. Não tenho qualquer objectivo social nem mensagem moral; não é que eu queira explorar ideias gerais, apenas gosto de compor enigmas com soluções elegantes."

Vladimir Nabokov
in BBC (entrevista de 1962)
7.
"O único meio de suportar a existência é mergulhar na literatura como numa orgia perpétua. O vinho da arte causa uma forte embriaguez e esta é inextinguível."

Gustave Flaubert
Carta endereçada a Leroyer
de Chantepie a 4 de Setembro
de 1858 (arquivos Universidade
de Rouen)
8.
"Escrevo porque tenho necessidade inata de escrever. [...] Escrevo porque quero ler livros como os que escrevo. Escrevo porque estou zangado com toda a gente. [...] Escrevo porque só posso participar na vida real transformando-a. Escrevo porque quero que os outros, o mundo inteiro, saibam que tipo de vida vivíamos e continuamos a viver em Istambul, na Turquia. Escrevo porque adoro o cheiro do papel, caneta e tinta. Escrevo porque acredito na literatura, na arte do romance. Escrevo porque é um hábito, uma paixão. Escrevo porque tenho medo de ser esquecido. Escrevo porque gosto da glória e do interesse que a escrita traz. Escrevo para estar sozinho. Se calhar escrevo porque espero perceber por que estou tão, tão zangado com toda a gente. [...] Escrevo porque tenho uma crença infantil na imortalidade das bibliotecas e na forma como os meus livros repousam na estante. Escrevo porque é emocionante transpor todas as belezas e riquezas da vida para palavras. [...] Escrevo porque nunca consegui ser feliz. Escrevo para ser feliz."

Orhan Pamuk
in discurso do Nobel da Literatura 2006
9.
"Aturdido, rindo, perguntei àquele "feroz insatisfeito" (Fradique) que prosa concebia ele, ideal e miraculosa, que merecesse ser escrita. E Fradique, emocionado (porque estas questões desmanchavam a sua serenidade), balbuciou que queria em prosa "alguma coisa de cristalino, de aveludado, de ondeante, de marmóreo, que só por si, plasticamente, realizasse uma absoluta beleza - e que expressionalmente, como verbo, tudo pudesse traduzir, desde os mais fugidios tons de luz até aos mais subtis estados de alma...
- Enfim - exclamei - uma prosa como não pode haver!
- Não - gritou Fradique - uma prosa como ainda não há!"
Depois, ajuntou, concluindo:
- E como ainda a não há, é uma inutilidade escrever."

Eça de Queirós
in Correspondência de Fradique Mendes (pág. 1036, Porto, Lello, s/d:
10.
"Em Dezembro de 1948 recebi da Suíça, onde deixara em depósito durante a guerra, uma mala cheia de papéis de família e cartas velhas de dez anos. [...] Desde aquele momento nada mais me interessou senão reescrever aquele livro [Memórias de Adriano], custe o que custasse. // Naquela noite reabri dois volumes dentre os que acabavam de me ser entregues, destroços de uma biblioteca dispersa. [...] Tudo quanto o mundo e eu tínhamos atravessado entretanto enriquecia aquelas crónicas de um tempo já cumprido, projectava sobre aquela existência imperial [a de Adriano] outras luzes, outras sombras. Pouco tempo antes tinha pensado sobretudo no letrado, no viajante, no poeta, no amante; nada disso se desvanecia, mas eu via pela primeira vez desenhar-se com extrema nitidez, entre todas aquelas figuras, a mais oficial e a mais secreta: a do imperador. Ter vivido num mundo que se desfaz ensinava-me a importância do Príncipe. // Senti prazer em fazer e refazer este retrato de um homem quase sábio."

Marguerite Yourcenar
in apontamentos sobre Memórias de Adriano (Memórias de Adriano, Ulisseia, 2004, pág. 230-231)
11.
"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é esse o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."

Bernardo Soares
in Livro do Desassossego (edição de Richard Zenith, Assírio & Alvim, 2001)
12.
"Ninguém me tinha pedido um poema, eu própria não o tinha pedido a mim própria e não sabia que o ia escrever. Direi que o poema falou quando eu me calei e se escreveu quando parei de escrever. Ao tentar escrever um texto em prosa sobre a minha maneira de escrever "invoquei" essa maneira de escrever para a "ver" e assim a poder descrever. Mas quando "vi", aquilo que me apareceu foi um poema."

Sophia de Mello Breyner Andersen
in Arte Poética IV, Dual, 1972

13.
"Porque é que pensam que eu escrevo? Para perturbar o maior número de pessoas com o máximo de inteligência. Por narcisismo, que é um factor civilizacional. Para ganhar a minha vida e figurar no Larousse com o mesmo realismo utópico que é aplicado a Madame de Pompadour. Ela que era pequena e delicada aparece retratada como "grande e bem feita". (...) Escrevo para desiludir com mérito, o que é uma maneira de chamar a atenção dos outros com virtude. Escrever é um pouco corrigir a fortuna, que é cega, com a alegria da natureza, que é previdente. Eu disse isto ao Libération há dez anos, mas hoje digo: com o tempo vamos fazendo uma síntese. Escrever é manter-me fiel à minha caligrafia, é o que considero a fidelidade à minha infância e isso tem influência em toda a vida."

Agustina Bessa-Luís
in Leituras, suplemento do PÚBLICO (1 Outubro de 1994)
14.
"Escrevo porque não tenho nada melhor para fazer"

José Saramago
in O Globo (2 de Abril 2007)
15.
"Escrevo para me identificar comigo próprio, com o meu país e com a minha língua."

José Cardoso Pires
in Leituras, suplemento do PÚBLICO (1 Outubro de 1994)

QUE TAL?
M. Lopes

Anónimo disse...

Não só se deve vêr pelo o prisma do leitor , como do autor quando se fala de fomento da própria cultura...

Por exemplo maior incentivo à escritura e falo mesmo para além dos sectores educacionais , ou seja com projectos de bairro ; e relembrando que existem potenciais escritores , em espaços carânciados , como bairros sociais e dai devemos ultrapassar certos preconceitos que incutem na cultura um atrofiamento pelo o condicionamento da arte de bem lêr e escrevêr , não banalizando é claro o conhecimento que é a ferrmenta para se evoluir mas o talento é algo natural que somente precisa de ser motivado...

E também alargar as areas de leitura , quando existem boas alternativas de leitura que não só a classica escritura como a marginal , o dadaismo,...

Mas ainda se vive num pais que até lêr um simples livro é um luxo somente para alguns, por motivos não só económicos , como por um continuo isolamento eclético desse acto que complexa de forma snob , algo que é bem simples ...a começar por programas de teor cultural das televisões que são estupidamente elitizados...