quarta-feira, janeiro 30

Avaliar a Função Pública



Este mês começam a ser aplicadas as novas regras de avaliação da função pública: as progressões automáticas, com base na antiguidade, deixam de existir e o trabalhador só poderá subir de posição de acordo com a avaliação do seu desempenho. Cada serviço público vai ter de definir, no mínimo, três objectivos a cumprir e, enquanto os funcionários vão ser avaliados pelos chefes, estes farão, apenas, uma auto-avaliação. Um funcionário público que tenha dois anos seguidos a classificação mínima é sujeito a um processo disciplinar, que pode mesmo terminar em despedimento. De acordo com o ministério da Educação, os professores e educadores vão ser avaliados de 2 em 2 anos. Há cerca de 740 mil funcionários públicos – em que é que estas medidas irão alterar o funcionalismo público? Conseguirão pôr o Estado a servir melhor os cidadãos?

13 comentários:

martagaspar disse...

Boa tarde, Fernanda. Gostaria de saber quem avalia os professores...
Para avaliá-los só com camaras ocultas. Ou será por SIMPATIA ou CUNHA? Neste momento há quem vá para a Escola às 9 hs. e saia depois das 21!... Estourados, com filhos em casa à espera e/ou o marido a fazer o jantar para os filhos. Páro por aqui pois vou ver o seu programa descansada e desligar este bicho...
Abraço.

Mário Santos disse...

Boa tarde,

A avaliação não é nem deve ser encarada como um fim em si mesmo, já que o seu objectivo deveria ser o de efectivamente melhorar o desempenho quer das organizações, quer dos seus colaboradores.

Infelizmente a avaliação da Função Pública que se encontra em fase de implementação serve outras finalidades, nomeadamente as restrições financeiras, indo esta avaliação servir sobretudo como um instrumento da política financeira do Governo, mais do que um instrumento para a reorganização e reforma do Estado.

A prova disso está nos limites estabelecidos para as percentagens de profissionais com classificação de Excelente... ou seja, é o próprio sistema a dizer que só podem haver X% de Excelentes.

Esta avaliação não serve o todo. É um fim em si mesmo. E foi mal explicada aos verdadeiros interessados.

E, por último, gostaria de aqui deixar um alerta: qual foi a formação que aqueles que vão avaliar tiveram ou vão ter? Como pode a progressão na carreira ficar apenas ao livre arbítrio ou bom senso de quem avalia? Como vai ser nos casos em que os avaliadores não tiverem esse bom senso? Se o sistema fosse bom, isso não seria possível.

Passou-se para a sociedade a ideia de que isto é uma inovação. Aplica-se um sistema, que introduz mudanças, sem a participação activa dos visados nesse processo que vai fazer depender o seu futuro da avaliação... isso não estaria mal, se a avaliação tivesse condições para traduzir a realidade, mas a verdade é outra... os amigos vão ter boas avaliações... os outros, nem por isso. Todos sabemos que vai ser assim, mas interessa pintar cor-de-rosa...

Saudações,

Mário Santos

Ludovico M. Alves disse...

E m primeiro lugar, parabéns pelo programa e pela questão e m trabalho.
Em segundo lugar, há pouco foi referido que a avaliação da função pública deverá ser objectiva e concisa, permitindo o aprimoramento da reforma. Apesar de apoiar essa perspectiva, algo não se encaixa nessa ideia. Como é que classificações de avaliação tão… abstractas, vagas e qualitativas como “bom”, “razoável” ou “insuficiente”. Não seria ideal um sistema mais semi-quantitativo, mais exacto e assim sendo, mais objectivo? E quem poderia controlar isso? Quem é responsável pela avaliação de um modo imparcial e mantendo contudo, a louvada objectividade, não sendo apenas um estranho alheio ao sector da função pública avaliada? Esta questão pode parecer subpar, mas numa área tão diversificada como a função pública, penso que é preciso perguntar.

Cumprimentos

EviL disse...

Boa tarde, aconteceu uma situação triste a um amigo. Após ter esperado dois anos lá conseguiu entrar para a Segurança Social. Lá chegado começou a despachar serviço a ritmo sustentado.
Foi-lhe sugerido tanto por parte dos colegas como o chefe para abrandar o andamento essencialmente pelos motivos:
"tem calma",
"isso é para ir-se fazendo",
"isso tem tempo".
Continuando a exercer como pensava que devia ser as retalições por parte deles foram as seguintes... deixaram de o cumprimentar no local de trabalho, deixaram de lhe falar e nunca mais o convidaram para ir almoçar com eles e omito os modos quando eram obrigados a falar com ele.
Não conseguiu aguentar mais que três meses o pesadíssimo ambiente imposto e acabou por ir embora !
Ele é um dos muitos que abraça as recentes medidas do governo com agrado.

Unknown disse...

Não sou adepto do Oliveira Salazar, mas pareçe que estamos chegado a uma altura que é preciso aparecer um, que ponha tudo nos eixos, pois é só conversa fiada quer da parte do Governo, das Confederações empresarias e dos Sindicatos, são estas 3 clases que estão a destruir o país em ritmo acelerado, pois esses senhores e suas comitivas consomem os recursos de uma forma brutal, sem deixar sequer umas migalhas para o comum português.
Salazar morreu pobre, como quando começou, estes senhores de agora deixam grandes fortunas a seus descendentes, é imoral.
Razão tem o novo bastonário da ordem dos advogados, António Marinho Pinto.

Ana Montalvão disse...

Boa tarde,

Sou médica, especialista em Hematologia. Trabalhei durante 8 anos e meio (de
Janeiro de 1999 a Junho de 2007) para o Estado, descontando para a ADSE.
Paralelamente estava inscrita na Seg.Social, por também ter trabalho
independente, mas sem fazer descontos. Em 30 de Junho de 2007 desvinculei-me do
Estado, vindo a assinar um contrato com um Hospital E.P.E. três meses mais tarde, o qual efectua o desconto para a S.Social automaticamente
(desde 1 de Outubro de 2007). Nos 3 meses que mediaram, só trabalhei por conta própria (a recibo verde), mas tenho as minhas contribuições à S.Social pagas.

Em final de Dezembro de 2007 adoeci com uma tuberculose pulmonar, motivo pelo
que sou obrigada a estar de baixa total desde 1 de Janeiro de 2008. Foi-me comunicado pela S.Social que, apesar de ter 6 meses completos de descontos, não
posso beneficiar de qualquer baixa, por estar inscrita no "regime obrigatório",
situação que desconhecia totalmente o que era e o que implicava. Foi-me ainda
comunicado que só poderei alterar esse regime nos meses de Março, Abril,Setembro ou Outubro, isto é, só poderei alterar o regime em 1 de Março e
esperar alguma contribuição 6 meses de descontos depois.

Pergunto: isto será mesmo assim como me informaram? que sentido faz um trabalhador estar 6 meses a fazer descontos para a S.Social se não é beneficiário dela? e, já agora (sei que isso não é da vossa conta, mas) como é
suposto sobreviver-se e curar uma doença que se contraiu no decurso da actividade profissional, sem qualquer rendimento?

Os melhores cuprimentos,

Ana Montalvão

APRA disse...

Boa tarde.
Em relação ao assunto de recibos verdes falado no vosso programa, tenho um exmplo a partilhar.
As amas profissionais não são independentes, trababalham em sua casa para a Segurança Social, são completamente dependentes da instituição, passam recibos verdes há mais de 20 anos pagando contribuiçoes exurbitantes para a Segurança Social e IRS
Somos a APRA Associação das Profissionais no Regime de Amas.

Unknown disse...

Rui,
Boa Tarde Fernanda
1º - Com estas nova avaliação passa-se a trabalhar por objectivos, gostaria de saber se os funcionários que terão de trbalhar para ou por objectivos, devem apenas focar-se nessa função ou se como em muitas situações não é dado o tempo necessário para os fazer durante o tempo de trabalho, tendo depois de os efectuar em casa para os conseguir concluir e não ter nota negativa na avaliação uma vez que a mesma é feita sobre esses objectivos...
2º Gostaria de perguntar ao painel se também existem quotas para as notas negativas.
Boa Tarde...

Unknown disse...

A propósito do testemunho por mim dado à jornalista da peça relativamente às avenças na fp, parece-me oportuno referir que o montante líquido que disponho mensalmente é aproximadamente o salário mínimo, ou seja, pouco mais de 400 euros.

Unknown disse...

A propósito do testemunho por mim dado à jornalista da peça relativamente às avenças na fp, parece-me oportuno referir que o montante líquido que disponho mensalmente é aproximadamente o salário mínimo, ou seja, pouco mais de 400 euros.

António disse...

Tal como evil expôs tenho também uma situação que conheço em que uma funcionária hospitalar chegava a fazer horas além do horário de serviço sem retribuição (porque o chefe lho pedia porque era indispensável ao serviço, segundo ele dizia, e era-o de facto), chegando a pedir aos filhos mais velhos para irem buscar o mais pequeno ao infantário para poder ficar a despachar o serviço, e qual não foi o seu espanto aquando dos resultados das avaliações do ano passado ter tido classificação de "BOM" enquanto uma colega solteira que nunca deu uma hora a mais nem se preocupava com o serviço teve "MUITO BOM".É claro que nunca mais deu um minuto a mais, limitando-se a cumprir com o serviço.Que estímulo pode ter alguém que por norma se esforçe quando, muitas vezes são os que nada fazem que têem melhor classificação, muitas vezes devido a "amizades e conhecimentos" e à custa dos que realmente trabalham.

Ricardo disse...

Bemisto resume-se ao seguinte: Os amigos dos chefes têm boas notas para subirem, ou outros têm más... Só isto.

lady_blogger disse...

Desde que haja imparcialidade na avaliação dos funcionários públicos, eu estarei de acordo, pois há aí muitos sem vocação para tal e há muitos no desemprego que adorariam estar nos seus lugares. Acho que um mau funcionário deve ser penalizado, mas não só no sector publico.
Contudo os processos de avaliação poderão gerar polémica e criar mais uns processos em tribunal (já lá há poucos...).
Quem avalia deveria ser inesperadamente avaliado por vezes.
Avalie-se os trabalhadores por cumprimento de objectivos e não fomentem o factor Cunha.

CC

Maria Mendes