330 mil portugueses têm dois empregos – um dado novo no universo do mercado de trabalho em Portugal, pela dimensão inusitada que o INE agora revelou.
Alguns terão optado por esta forma de vida, mas não a maioria. São os sinais da crise e da dificuldade em sobreviverem (pagarem as contas) apenas com um salário.
Neste Sociedade Civil, queremos avaliar o retrato da situação laboral dos portugueses e perceber se ainda existe classe média e o que faz para sobreviver à crise. Mas também pretendemos desdramatizar esta situação e perceber se trabalhar poderá trazer mais mais riqueza e bem-estar.
Convidados:
Katia Guerreiro, Médica e Fadista
Miguel Faro Viana, Vice-Presidente Associação Portuguesa dos Gestores e Técnicos dos Recursos Humanos e Director de Recursos Humanos da Refer
Francisco Madelino, Presidente Instituto de Emprego e Formação Profissional
26 comentários:
Gostava de esclarecer o responsável pelo teor da mensagem original, que é moralmente reprovável brincar com a miséria alheia. Porque não dizer que trabalhar dá saúde e faz crescer?
Ou será que deveremos concluir do seu último parágrafo, que afinal se trata de uma pessoa de humor refinado?
O seu pressuposto está errado, pois trabalhar não traz necessariamente mais riqueza e bem estar para o próprio. Antes pelo contrário, embora por vezes seja a única forma de sobrevivência para si e para os seus.
Nem sequer traz necessariamente mais riqueza para o país!
Tudo isto depende de vários factores.
Será que ‘não vem mal ao mundo’ por a nossa qualidade de vida ser cada vez menor?
Ou julga o autor que ter dois empregos não afecta a saúde e a vida em família ?
E de que serve ter mais dinheiro se não há tempo para o fruir?
Como também sou uma pessoa de humor, permita-me que atribua o seguinte título à sua mensagem: ‘Vai trabalhar malandro!!!’ Já agora....
Sou professor e em Outubro do ano passado tive que arranjar um part-time por questões financeira. Pedi na minha escola para acumular funções e disseram-me que só podia acumular 13 horas. Como o part-time era de 25 horas semanais tive que rescindir o contrato com a firma. É de lamentar que neste país não se possa trabalhar para sustentar uma casa. Será melhor ir roubar, talvez assim não acumule mais de 13 horas. Obrigado
O duplo emprego traz riqueza e bem-estar? Eu penso que sim, se for deputado e gestor de uma empresa directamente afectada pelas decisões naquele orgão de soberania. De resto, existem dois tipos de duplos empregos, nenhum traz riqueza mas um deles traz concerteza maior felicidade profissional. Duplo "trabalho" para sobreviver, e duplo "emprego", como é exemplo a actividade docente.
O Sr. José Camanho com certeza não é professor e não sabe do que fala ao julgar que ser docente não dá "trabalho". Sim é um "trabalho" e não um mero "emprego".
Expliquem-me como se "vive" com 1100 euros, pagando 700 de emprestimo de habitação e 200 de combustivel para ir trabalhar. Ficam 200 euros para o resto. Infelizmente como alguem diz "não sou ministro" e não posso posso trabalhar em 3 ou 4 sitios. Esses podem acumular o que quizerem.
gostava de saber quais são as suas bases quando falam de uma media de 800 e tal euros para um trabalhador normal, quando a maior parte das pessoas que conheço não passa dos 700(liquidos,que é o que interessa nas contas do dia a dia!)no maximo, incluido eu proprio. Ilustram a sua reportagem com "empregos" e não trabalhos. E os que trabalham como nos, que mal tem forças para cuidar das coisas basicas de casa ao fim de um dia de esforço de 8, 10 ou até 12 horas por dia, 7 dias por semana por 600 euros mensais, o que podemos fazer? trabalhr ainda mais? ou voltar aos tempos do inicio da era industrial no seculo 19, trabalhando sete dias sobre sete? qual é o futuro da chamada classe baixa?
Boa tarde,
relativamente às licenciaturas é importante informar que o importante é escolher bem o curso que se escolhe. A pressão que sofrem os filhos da classe média é tão grande que na impossibilidade de aceder ao ensino superior público, correm para as universidades privadas onde se inscrevem em qualquer cuso que tenha vagas. Quando concorri à faculdade (1995) fo isto que aconteceu a muitos dos meus colegas por não quererem "passar a vergonha" de não te "entrado para a faculdade".
Não seria muito mais lógico esperar mais um ano, melhorar as notas do ensino secundário e trabalha em part-time durante esse tempo?
Desta forma estariam a aumentar as suas possibilidades de "entrar" no curso desejado no ano seguinte para além de adquirirem experiência profissional, algo que falta aos nossos licenciados.
boa tarde.
O tema ebatido no vosso programa para além de interessante é preocupante a realidade que encerra em sim mesmo.
sou licenciada em ciencias sociaise trabalho numa grande superficie em part time po~rque não me deixam fazer mais de 25 horas. é um trabalho que seguro desde que andei na universidade.
há mais de uma que procuro emprego, em áreas indeterminadas e as respostas que obtenho são muito poucas. nem um segundo emprego consigo.tenho sentido que é muito dificil entrar no mercado de trabalho, apesar de eu ter um part-time de 25 horas.
Já propus na empresa fazer 40 horas e não me deixaram.
Procuro outro emprego eé extremamente dificil ser chamada para uma entrevista. Chego a ir a todo o tipo de empresas e não obtenho respostas.
Resta-me acreditar no futuro melhor e, qui ça, na sorte.
há ano e maio que ando nesta realidade, que é desesperante, cansativa, desmotivante e esgotante e não deixar de morrer a persistencia e a força de vontade que me mantém animicamente equilibrada.
obrigado pelo vosso programa.
cláudia
Boa tarde! Será que com o novo código de trabalho, todas estas pessoas que têm dois empregos, vão poder continuar a tê-los, já que os horários vão ser muito mais flexíveis. Podendo os patrôes decidir quando precisam que os trabalhadores trabalhem mais horas, terão estes trabalhadores disponibilidade para dois trabalhos. Obrigado!
Carlos Costa
Eu sou freelancer / consultor e tenho múltiplos empregos / patrões / clientes. Na minha opinião ter mais do que um emprego é benéfico para o trabalhador pois aumenta o seu poder negocial para com o(s) empregador(es) e ajuda a eliminar a ilusão da existência do emprego para toda a vida.
Devo dizer que de todas as pessoas que conheço, poucas ganham mais do que 700 euros mensais. Penso que a zona do país onde se vive interfere muito. A média que anunciaram pode ser a média do país, mas há uma realidade muito grande abaixo desses valores!
Boa tarde,
Sou uma licenciada desempregada a longo prazo. Entrei nesta situação por falta de opção, como acho que acontece à maior parte das pessoas em situações similares.
Cheguei a ter muitos tipos de trabalhos que sempre desempenhei com brio, mesmo quando estes eram mal pagos e não necessitassem de formação a nível superior.
Mas, cheguei a recusar outros tantos, porque subtraíndo os gastos com transportes e alimentação, a remuneração era irrisória.
O desemprego não é uma boa situação para nunguém. Mas recuso-me a abdicar do tempo em família, por metade do ordenado mínimo, como me foi oferecido na minha última entrevista.
Obrigada. Ana Chagas
Um casal que conheço muito bem sem tem filhos, a mulher têm 2 empregos para fazer face as despesas do casal, trabalha na função publica das 8.30 as 15.30 e de tarde a partir das 16.30 trabalha num escritório de advogados em part-time ate as 19.30, o marido trabalha no sector privado com horários normais e tem um bom vencimento, este casal ao longo destes 3 anos a sua situação emocional e social tem vindo a agravar-se pois a mulher chega muito tarde a casa e aos fins de semana descansa, o marido sente a falta da mulher e nem quer falar de futros filhos, duplo emprego tem benefícios monetários mas traz malefícios sociais exigindo um esforço muito acentuado da carga de trabalho prejudicando a situação social e matrimonial deste casal.
Queri aproveitar para deixar duas questões à Dra Kátia guerreiro:
1º Acha que a responsabilidade que o sua profissão acarreta, um serviço em que exige a maior concentração uma vez que estamos a falar na saúde das pessoas, lhe permite vir do Porto ou de outro sitio qualquer às 4 da manhã?
Penso que com o salário que um médico aufere, não será por dificuldades financeiras.
2º Num país em que o numero máximo de horas diárias, poderá atingir o máximo de 2 diárias até ao máximo de 200 anuais(lei geral do trabalho), de forma a permitir descanso minimo de 10 horas, como é que o próprio estado e ministério da Saúde, tem os enfermeiros, por sistema, obrigados a fazer turnos seguidos para obterem mais de um dia de folga (estamos a falar de 16Horas seguidas no sector da Saúde).
Que irresponsabilidade. Depois admiram-se que aconteçam "coisas estranhas".
Cumprimentos para o programa.
DUPLO EMPREGO: SOLUÇÃO PARA A CLASSE MÉDIA ?
É URGENTE AJUDAR A DESPERTAR CONSCIÊNCIAS, CRIAR IDEIAS E ABRIR CAMINHOS DE EQUILÍBRIO.
A MUDANÇA É INEVITÁVEL E CHEGOU A HORA. O PLANETA/O UNIVERSO NÃO SUPORTAM OS NÍVEIS DE VIDA MATERIALISTA QUE PRETENDEMOS.
O SISTEMA POLÍTICO-RELIGIOSO TRANSFORMOU O PLANETA NUMA SELVA DESENFREADA AO SERVIÇO DE UNS POUCOS PODEROSOS QUE SE FAZEM DONOS DAS INSTITUIÇOES.
PAREMOS UM MINUTO PARA MEDITAR NOS GRANDES VALORES UNIVERSAIS : SAÚDE E PAZ DE ESPÍRITO
O meu abraço aos responsáveis por este espaço e a todos que participam de boa fé
.jose gomes
equilibriosg@gmail.com
Gostaria de saber se, quando o Drº Francisco Madelino diz que é mais facil de arra jar-se emprego para um licenciado , quando na realidade eu sou licenciada com uma pó-graduação na área de Aequivo e o proprio cINSTITUTO DE EMPREGO E FORMAÇÂO PROFISSIONAL me disse que seria impossivel arranjar um trabalho para mim devido às minhas habilitações. Como se defende? Quem mente? O sr. ou os seus empregados espalhados pelos centros de emprego existente por todos os distritos do nosso país? Atenciosamente Isabel Martins
Eu sempre tive dois empregos remunerados. Hoje só tenho um, devido à falência da empresa, do emprego secundário, e sinto no orçamento mensal essa diferença. E com o agravamento do aumento das despesas (taxas de juro, combustível) a diferença traduz-se em dificuldades. Tenho procurado outros empregos, mas é difícil, sobretudo comas condições que tinha no inicial. Penso que o emprego secundário deve existir em 50% da população activa portuguesa, nomeadamente, da classe média.
Permitam-me que coloque uma questão (in)pertinente: será possível equilibrar as finanças pela dimminuição das despesas e não pelo aumento do trabalho/remuneração?
Eu trabalhava em 5 projectos diferentes chegando às 20 horas por dia e a passar semanas sem estar em casa devido a deslocações de trabalho constantes.
Por questões de saúde tive a necessidade de parar por completo durante 6 meses.
Nestes 6 meses percebi que muitos dos meus gastos de deviam ao estilo de vida que levava devido ao trabalho que tinha.
Actualmente estou muito mais calma e já não necessito de diversas coisas que só existiam por causa do trabalho excessivo e que me obrigavam a trabalha mais para as pagar, por exemplo:
- almoçar e jantar fora numa base diária;
- beber inúmeros cafés para me manter acordada;
- gasolina e desgaste do carro paa delocações longas;
- passe social para deslocações na cidade;
- alimentos pré preparados em nome da rapidez;
- empregada de limpeza;
- engomadoria;
- telemóvel;
- roupas adequadas ao trabalho de representação em reuniões;
etc......
neste momento:
- não tenho telemóvel
- vou a todo o lado a pé
- limpo eu mesma a casa e trato da roupa
- dedico algumas horas semanais a uma horta urbana que me permite ter alimentos quase gatuitos e de qualidade
- eu e o meu marido partilhamos a casa com um amigo para diminuir as despesas
- já não necessito de, uma vez por ano, correr para umas férias anti-stress caríssimas porque simplesmente não estou stressada.
Entretanto, continuo a trabalhar e tenho vários clientes que vão desde universidades a centros de investigação (sou socióloga) mas, trabalhando a partir de casa e renunciando gastos desnecessários tenho mais dinheiro e mais tempo para viver.
Olá,
O meu nome é Eva e sou estudante de 3º ano em biologia marinha em Peniche.
Tenho vindo a aperceber-me da seriedade da crise que se vive em Portugal porque este ano, para além do trabalho a part time que tenho num supermercado, tive que arranjar outro, não declarado, porque senão cortavam-me a mísera bolsa de estudo. Isto, não para poder "ostentar um certo nível de vida, mas sim para poder pagar as contas... ando completamente exausta e os meus estudos começam a ressentir-se.
Espero que o esforço valha a pena...
Adoro o programa
Numa outra ocasião em que o sr. do IEFP esteve presente, questionei-o porque é que eu não poderia frequentar um curso que iria melhorar o meu currículum. No IEFP disseram-me ter habilitações e idade a mais. Esse senhor respondeu nesse SC que eu poderia frequentar o curso que pretendia, porém dirigi-me ao IEFP da minha zona de residência e comunicaram-me que isso é mentira. Afinal posso ou não frequentar um curso que pode melhorar as minhas aptidões?
Se o sr. Madelino disser que sim e no IEFP local me disserem que não, que poderei fazer?
CC
Maria Mendes
Na minha opinião, um segundo emprego, pode ser encarado como viável somente a curto prazo.
Não lhe chamo de solução, porque é um caminho perigoso, o segundo emprego ser encarado na sociedade como o caminho a escolher. Temo que, se assim for, deixem de haver esforços sociais e legislativos para exigir aos empregadores a implementação de melhores condições e, que acima de tudo, serão as familias e os indivíduos a sofrerem as consequências desta escolha.
Alternativa poderá ser a diminuição das despesas, a quem o possa fazer.
Nunca o tempo para a familia, a qualidade de vida, deverá ser posta em causa.
ana chagas
Com 2 trabalhos ou empregos comuns de 8 horas cada, onde há tempo para a família?
Há os workaolicos que vivem para o trabalho, mas também há quem trabalhe para viver para a família.
Para mim a família nuclear é o mais importante de tudo na vida.
CC
Maria Mendes
Não estarão as pessoas que acumulam 2 empregos, por mera necessidade de manter um estilo de vida acima das possibilidades, guiados pela ganância de ter sempre mais e melhor numa crescente sociedade consumista, a retirar a possibilidade de outros com necessidades bem mais reais de obter o tão desejado e necessitado emprego…
Sou obrigado de intervir para dizer que o IEFP é um "grupo" que serve só para dar emprego a muitos, pois trabalho e trabalho sério, é uma desgraça. Prejudicaram-me e ainda me devem remunerações, por erros crassos dos seus elementos. Cursos de formação, este ano é surreal. Ou se tem o 6º, 9º ou 12º. Se quiser determinado curso quase certo que não está englobado. POC carenciados e subsidiados é uma vergonha, sabem quanto paga a SS, 100 Euros por mês, é uma das vergonhosas e escabrosas situações, que infelizmente os média não pegam.
Kátia, disse tudo em poucas palavras, só com o senão, não vamos ver, estamos a ver.
Anttónio
Estão a esquecer-se não sei se de propósito, que muitos reformados com boas e muito boas reformas, estão a tirar emprego a muitos desempregados, só por terem os contactos certos e a pouca vergonha de o fazer.
Anttónio
como funcionária pública será que posso ter um part time de 25 horas semanis?
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