quarta-feira, novembro 19

Pais ausentes

A destruição do modelo tradicional de família e a ausência de vínculos entre indivíduos são situações comuns nas sociedades contemporâneas. Mas há forma de inverter esta tendência e promover a reunião das famílias?
Num cenário mais extremista, mas real, a família pode ser palco de comportamentos violentos, maus-tratos e ameaças. Em situações de ruptura familiar a ausência dos pais e falta de comunicação é mais evidente. Queremos aproveitar para discutir a alienação parental e proceder à divulgação da campanha lançada pela Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco no âmbito da comemoração do 19º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança.

Convidados:
Dulce Rocha, Presidente Executiva do Instituto de Apoio à Criança
Ponces de Carvalho, Escola Superior de Educação João de Deus
Paula Pimentel, Psicóloga
Maria do Céu Costa, Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco

7 comentários:

sandra disse...

Este é um dos temas que me preocupa bastante “pais ausentes”.
Tive a “sorte” de estar 7 meses com a minha filha quando nasceu, acumulando ferias e estendendo uma licença sem vencimento e mesmo assim achei muito, muito insuficiente. Tenho a sorte de ter uma estrutura familiar que acompanhou a minha filha de perto e nunca foi preciso ir para nenhuma creche.
Agora com quase 3 anos foi para infantário pois achei que era benéfico o contacto com outras crianças, mas como entretanto perdi o emprego, posso ir busca-la cedo.
Agora a minha preocupação: procuro um emprego que respeite a família e o tempo que todos temos de ter para os nossos filhos, pois o meu anterior não o era claramente. O que vejo é um “esquecimento” por parte das empresas, que o trabalhador tem uma vida para além da empresa onde trabalha. Reconhecendo o que se tem feito a nível de legislação laboral, mas estamos muito aquém do que poderia ser feito. Como posso pensar em ter mais filhos com esta falta de respeito que se tem pelas nossas crianças e vida familiar. Ainda há muito a fazer para que as nossas crianças sejam a prioridade no mundo laboral.

dulce surgy disse...

Boa tarde,
Este é um tema muito importante. Partilho o meu caso....Porque pude, deixei de trabalhar para ser mãe acima de tudo dos meus quatro filhos.
Senti a discriminação nos olhos dos meus colegas de trabalho, da familia e sempre que tenho de dizer que a minha profissão é doméstica.
A maior critica é " tens quase 40 anos, como vais conseguir trabalho depois?"
Isto reflete que a sociedade "é contra" esta posição de "mãe acima de tudo".
Será que só podemos de atribuir aos pais o dever de garantir os direitos das crianças ou toda a sociedade e também os dirigentes deveriam ter o dever de garantir estes direitos e apoiar mais quem os garante.
Reconheço que a minha situação é de previlégio mas isso devia ser a regra e não a excepção.
É também verdade que muitos pais que eu conheço tinham a mesma possibilidade financeira, mas que por opção não o fazem. Não critico, mas desejava que não me criticassem a mim também. Que me apoiassem nesta decisão, porque os filhos são mesmo o mais importante e para mim o meu maior investimento.

sergio jardim disse...

boa tarde
"sou um pai presente"
e mesmo assim , ja tive alguns entraves contra o sistema .tenho um filho de dois anos que sempre que posso fico com ele em casa .surpresa minha é que se ficar , com ele , mais de tres dias em casa ,tenho que levar justificaçao escrita . sem falar dos horarios de entrada e saida do infantario , etc

lady_blogger disse...

As crianças por piores que sejam os pais ou os familiares substitutos destes, preferem sempre quem as criou do que outras pessoas ou instituições.
Eu nunca tive a família elementar, e a que me criou morreu cedo. Amava-os mas a dada altura teria preferido talvez ser adoptada porque institucionalizaram-me durante 4 anos, o que me revoltou um pouco. Só me tiraram desse colégio porque ameacei fugir, e um dia mais tarde fugi mesmo, mas por amor sobretudo aos meus avós decidi voltar.
Há dias faleceu o único ascendente que restava à nossa filha para além de nós pais dela. Espero que nunca lhe faltemos para não a entregarem aos cuidados de desconhecidos e para nunca a institucionalizarem. Como sei o que isso é, jamais o desejaria para alguém.
Porém as ditas instituições que aceitam as crianças mas só por curto tempo e as aldeias SOS são projectos com os quais concordo.

Desburocratizem o processo de adopção em Portugal, e quem quiser abortar pense 2 vezes e dê os seus filhos para adopção. Mais vale dar do que matar.


CC

Maria Mendes

Alex disse...

Boa-tarde.também partilho a minha experiência de ter ficado com a minha filha até aos 6 meses. Foi gratificante, mas sou apologista de ficarmos com os filhos até aos 3 anos, sendo que é o período mais importante na fase de desenvolvimento da criança a nível intelectual e afectivo. Ainda tenho, por enquanto, um horário de 25 a 30 horas semanais para proporcionar a minha companhia e usufruir a da minha filha.Temos de lutar e manter os valores como o amor pelo próximo, amizade, entre-ajuda, benignidade, compreensão, tolerância, respeitar e respeitar-se, para que sejamos uma sociedade mais feliz, mais tolerante, respeitadora e possamos prolongar estes valores ao longo de gerações.
Mãe e Profissional

lady_blogger disse...

Fernandinha, vou esta tarde à FIL rever a exposição Portugal tecnológico e ver uma outra exposição de arte. Quer vir? Tenho convites para 2.

CC

Maria Mendes

Unknown disse...

É preciso mostrar às pessoas que por vezes a pressão psicológica é tão grave como os maus tratos físicos.
O meu pai nunca me deu sequer um estalo e no entanto eu odiava profundamente o meu pai.
Odiava o meu pai porque ele traía a minha mãe e a fazia sofrer e quando eles estavam separados (o que aconteceu muias vezes) odiava estar com o meu pai simplesmente porque sabia que quando voltasse para casa a minha mãe me iria cobrir de perguntas sobre como ele estava.
Acho que muito pouca gente sabe o que é ter 5 anos e pedir à mãe para se divorciar do pai só para não ter de ouvir mais gritos e não ter de ver sorrisos num dia e lágrimas no dia seguinte.