terça-feira, fevereiro 3

Casar com um muçulmano é um perigo?

“Pensem duas vezes antes de casarem com um muçulmano” – com estas declarações o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo abriu uma brecha no diálogo inter-religioso.
Há algum fundo de verdade neste conselho do Cardeal Patriarca? A religião islâmica é tendencialmente machista? Ou é apenas um preconceito do Ocidente cristão?
O Irão definiu na sua constituição que a vida de uma mulher vale metade da de um homem e que não é crime o marido bater numa mulher? No Paquistão a mulher adúltera pode ser punida com a morte às mãos de um familiar. E em Portugal, há algum reflexo destas correntes islâmicas na comunidade que aqui vive?

Convidados:
Sheihk David Munir, Imã da Mesquita de Lisboa
João Paiva, Especialista em Questões de Género
Sofia Branco, Jornalista do Público
Padre Valentim Gonçalves, Missionário do divino coração e Pároco no Prior Velho

20 comentários:

Luís Miguel Alves disse...

A palavra chave para a resolução deste "problema" é : Respeito.
Se existir respeito entre marido e mulher, os problemas que poderão advir de uma casamento entre duas pessoas de religiões diferentes serão sempre ultrapassados e compreendidos por ambas as partes.

victor disse...

Em relacao ao casamento entre pessoas de diferentes religioes nao,o perigo esta associado a cultura,tradicao e o modo como vivem em sociedade que no caso dos muculmanos e complicado e para as mulheres que casam com muculmanos viram animais domesticos ou de criacao e isto e verdade mesmo na europa isto e uma realidade

morcego persistente disse...

Boa Tarde.
Sou escuteira, sou católica e sou mulher.
Numa primeira instancia quando ouvi as palavras proferidas por D. Policarpo também fiquei indignada mas depois pensando em todas as palavras e em todos os factos compreendo o que ele diz.
Será que passado alguns amos de casamento serei obrigada a tapar a cara? será que terei que aceitar outra mulher em casa? será que não poderei sair de casa como em tantos casos se falam?
Respeito todas as religiões e todas as pessoas mas não culpem as mulheres de terem medo. E porque não se ouve falar de uma mulher muçulmana a casar com um homem católico?

morcego persistente disse...

Peço desculpa, no segundo paragrafo onde se lê "amos" deve ler-se "anos"

Avozinha disse...

O 'politicamente correcto' entende que ser muçulmano / cristão é algo postiço à vida da pessoa e, portanto, do casamento. Logo, não tem que afectar a unidade de um casal.
Não é assim, penso eu, que o Islão se entende a si próprio, daí exigir, penso, que o não muçulmano se converta ao casar com o muçulmano.
Eu, como cristã e segundo a Bíblia, entendo que ser cristão é algo de intrínseco àquilo que sou e portanto tem tudo a ver com tudo o que sou e logo com o meu casamento.

Anónimo disse...

eu era católica e casei com um muçulmano há 2 anos e meio, temos um filhote com 11 meses e somos felizes, a diferença religiosa e cultural não foi obstáculo, adorei descobrir a cultura árabe e quero que o nosso filhote siga a religião do pai, lamento todos os maus exemplos e lamento que só se fale de maus exemplos, esse pessimismo para mim revela preconceito e sobretudo ignorância; já visitei várias vezes o resto da família em Marrocos e não me aconteceu nada de mal, muito pelo contrário elevou os meus valores da familia e percebi k ao contrário do k se diz por aí a mulher é muito valorizada mas também muito protegida; ao contrário da sociedade ocidental k luta por uma liberdade k se traduz no nudismo da mulher, na falta de respeito por si própria... Carla, Lixa

madame M. disse...

Tanto a religião católica quer o islamismo são religioes que ilustram a desigualdade entre o homem e a mulher. São ambas falocentricas e patriarcais.
Actualmente as noticias da destruição de escolas sobretudo femininas no Paquistão são, infelizmente um sintoma do que se passa no mundo islâmico.

Carlos Rebola disse...

Não estaremos a fazer uma abordagem negativa a esta questão?
Quantos casamentos com muçulmanos são bem sucedidos e são exemplares?
Se procurarmos casamentos calamitosos, não os encontraremos em todos os meios sociais, económicos e culturais?
Porque é difícil respeitar o que se desconhece, não será o desconhecimento de outras culturas, religiões e sociedades o grande perigo num mundo globalizado?
Sendo a maioria dos casamentos bem sucedidos, procuremos nestes o que é responsável pelo sucesso, para evitarmos o perigo que possa existir noutros, será que não há perigos em qualquer lugar, sociedade, cultura e religião? Porquê os muçulmanos hoje e aqui, parece-me uma campanha negativa que pode ter interesses que nos transcendem.

Miriam Levi disse...

As mulheres casados com um muçulmano tem direito a usar os bancos islâmicos sem taxas de Juro. Taxa de Juro 0 (zero)...

Unknown disse...

Um casamento, seja ele qual for implica aceitar condições de ambas as partes. Sou Cristã e sou mulher, mas acho que ninguém vai obrigar uma mulher cristã a casar com um homem muçulmano e como tal, uma mulher que o escolha fazer sabe perfeitamente ao que se está a propor. Quantos homens que se dizem cristãos obrigam as mulheres a não usar mini-saias ou a não saírem com amigos homens.. São coisas que se passam em cada casal e o divórcio existe para alguma coisa.. Pelo menos no nosso país só fica casado quem quer!

David Nuno Duarte disse...

Saudações
Após uma análise de situações, tudo reside no respeito e diálogo inter-religioso.
Gostaria de colocar uma questão, visto que alguns países abrem-se e dão novas oportunidades às mulheres, posso concluir que então os outros países que fecham a mulher, e de certo modo obriguem as mulheres proceder de modo que possa ser contra vontade.
Aproveito para realçar que o casamento entre cristão católico e muçulmano é possivel, sendo que a pessoa católica perante a sua crença afirma viver e respeitar o seu marido|mulher na vida e na morte. A cerimonia mista é possivel em Portugal, na igreja catolica, somente é solicitado a pessoa católica afirmar a sua fé e prometer.
Nunca é solicitado ao outro mudar de religião ou algo do género, respeitando o outro na sua integridade, ao contrario o casamento fora da europa condiciona e pode a pesosa, no caso muçulmano, ser obrigada a mudar de religião, desrespeitando assim o outro na sua identidade e crença, invadindo o seu espaço.

jorgem disse...

A abordagem que é feita a este tema é sempre pelo lado polémico. A religião católica foi baseada nos mesmo princípios que muçulmana, apenas vemos que a católica teve uma evolução mais cedo, devia ao facto de ser uma religião muito globalizada. A muçulmana esteve durante muito tempo fechada em si mesma, mas tem mostrado evolução.
Não esperem agora é que de um momento para o outro fique ao mesmo "nível" que a católica.

PS: Acredito que a religião católica ainda precisa de muita evolução.

Stonetalker disse...

Penso que estão a confundir as coisas. Fundamentalismo existe em todo lado. O Islão é um texto feito há séculos tal como a Bíblia. Deve ser interpretado, tal como a Bíblia, por um sacerdote, ou será que a os convidados cristãos presentes seguem a bíblia à letra? Sou ateu e sou filho de um casamento católico-protestante. Acho que, muitas vezes achamos que nós, o ocidente, somos o possuidor da razão. Tendo amigos muçulmanos, eles permitiram-me ver o meu mundo do ponto vista do muçulmano e não é, de maneira nenhuma, perfeito! Tolerância e honestidade são essenciais ao bom entendimento entre religiões. Não esqueçamos uma coisa, à 30 anos, nenhuma mulher, salvo nos grandes centros urbanos, saia para a rua sem um lenço a cobrir o cabelo e muitas vezes era acompanhada por um irmão, pai, ou marido. Penso que deveríamos olhar-nos ao espelho e não fazer juízos de valor precipitados. Por isto não quero dizer que concordo com a ligação estado-igreja e da discriminação das mulheres mas devemos ser honestos connosco próprios.

Lourenço disse...

Há um filme muito bom, Persepolis (2007), que distingue eximiamente tudo o que é religião e tradição no problema da discriminação das mulheres na cultura islâmica. Ele expõe-nos em concreto a situação do Irão onde as os direitos femininos regrediram depois da revolução de 1979. Não confundamos a religião com o que alguns senhores fazem dela e no que a transformam.
Seria de aplaudir que a rtp2 o exibisse.

CVC disse...

Fernanda, gostaria de colocar uma questão ao Sheihk David Munir.
-Identifica-se com o islamismo praticado na Arábia Saudita? Ou em países como Afeganistão?

H&M disse...

e um casamento entre um àrabe ateu e uma europeia ateia ou vice-versa? é igualmente polémico? parece-me que não....

H&M disse...

O filme de animação referido nestes comentários, foi feito a partir de um livro de banda desenhada da iraquiana Marjane Satrapi, uma auto-biografia fantástica e que nos revela o mundo das mulheres visto por uma delas....

Cláudia disse...

Não há nada que justifique a falta de respeito... se esta é praticada a pretexto de princípios religiosos, desconfie! Se isso acontecer parece-me sensato por parte d@ "vítima" ir falar com o orientador espiritual da comunidade religiosa d@ "faltos@". Talvez este consiga por água na fervura...talvez...

Armando Nunes disse...

Eu sou cristão evangélico.
Na minha opinião o corão é uma incorrecta interpretação da bíblia sagrada predominando o antigo testamento.
Eu já foi católico, mas consideros como os fariseus no tempo de Jesus Cristo. A bíblia sagrada é o livro mais seguido na maioria das religiões, mas há uma coisa a interpretação deste livro de Deus só é bem interpretado pelo Espírito Santo, que é o nosso guia da parte de Jesus. Dai as varias interpretações, mas a interpretação é só uma.
Porque o que é de Deus é amor.
Há muito mais a dizer sobre isto mas....

Armando Nunes disse...
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