quarta-feira, janeiro 20

Idosos: em casa ou no lar?

Em Portugal, milhares de idosos continuam a viver sozinhos, sem apoio básico ou rede familiar, apesar de ter aumentado o número daqueles que recebem apoio dos serviços sociais através, por exemplo, da Rede de Cuidados Continuados ou do auxílio ao domicílio das Misericórdias. Estima-se que 15 mil pessoas estejam em lista de espera para uma vaga nos lares do estado. No entanto, para doentes com Alzheimer ou Parkinson as respostas são poucas na rede pública. Estaremos perante um cenário em que é essencial habilitar as famílias de forma a poderem tomar conta dos seus idosos? E como lidar com os dados que apontam esta faixa etária como vítima de violência, sendo muitas vezes agressores os próprios filhos? Estarão, afinal, melhor em casa ou entregues a uma instituição?

Convidados:
Zélia Brito
, Directora do Departamento de Fiscalização do Instituto de Segurança Social
Elisabete Oliveira, Vice-presidente da CNAF e Vereadora da Acção Social e Cultura da Câmara de Oeiras
Luísa Godinho, Direcção de Acção Social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
João Ferreira de Almeida, Presidente da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso de Idosos

14 comentários:

Atena disse...

Isto é tão complicado que julgo até seja mais complicado do que aquilo que as pessoas pensam!
Eu fiz a escolha de viver com a minha mãe, desde cedo. O meu pai faleceu cedo e sempre vivemos as duas em grande compreensão e amizade. Caseí e nem foi colocada a hipótese da minha mãe não vir comigo, assim como a ideia de um lar para mim não serve. Servirá e é necessário para muitos casos que eu respeito... mas eu tentareí lutar contra isso para a minha mãe até ao limíte das minhas capacidades. Entendo que aquilo que dão na maioria dos lares, não será nada que eu não possa dar também em casa. Se a um lar se paga determinado valor, também podereí tê-la comigo pagando a alguém que a acompanhe. (Excepção para doenças que impliquem permanentes cuidados médicos com insuportáveis custos, obviamente).
Acontece que a minha mãe foi mudando com o passar dos anos, perdendo capacidades psiquicas e outras, em algumas pessoas altera-se tudo na velhice, e revolta-se por isso. A tão falada depressão da 3ª. idade é extremamente comum e trás vivências em familia muito complicadas. Muitos idosos para além de terem perdido muito do bom senso que tinham, tornam-se exigentes como bébés, só que pior, porque aos bébés nós pudemos ainda impor regras de respeito mútuo, e aos idosos não. A depressão no idoso, reflecte problemas de saude que são inerentes à idade, da não aceitação dessa condição, de achar que por serem idosos têm de estar em primeiro lugar e de se revoltarem injustificadamente virando-se contra quem os acolheu, fazendo tudo para não os deixar sózinhos. Mas as incapacidades, as doenças, as depressões constantes, o insistente recordar da vida passada, estão na origem dessa revolta, e embora compreendamos que assim é, não podemos aceitar tudo da parte deles, sobretudo se têm ainda o raciocíneo a funcionar, se são donos da sua vontade, se se ofendem que lhes digamos alguma sugestão.
Tem sido uma luta muito grande ter a minha mãe comigo, a nossa vida tornou-se complicadíssima, porque culpa-me de tudo e cobra-me o que me fez no passado, exige-me a minha disponibilidade total e não tolera que tenha uma vida de trabalho, de casada e um filho, que por acaso tem um problema grave desde pequeno, que me faz correr entre terapias e escola, lutando pelo seu bem estar. Em alguns momentos ela parece entender, mas na maior parte do tempo não e queixa-se a todos de mim, como se a tratasse mal, como se não quizesse saber dela, como se fosse uma vítima do nosso desprezo, afastou até um irmão ou outro de mim... e eu não sei mais o que fazer... Vou vivendo os dias - um de cada vez - na esperança que consiga ultrapassar esta situação, continuareí a lutar para nunca ter de a pôr num lar, porque acho até que não teriam paciencia para ela, mas se eu imaginasse a tortura por que passo estes anos, não teria tomado a decisão de ela viver comigo. Cada uma ficaría na sua casa e quando ela quizesse a minha porta estaría aberta. Acontece que as pessoas esquecem-se que muitos idosos não querem sair das suas casas nem por nada e culpam os filhos de não lhes ligarem. Muitos idosos esquecem as necessidasdes de vida dos filhos, vendo apenas a sua situação de forma até um pouco egoísta. Este meu depoimento é apenas para que saibam que existem muitas realidades, talvez até escondidas, mas a ideia dos idosos serem sempre as vítimas, nem sempre é a regra.

Sylvie disse...

Boa tarde!

Há situações e situações assim como há lares e lares!

Primeiro devería haver + fiscalização aos lares prq (e como toda a gente sabe!) existem muitos que não têm condições absolutamente nenhumas!

Segundo, acho mt bem existirem os lares de dia prq há imensas famílias q por questões profissionais passam os dias fora de casa e os idosos passam assim muitas horas sozinhos (o q provoca entre outros problemas, as depressões).

Acho horrível na nossa sociedade dita moderna não se dar a devida atenção aos nossos séniores quando eles têm tanto para nos dar, ensinar e partilhar!

Não é á toa que em certas culturas os sábios são os + idosos! São a eles que se pedem conselhos, ensinamentos, etc. É tão lógico!

Para terminar volto a repetir:
Mais fiscalização! a que há actualmente, não chega!
Parece q qlq pessoa q tenha um espaço, e que quer ganhar $ á custa dos outros, abre um lar! (sem condições e onde as pessoas são tratadas como animais! nem os animais se tratam assim quanto + pessoas!).

Há que deixar de falar tanto e agir mais!

Filipa disse...

Em casa deparámo-nos com a necessidade de tratar de dois idosos muito dependentes: os meus avós maternos. Casal há mais de 70 anos, com três filhos e seis netos. No momento da necessidade imediata, apenas um genro (o meu pai) "meteu" a mão na massa para que a minha avó não ficasse abandonada em casa dela enquanto o marido estava no hospital sem diagnóstico. Eu e a minha irmã usámos todas as nossas horas (e de outros) para apoiar e encontrar uma solução. A minha avó não se lembrava quem era, onde estava, como fazer as coisas....porque a doença mental mais tarde diagnosticada tinha-se arrastado e acentuado ao longo de anos. Explicações? Colhemos aquilo que semeamos. Pais violentos e avós ausentes são piores que estranhos para a família lhes acudir.

Sylvie disse...

Um outro problema é que qlq pessoa que precisa trabalhar pode ir facilmente fazê-lo para um lar. A questão é: será que essas pessoas têm perfil para cuidar de séniores?
Será q gostam realmente deles? de cuidar, de falar, de lhes dar a devida atenção...n me parece!
E isto, lógicamente e infelizmente acontece com todos os empregos! há imensa gente a trabalhar em áreas q nada têm a ver c os seus gostos e/ou perfis e claro que isso se reflecte nos seus comportamentos e atitudes.

Unknown disse...

Boa tarde,
O meu tio está acamado com leucemia cronica e está totalemente dependente. A esposa tb já foi operada de um cancro do estomago e só pesa 35 kg. Sózinha não consegue tratar dele. De semana, o apoio domiciliario vem par fazer a higiene do acamado. Ao fim de semana e feriados esse apoio não funciona. Existe algum tipo de ajuda para os fins de semana e feriados?
MArina.

Unknown disse...

Estou a escrever do distrito de Santarem, on o meu tio recorre ao apoio domiciliario da Santa casa da Misericordia que só funciona nos dias de semana.
Marina.

Unknown disse...

Somos uma Turma de Animação Sociocultural no 12º ano, Pombal Agrupamento de Escolas da Guia, estamos a ver o programa e gostavamos saber porque não fazem parte dos técnicos obrigatórios para o funcionamento dos lares e Centros de Dia a contratação de Animadores Socioculturais?

XXXXX disse...

O papel dos lares na vida dos idosos e seus familiares é bastante importante mas depois quando entramos num lar, deparamo-nos com um cenário deprimente: parece um "depósito" de pessoas. Costumo visitar uns familiares e aquilo é deprimente... as pessoas estão ali sentadas sem nenhum tipo de actividade, apenas comem e dormem. Seria muito importante a segurança Social fiscalizar os lares em termos também das equipas e das actividades existentes.

Unknown disse...

Boa tarde!
Seria óptimo se os idosos pudessem permanecer no seu lar, porém nem sempre isso é possível! Se necessitam de apoio durante o dia, o que fazer? Deixar de trabalhar?
Apoio domiciliário: comida, higiene e lida da casa... isso chega? É só isso que temos para oferecer? Os nossos idosos merecem mais!
Em relação à formação: Porque não coordenar vários lares e em conjunto fazerem formação aos seus profissionais? Seria menos dispendioso e poderiam dispensar os profissionais sem comprometer os seus serviços.
Cumprimentos!

João disse...

Existe em Portugal Gerontologos formados em Bragança e Aveiro!

Simão Pires disse...

Cada vez mais o idoso vive em família alargada e a probabilidade da ocorrência de violência doméstica é muito grande, muito embora se pudesse pensar que nas suas próprios casas, dos filhos ou de familiares, por exemplo se estaria em segurança. O papel da Segurança Social é muitas vezes o de aferir localmente as condições de vida destes idosos e da suas reais necessidades. Serão os métodos de identificação destes maus-tratos perpetrados pelos próprios familiares fiáveis e conclusivos, para que o idoso tenha um estilo de vida mais tranquilo e sadio?

XXXXX disse...

Neste caso de que falo não há nenhuma actividade mesmo para aqueles idosos que têm capacidades. Por outro lado, existem técnicos como os Psicomotricistas que possuem "ferramentas" para trabalhar com a população idosa.

Ana Rebelo

Unknown disse...

Nice post............


Lar Idosos

Anónimo disse...

Estou a passar por uma situação semelhante a da utilizadora Atena, que descreveu muito bem uma realidade que muita gente desconhece, o terror que vivemos ao tentar dar uma vida melhor aos nossos pais doentes. Tenho o meu pai com Parkinson que está constantemente a dizer que vai morrer, a acordar de noite diversas vezes, o que não nos deixa ter noites descansadas e assim como é possível alguém ter condições para trabalhar? Infelizmente não tenho condições de o pôr num lar devido ao seu elevado preço e pressinto que isto só poderá acabar mal, muito mal para toda a minha família. Mas neste país só se importam é com o futebol e praia...

Aviso a quem tiver algum parente com Parkinson: Sinto muito mas os médicos de Portugal, tanto os do público como os que se dizem fantásticos especialistas do privado, não valem absolutamente nada.