quinta-feira, fevereiro 18

A nova vaga de emigração

A vaga de emigração dos últimos anos só tem paralelo com a da década de 60, quando os portugueses começaram a fugir da falta de condições económicas e da ausência de perspectivas que encontravam no país.
A diferença está no tipo de emigrantes: os de outrora eram desqualificados, os de hoje são altamente qualificados: engenheiros, cientistas, etc.
Mas que conclusões tiramos daqui? O que leva os jovens a procurarem novos destinos? Melhor qualidade de vida? Qualificação profissional? E quais os melhores países para emigrar? Na UE ou fora?

Convidados:
Francisco Madelino
, Presidente Instituto de Emprego e Formação Profissional
Filipa Pinho, Coordenadora da equipa técnica do Observatório da Emigração
João Peixoto, Universidade Técnica de Lisboa
Luísa Mota, Membro da Direcção da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica

16 comentários:

Sylvie disse...

Boa tarde!
Com a miséria dos ordenados que cá temos infelizmente muitos tiveram que sair do nosso País. É lamentável mas entende-se perfeitamente.
Conheço imensas pessoas das mais variadas idades que foram para outros países. É o que os políticas e as suas leis (da treta) estão a conseguir!

inkomati disse...

Vivi e estudei em Moçambique durante na década de 80, um dos países mais pobres do mundo.Na altura dependiamos muito pouco de Portugal ao contrário dos outros europeus (suecos, holandeses) a viver a a trabalhar lá.Haverá alguma maneira de saber que empregos existem para Moçambique ou Angola e reconhecidos pelos dois estados?

Sylvie disse...

Das pessoas que conheço (que estão a trabalhar fora) não têm cursos superiores! mal ou bem acho q esses ainda conseguem arranjar trab por cá! (embora n nas áreas que estudaram/querem!) quem não tem cursos é praticamente forçado a sair!

Viriato disse...

É verdade os Eng. têm sempre emprego, mesmo cá não precisam de imigrar. Fazer investigação é aliciante, mas também pode dar dinheiro e até muito, basta para tal conseguir PROJETOS. A SIEMENS tem o seu centro de Investigação na Amadora, onde trabalham muitos Eng.. Estes bons exemplos deviam ser divulgados.

Anónimo disse...

Será a emigração um bem necessário?
Será esta a única opção que os jovens têm para concretizar os seus sonhos?

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
maria disse...

Há emigração que não chega a ser pensada...planeada e acontece,sobretudo agora com a possibilidade dos nossos jovens saírem para fazer "Erasmus".O meu filho foi para Leiden-Holanda fazer o Erasmus no ultimo semestre de Biologia Aplicada da U.Minho e acabou por ficar lá onde lhe deram condições para fazer um doutoramento. Foram realmente as circunstâncias de momento e o facto de lhe terem proposto esta situação que o fez ficar. Para quê procurar em Portugal o que lhe estava a ser oferecido? Como ele certamente estarão outros ....
E com aquilo que se ouve das dificuldades em Portugal, há que ponderar muito bem

Calor Humano disse...

Tenho 23 anos, sou licenciado.
Vou viver para São Paulo no final do ano.
O "fenómeno" da emigração portuguesa é bastante mais complexa do que os seus convidados estão a propor.
A emigração portuguesa começou no século XV, nos descobrimentos. Desde aí, o investimento português - força de trabalho, dinheiro, etc. - foi espalhado pelo mundo. Por isso, geração após geração, enquanto nos outros países iam sendo construídas infraestruturas que eram herdadas pela geração seguinte, no caso português (e outros) esse "trabalho feito" ia sendo feito fora e não dentro de Portugal continental.
Assim, como os portugueses não procuram "criar um emprego" mas "encontrar um emprego", têm de o fazer no estrangeiro, porque a geração anterior não "criou" esses empregos em Portugal continental. Foi "à procura" lá fora e o emprego que gerou foi lá.

Para terminar, os jovens saem de Portugal porque cá as pessoas são pessimistas e zangadas e nos outros países vive-se com mais felicidade só por se estar longe da "má disposição lusitana".

Anónimo disse...

A apresentadora referiu as "muitas" oportunidades de emprego em Portugal, com um certo espanto. Mas se olhar para or ordenados oferecidos, se calhar fica explicado.
Eu por exemplo, como engenheiro mecanico, encontro muitos empregos, sim, a pagar ... 600€,700€...
Resumindo, nós estamos a pagar a formação de licenciados... para os oferecer aos outros países.

maria disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Calor Humano disse...

A terminar, no Sermão de Santo António, de 1670, Padre António Vieira dizia que “sem sair [de Portugal] ninguém pode ser grande”. E acrescentava: “Nascer pequeno, e morrer grande, é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento, e tantas terras para a sepultura. Para nascer, pouca terra: para morrer, toda a terra: para nascer, Portugal: para morrer, o mundo.”

Unknown disse...

Parece-me restritivo considerar como motivação para a emigração a procura de emprego, os salários + elevados ou a formação. Há outra razão que leva jovens licenciados a emigrar –a realização pessoal. Parece idílico? Conheço casos de gente que se sente explorada, pouco respeitada e que abala não por falta de trabalho mas porque procura realização e auto-estima. Casos de arquitectos a trabalhar para as Nações Unidas (Unesco p. ex.), em projectos de governos de pequenos países ou por conta própria. Andam por aí, de Moçambique a Timor-Leste.

maria disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Parece-me restritivo considerar como motivação para a emigração a procura de emprego, os salários + elevados ou a formação. Há outra razão que leva jovens licenciados a emigrar –a realização pessoal. Parece idílico? Conheço casos de gente que se sente explorada, pouco respeitada e que abala não por falta de trabalho mas porque procura realização e auto-estima. Casos de arquitectos a trabalhar para as Nações Unidas (Unesco p. ex.), em projectos de governos de pequenos países ou por conta própria. Andam por aí, de Moçambique a Timor-Leste.
Maria Albuquerque

gambuzino disse...

Boas tardes

Sou doutorado em Biologia, ramo de Biologia Celular, pela Universidade de Coimbra, e estou a menos de 1 semana de emigrar para Itália onde vou fazer um pós-doutoramento. Tendo feito uma aturada pesquisa de locais onde pretendia prosseguir a minha carreira em investigação, e tendo ido a diversas entrevistas em vários países (maioritariamente europeus, mas também nos EUA), permitam-me discordar completamente do que diz o Sr. Francisco Madelino quanto ao status dos investigadores no estrangeiro:
ponto 1 - praticamente todas as ofertas de pós-doutoramento possuíam ordenado 1,5 a 2 vezes superior ao valor de uma bolsa de pós-doutoramento em Portugal;
ponto 2 - sendo todos os grupos de investigação pertencentes ou a centros de investigação estatais ou a universidades (e atente-se que também me desloquei a uma entrevista no referido instituto sueco que o Sr. Madelino mencionou), na sua grande maioria o salário estaria associado a um contrato de trabalho e não apenas a uma bolsa. Efectivamente admito que no caso dos alunos de mestrado ou doutoramento esse caso se verifique, mas no caso de pós-doutoramento tal não é a situação;
- ponto 3 - se atentarmos aos diversos sites associadas ou com ofertas de posições de pós-doutoramento na área da investigação biomédica, é extremamente raro aparecerem anúncios em Portugal. Assim sendo, será muito complicado a instituições portuguesas integrar investigadores internacionais com competências que lhes possam interessar, o que faz com que estejam em desvantagem relativamente a outras instituições fora de Portugal.
O problema relativamente ao financiamento de investigadores em Portugal passa pela ausência de saídas profissionais para além da bolsas, e isso acaba por "forçar" as pessoas que queiram perseguir novas oportunidades de formação, sendo que na grande maioria dos casos, os laboratórios no estrangeiro oferecem melhores condições em termos de infrastruturas, salário e até mesmo categoria profissional.

Parabéns pelo excelente programa.
João Pedro

disse...

Boa Tarde,
Tenho estado atendo à discussão e penso que o problema da emigração deveria ser com uma perspectiva diferente. Somos claramente um País de emigrantes e não é um fenómeno nem actual nem desde os anos 60. É sim uma característica intrinseca de um Portugueses: Somos um povo grande num país pequeno. Gostaria de ver a discussão tomar um rumo diferente. Em vez de procurar explicar o porquê da emigração, tentar explicar o porquê da falta de imigração para Portugal de pessoas especializadas e com talento. Isso sim explicaria também o aumento da emigração nos últimos tempos.