sexta-feira, março 26

Dinamização do interior

Há mais vida para além das grandes cidades. Eventos culturais, iniciativas absolutamente inovadoras e profissionais altamente qualificados. Mas têm público? São promovidos a nível nacional? Recebem os mesmos apoios que as entidades que atuam nos centros urbanos?
Aproveitamos o Museum Fashion Weekend, a realizar-se no Museu de Aveiro, onde se juntam dois conceitos: moda e cultura. Este e outros eventos servem para promover Portugal fora daquilo que são os espaços habituais. Neste SC, reunimos especialistas de dentro e de fora das grandes urbes.

Convidados:
Maria Calado
, Vice-Presidente do Centro Nacional de Cultura
Henrique Sim-Sim, Fundação Eugénio de Almeida
Manuela Sampaio, Ass. para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal
Luís Marinheiro, Organizador do Museum Fashion Weekend

11 comentários:

1 Espectador "Sociedade Civil" disse...

Leia crónica completa em: http://umespectador.blogspot.com/

É necessária uma política de desenvolvimento regional, mais preocupada num desenvolvimento equilibrado do País e não numa política que privilegie a absorção de fundos comunitários em termos financeiros. O Interior não pode ser visto como «uma reserva de índios». A defesa da qualidade ambiental e dos recursos naturais permitirá o desenvolvimento privilegiado do turismo rural, da caça e da pesca. Mas também é necessário desenvolver o sector industrial e dos serviços, potenciando a utilização de recursos humanos disponíveis e uma rede viária de ligação à Europa. A agricultura, a floresta e o sector artesanal poderão desenvolver-se no quadro de uma política integrada de reanimação do mundo rural, valorizando o grande património histórico e natural. O abandono dos campos terá que ser combatido através de políticas ligadas à utilização da água (Alqueva, Cova da Beira) e à promoção de produtos artesanais de qualidade, desenvolvendo soluções cooperativas e de apoio à comercialização de pequenas unidades e microempresas. Pensar o Interior implica a criação de regiões que tenham o apoio nacional e comunitário que o seu desenvolvimento exige.

Leia crónica completa em: http://umespectador.blogspot.com/

Unknown disse...

Olá a todos!

O interior de Portugal e os arredores das "grandes urbes", de facto, têm de ser urgentemente dinamizados.
Antigamente, fora de Lisboa, ouvia-se por todo país, queixumes do género: "pois, os políticos não querem saber disto, o que lhes interessa é Lisboa, o resto é paisagem..."
Depois admiravam-se os lisboetas dos portistas serem tão "ferrenhos" e bairristas. Pudera, até há poucos anos, a televisão, em geral, dava mais inconformações ou quase só falava para os de Lisboa, os maiores eventos e onde haviam melhores médicos e Cursos profissionais, etc, era em Lisboa. Se queríamos ver/ouvir algo interessante, como um bela peça de Teatro ou adquirir algo inovador em Portugal, diziam logo: "- O quê?! isso só há em Lisboa!" Ou então, no Porto!
Atenção: eu até já vivi em Lisboa há uns anos, depois tive de migrar, e gosto muito da minha capital e visito-a, pelo menos, uma vez por ano...porque os bilhetes de comboio são caros para uma família de 3 ou 4, e o preço da gasolina, é o que se sabe... se eu pudesse comprava já um carro eléctrico, mas isso é outro assunto.
Vamos evitar a desertificação do interior do país que tem zonas lindíssimas! Venham mais boas palestras, venham melhores concertos, encontros científicos e peças de Teatro, etc, o "resto do país" cá vos espera.
E também têm havido várias melhorias a nível Cultural nalgumas zonas arredores. Afinal, o interior não está tão ostracizado assim, como relatava o saudoso «Canal Credo» do nosso comediante Herman José...
O que é que acham?

Raquel disse...

Olá!
Todo o litoral português já está demasiado lotado ou sobrepovoado, a desertificação ameaça o interior já há muitos anos.
Os acontecimentos interessantes têm de sair das grandes urbes e migrar!
Dinamize-se, façam-se mais palestras e outros eventos culturais!
Melhore-se o país todo e não só as cidades que estão na moda.
Portugal, não é só Lisboa! Nem só Porto...
Não nos fazia mal um bocadinho de mais patriotismo. Viva Portugal?

Paulo Santos disse...

Boa tarde
Já agora parabéns, pelo programa,

Claro que há mais vida para lá das grandes cidades.
E existe cultura e para haver cultura basta existir pois somos seres culturais consciente ou inconscientemente.
Hoje relembra-se um grande musicólogo e etnólogo que foi Giacometti, que peregrinando por este pais ia recolhendo as tradições orais e coleccionando objectos, perspectivando na “província” a raiz de uma cultura e de um povo. Devemos agradecer a ele a recolha de material que neste momento faz parte dos acervos dos museus da capital, levando assim ares da “província para a metrópole, é a província na sai historia etnográfica que decide marcar ponto na cidade pois a sua existência é imprescindível. Mas exemplos destes há muitos.
O mais interessante é o desconhecimento que nos temos de toda a riqueza que temos e desconhecemos, não a promovendo e por vezes deixando cair no esquecimento.
Se nós não gostarmos de nos quem gostará?
E acho que neste processo de se olhar para cultura Lusitana acho que nos faz falta um pouco de Narcisismo, pois devíamos conhecer melhor a nossa riqueza cultural, e conhecer a riqueza cultural, quer dizer ter alicerces para se criar cultura pois existe um alicerce onde assenta a criação da contemporaneidade, ou por continuação ou por ruptura.
Se observarmos somos ricos em tradições e rituais, desde a riqueza do traje mirandês, que poderia ser inspirador e revisitado indo mais alem das visitas temerárias que alguns criadores fizeram, bem como toda uma riqueza oral de historias, gastronomia, memória, interpretações volumétricas, etc.
Neste momento vivo numa pequena aldeia, numa zona rica em tradições, e neste pequena manta onde cada retalho é um matiz e um motivo particular de se posicionar no território, lamento o não haver associado as instituições oficiais algum departamento que tente recolher e preservar as tradições e as memórias destas pessoas, bem como uma politica de cultura onde se promova a riqueza regional promovendo-a e mostrando-a a quem a queira visitar.
Mostrando que culturalmente somos essa jóia de filigrana que mesmo olhando ao pormenor existe sempre algo, para redescobrir.
Deverá ser pelo introvertido visão de se ser português no medo de se mostrar a riqueza humana que somos.
Mas claro que há assimetrias, que aos poucos vão diminuindo, a saída viável do interior e da sua desertificação, terá que passar forçosamente pela revalorização tanto da cultura, (humana, e paisagística, etnográfica, etc. ) mas por uma terapia de se gostar de nos mesmos. Gostar das nossas particularidades gostar destes matizes que nos estruturam. É a diversidade que traz a riqueza pois é esta diversidade na forma de estar que nos faz ter as mais diversas fora de nos expressarmos e de nos posicionarmos.
Se o fado é o encanto do canto português por excelência, outros cantos de encantar pronuncias do norte, ou dos há capela alentejanos, caracterizam e enriquecem.
Do meu ponto de vista existe publico, para determinadas ofertas, mas devido há urografia por vezes é um problema, mas com tanta estrada que foi feita, para unir, acho que falta o circular e o mover riqueza nas vias criadas, e as vezes promover riqueza é promover a redescoberta de um povo e a sua promoção, que ao descobrir-se e redescobrir-se pode ser geradora de riqueza.

Paulo Santos disse...

continuação:
O viver-se numa aldeia e ir a Bragança ou a vila real assistir a um espectáculo requer tempo, requer quase uma atitude de excursão, e não a facilidade que uma cidade oferece.
Na cidade se a habitas pois há quem viva numa cidade e não habita nela implica o conhecer o visitar o descobrir a história., etc., o ser-se citadino e participar da cidade.
O mesmo na província só que aqui temos o jardim expandido basta sair e começar a andar e saber ver e olhar, pois implica uma forma de descoberta ligeiramente diferente da cidade.
Muitas vezes o olhar é um processo se inato também educativo.
E curioso que ao ler a proposta de debate veio-me o Decameron há ideia, neste momento o campo esta a ser a fuga a alternativa, e a uma nova forma de se estar e olhar para a envolvência, bem como o estar e viver na província, onde o Julio Dinis parece estar empoeirado na estante também ele por descobrir, ficando com as viagens na minha terra devido a imposição curricular, que por vezes se esquece que aqueles lugares ainda existem.
Quem foge da cidade tenta preservar as casas mantendo quando possíveis traças arquitectónicas, ou preservando culturas quase perdidas. E vemos florescer industrias relacionadas com a tradição (turismo rural, gastronomia, percursos sensitivos na paisagem, história, etnografia, o promover o conhece este pais que vais redescobrir o prazer do que é ser-se Português.
A mim por exemplo faz-me confusão que concelhos ricos em etnografia, história, humanidade, não haja nem um posto de turismo, ou um centro etnográfico digno de tal, bem como um grupo de pessoas que se dedique a essa recolha.
E politicas assim só distanciam ainda mais.
Claro que as experiencias dos novos auditórios na “província” vieram provar que descentralizar cultura promove e prova que existem públicos, há interesse, e ali existem bases ,para a partir de se recriar novos posicionamentos e formas de ver através da contemporaneidade a tradição e a região.
Se o problema de Portugal é energético, a verdadeira energia é o povo que com a sua forma de ser faz este pais dinâmico, bradando como num outro tempo quem tem as mãos ao leme é este povo que de alma grande se esqueceu de olhar para a riqueza e beleza, acho que é tempo de sair desta depressão nacional, dando ouvidos a esse levantai-vos hoje de novo, pois temos de redescobrir e valorizar os esplendores deste Portugal. E o que é nacional é bom e recomenda-se.

Paulo Santos disse...
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Paulo Santos disse...
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Paulo Santos disse...
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Francisco do Vale disse...

O que o interior precisa não é de caricaturas de estruturas culturais centrais... Isto é, a tendência actual de construir espaços culturais, e encomendarem, realizarem actividades, à semelhança de referências centrais, escaladas de uma forma caricatural só agudiza a situação dessas localidades, que têm as suas características, mais-valias e dinámicas próprias.

E deveriam estar orgulhosas disso.

O que se vê hoje é a politização das necessidade culturais. Todos os autarcas inventam museus, galerias (estruturas muito caras)... Para estarem vazias ou exporem desenhos dos alunos da escola infantil.

Ora o que o interior precisa é do direito a mobilidade. Do direito ao acesso a mobilidade. Seja ela física e/ou virtual. Vivemos numa sociedade com uma capacidade enorme de deslocação e informação. Mas este é paradoxalmente um dos principais factores de desigualdade social.

Raquel disse...

Boa tarde a todos!

Como disse "1 espectador", mais acima, é necessário investir mais em micro-empresas, indústria (não poluente!), no fundo infraestruturas que fixem os habitantes que vivem no interior.
Como disse e bem a Fernanda Freitas no Sociedade Civil, não bastam eventos culturais de interesse só das elites, e/ou com preços inacessíveis à maioria, é preciso actividades que abranjam todo ou quase todo, o público.
E a frase a que se referiram aqui no blogue, em que se dizia: "Lisboa é que interessa o resto é paisagem", já não se ouve, que eu saiba.
Tem piada terem falado do Canal Credo e do Herman José, sempre me ri muito com os programas dele. Muitos citadinos dos grandes distritos e V.I.P.s, não conhecem Portugal, conhecem melhor o estrangeiro, pensam que no interior é só aldeias antigas, Rancho Folclórico e agricultura. E não é assim...
E não esqueçam de ler "Portugal, Hoje - O medo de existir" do Filósofo e não só, José Gil, custa mais ou menos 15 euros, é menos uma ida ao cabeleireiro ou cortar em maus vícios...digo isto para quem se queixa do preço dos livros. Este livro foi sugerido há algum tempo no Sociedade civil e eu resolvi comprá-lo e ando a lê-lo, reflecte bem a mentalidade em Portugal...
E a propósito de quem se queixa dos preços dos espectáculos, é dar prioridade ao que realmente é bom, e poupar nas inutilidades e coisas supérfluas. E ter boa vontade e bom senso!

Obrigada pelas sugestões culturais no programa!

Adoro ouvir a Fernanda Freitas, é uma boa jornalista, entrevista bem, como já referiu a "Martinha" noutro tema.

Tudo de bom!

Unknown disse...

Sim! Acabem de arruinar o país financiando concertos e outros "eventos culturais" achando que vão "dinamizar" o interior"!
Aos concertos do Tony Carreira ninguém falta.

O que as autarquias precisam é de mais autonomiqa para atrairem investimento e população. Nomeadamente autonomia fiscal. Isso sim dinamizava o interior.