Nos hospitais públicos portugueses morre-se, em média, duas vezes mais aos sábados do que durante a semana e ao domingo três vezes mais. Em 2006, e segundo um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, morreram mais 6.712 pessoas ao fim-de-semana do que seria esperado. Apesar de ser uma tendência também registada a nível internacional, já apelidada de efeito fim-de-semana, queremos encontrar repostas. Menos disponibilidade de profissionais? Enfermarias e cuidados intensivos a meio gás? Profissionais menos qualificados ou experientes?
Convidados:
Sílvia Lopes, Docente da Escola Nacional de Saúde Pública e Co-autora do estudo “Variação na mortalidade e na demora média do internamento por dia de admissão e alta”
Manuel Barbosa, Director do Departamento de Medicina do Centro Hospitalar Lisboa-Norte
Pedro Lopes, Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares
Miguel Soares de Oliveira, Chefe da Divisão de Qualidade Clínica e Organizacional da Direcção-Geral da Saúde
14 comentários:
Boa tarde! Dr. Fernanda
Primeiro não sei se neste número estão incluídos os feridos dos acidentes, se fosse o caso é claro que aos fins-de-semana acontecem mais acidentes devido às razões óbvias.
E há outras razões é que alguns pacientes antecipam a alta médica às sextas-feiras, para estarem com a família,porém acaba por acontecer o indesejado, doença súbitas ou outras implicações.
Bom debate
Algumas das respostas já estão dadas nas perguntas feitas pela Sociedade Civil: O facto de não haver ronda médica obrigatória ao fim-de-semana (falo em Portugal) já por si é um factor muito negativo a nível do bem estar psicológico do paciente que deposita toda a sua confiança no seu médico. A falta de comunicação do estado de saúde de um paciente, tanto ao paciente como à sua familia, é algo inquietante e com efeito muito negativo. É uma situação preocupante que deveria ser alterada rapidamente nos vários hospitais do país.
Sandra Campos
não faço ideia, mas deve ser por causa das viagens de longo curso ou do abuso de bebidas alcoólicas ou então, agora apetece-me dizer uma piada, deve ser para chatear...lol
eu acho que o problema está em haver fim-de-semana. uma criação humana pois a natureza não tem fim-de-semana. assim repensar este conceito poderia mudar esses numeros agora apresentados :)
Boa Tarde!
Acho que este o estudo deve salientar que a elevada taxa de mortes, não é principalmente culpa dos profissionais de saúde (como se fosse o objectivo responsabilizar alguém) mas a principal causa é o comportamento de risco que as pessoas tendem a efectuar aos fins-de-semana como por exemplo: a comida não saudável; elevada quantidade de álcool e como consequência provoca outras doenças ou como efeito causador de acidentes (domésticos, rodoviários ou de trabalho).
Um dos factores mais importante é o facto de cada vez mais se realizarem actividades "programadas" pela equipas que se encontram de urgência. O que leva ao cansaço dessas equpas e as impede algumas vezes de estarem disponiveis para as verdadeiras urgências. De um mode geral (tanto ao fim de semana como durante a semana) há uma redução do nº dos elementos de urgência.
Cristina Romão ( por mail)
De acodo com o Dr. Manuel Barbosa, nos CHLN existem todas as equipas pluridisciplinares necessárias.
Gostaria que precisasse qual o número de profissionais existentes durante a semana e ao fim de semana, e sendo o tipo de doentes que morre ao fim de semana diferente que os de durate a semana, como se articulam as equipas neste sentido?
Obrigado,
Pedro Lopes/ por mail
No dia 8 de Março de 2009 o meu marido faleceu. Esteve no IPO de Coimbra durante 3 semanas porque lhe foi feito uma gastrostomia a pedido dele para se poder alimentar melhor, e devido a essa intervenção, à semelhança de outros doentes que foram intervencionados pelo mesmo médico, não correu bem. A pontos de o médico responsável pelo serviço onde estava internado dar instruções para que não lhe dessem mais alimentação até o "buraco" no estômago cicatrizar; pois bem, esteve cerca de 15 dias sem se alimentar e sem alguma água entrarem no estômago; não lhe administraram nem antibiótico, nem anti-inflamatório para ajudar à cicatrização. Desesperado com fome e muita sede (queixava-se de sede e as enfermeiras diziam que era normal; agora sei que é sintoma de infecção) verbalizou que queria morrer. Tal era o desepero dele! Desesperado manifestou o desejo de vir para casa, fiz-lhe a vontade e continuou sem se alimentar porque foram as ordens dadas. Durante o internamento e em casa só 1 litro de soro por dia lhe foi administrado. A administração do soro não era feita por via intravenosa, era simplesmente por via subcutânea. Medicamentos que tomava antes do internamento, não lhe foram dados durante o internamento como o Megace, o ferro, que lhe faziam muita falta; acredito que o meu marido estava anémico (queixava-se de dores nas pernas e insónias, sintomas de anemia). Não se cansavam de dizer que o meu marido ía morrer, era essa a preocupação deles, diziam isso constantemente. Todos dias que o meu marido esteve internado fiquei sempre com ele as 24h do dia. Vi, senti o desespero do meu marido sem lhe poder valer. No dia que viemos para casa, uma enfermeira do serviço, Mónica, insultou-me, a chefe de enfermagem assistiu assim como a psicóloga do serviço. Disse que iria apresentar queixa do sucedido e a chefe de enfermagem, Conceição, pediu-me para não fazer, que iria tratar disso. Ainda pedi à secretária clínica, para informar o responsável pelo serviço do que se tinha passado uma vez que ela também se apercebeu do que a enfermeira tinha feito. Pelo que sei, nada foi feito a essa enfermeira.
Quero acrescentar que o meu marido sempre esteve consciente. Todos temos direito à vida, mesmo que tenhamos uma doença, ninguém tem o direito de precipitar a morte de outrém. Ao meu marido faltaram cuidados de saúde. Sinto-me cúmplice de tudo o que fizeram ao meu marido, e todos os momentos da minha vida são de grande sofrimento. Sei que com isto não tenho o meu marido de volta mas pelo menos gostaria que outras pessoas não passassem pelo mesmo. Há muita displicencia no comportamento dos profissionais de saúde.
Não consigo conviver com isto mais tempo, acho que perdi o medo; todos os que fazem parte do sistema de saúde têm uma postura como se fossem os donos dela e de certa maneira intimidam-nos.
ana/ por mail
Sobre o tema de hoje e, eu sou um profissional de saúde é verdade que ao fim de semana existem menos profissionais de saúde, a exercer as suas funções em todas as valências e categorias.
Bem-haja
Respeitosamente,
João Fael/ por mail
Considero, por experiencia própria q a % de mortalidade aos fins de semana, é um facto indesmentível.
Há cerca de 20 anos, no Hospital de Santa Maria onde permaneci cerca de tres meses, os fins de semana eram um terror autentico Dependia e sempre de q equipe e que chefe estava escalonado, tal como o pll de enfermagem.
Há cerca de dois anos esta mesma sensção foi vivenciada noutro Hospital Publico, logo apesar de não ser uma curta amostragem, em termos pessoais a mesma é abrangente a conhecidos q sentiram o mesmo
Haverá sp excepções, mas não será dispiciente esta estatistica q merecerá um estudo sério.
Tendo sido uma mais valia o Serviço Nacional de Saúde , pelo 25/74, este terá de ser um grande objecto de refelexão
Falar de atendimento situações de emergencia, depente MUITO da qualidade do chefe q estará ao Serviço nesse momento especifico!
Acresce como se pode compreender, dados tirados da Pordata, como é possível os medicos terem um horário de trabalho de 33 horas? Ora se os mesmos fossem remunerados como se impõe, certamente q não fugiriam para o privado nem pra fora de Portugal.
Não se escamatoem as realidades q se passam! E há disperdicios, má gestão dos equiapamentos etc... e tv no fundo uma postura de todos os agentes de saude, de puro cansaço perante o q lhes impõem s/
sequer serem chamados para opinarem sobre os deficits c q se deparam
Maria Ramalho
Subscrevo por completo o comentário, assinado por ANA. Sim , os doentes estão frageis a familia intimida-se de facto com a postura dos medicos, há imenso pll de enfermagem q não é senão a cópia da postura dos medicos, ( o exemplo, como uso dizer-se absorve-se de cima... ) e pedir/ exercer o direito a uma reclamação , bahhh, a desitsencia perante os obstaculos q nos travam, acabam por ser a via.. A inqueitação do doente e familiares nos fins de semana , já o postei no meu comentario anterior, é por demais evidente e com essas consequencias q podem eventualm/ agravar o estado do doente..logo não mascaremos este facto. Engraçado sempre a comparação com o q se pratica por essa Europa..resta apenas não potenciarem o q por essa Europa já se evoluíu nesta situação "fim de semana/ maior moratalidade". Sempre a fuga, desculpar-me-ão de não sermos correctamente ESCLARECIDOS!!!!
No fundo qdo se entra num hospital, julgo q já o disse, somos "posse" do Hospital!
Admira-me e congrulato-me bastante q aqui estejam postadas perguntas SERIAS, as quais não entendi qquer resposta no decorrer do programa, as q existiram não me satisfizeram de todo!!!
Congrulato-me bastante , também, por um medico aqui escrver e validar q nos fins de semana as valencias supostas estarem de serviço, não estão. Óbvio q aos fins de semana, haverá necessáriam/ mais acidentes etc.. mas a estatistica ao fornecer esses nºos, não deveria igualm/ ser objecto de outra estrutura hospitalar nesses dias?
Há situações q neste País não percebo mesmo.
Maria Ramalho
Muito Boa Tarde.
Exmos. (as) Srs. (as),
Com os meus e mais respeitosos cumprimentos.
Reportando-me ao meu e-mail anterior afirmo e reafirmo que e neste caso não falo em Hospitais grandes, médios ou pequenos em ternos de dimensão, mas até durante a semana e em internamento, as equipas em termos de quantidade de profissionais vai decrescendo e durante esse mesmos turnos que são 3 de manhã existem sempre mais enfermeiros, auxiliares e médicos, à tarde já diminuem e á noite ainda diminui mais e, portanto as pessoas tanto morrem nas urgências como nas Unidades de Cuidados Intensivos e de AVC e até nos Blocos, bem assim como nos internamentos, resumindo as pessoas morrem a qualquer altura do dia e semana, mas que a verdade das verdades e neste caso em enfermarias o decréscimo dos profissionais é uma realidade disso não se pode fugir, Portugal não é só Lisboa.
Bem-haja
Respeitosamente,
João Fael
2010-03-11
Porque razão ninguém têm coragem para admitir uma resposta clara a esta questão.
Por um lado os convidados que participaram na sociedade civil limitaram-se a defender a boa imagem dos organismos que representam (coitados deles se não o fizessem e colocassem em causa a imagem do SNS).
Por outro lado dou os parabéns à posição da co-autora do estudo.
Quem labora diariamente num hospital sabe muito bem que ao fim de semana existe uma redução do número de profissionais (a gestão assim o exige para evitar desperdício económicos com suplementos remuneratórios). Por outro, não existem tantos médicos disponíveis para dar resposta às necessidades em cuidados de saúde. Bem sabemos que as decisões em saúde estão muito centralizadas no médico (é uma realidade do nosso país). Desta forma os enfermeiros têm que "aguentar o barco até segunda feira". O erro do nosso sistema de saúde está na pouca autonomia(de forma legal) dada aos enfermeiros (ajustes terapêuticos, impossibilidade de encaminhar para exames de diagnóstico, colheita de análises, encaminhamento). Se isto fosse possível teriamos uma resposta mais rápida e eficaz. Noutros países como Espanha e Inglaterra isso já é possível.
Eu respondo claramente mas isto baseia-se numa opinião (tem o valor que tem): é obvio que se morre mais ao fim-de-semana.
Fica um desafio: Precisamos de relacionar isso com o indice de gravidade dos doentes internados ou que são internados nesse período e o número/tipo de profisionais escalados.
Fábio Gonçalves
www.enfermeirospt.com
Boa Tarde: Estou a seguir o vosso programa com muito interesse, aliás,
como sempre.O meu irmão esteve internado no hospital de Cascais e foi
para os cuidados intensivos, por agravamento da situação, onde esteve
cerca de um mês e acabou por morrer, isto em 2006. Eu ia lá todos os
dias, duas e três vezes por dia, e não me lembro de lá ver um carro
funerário. Chegava a ficar sentado, fora das horas de visita, à porta
da U.I. O meu irmão morreu às O2h3O na madrugada de sábado. Quando
cheguei ao hospital sábado às 11hOO estavam lá cerca de 8 carros
funenários. O meu 1º pensamento foi falar para um jornal. Queria
denunciar a situação. Era obra do cartel das funerárias? Era culpa dos
hospitais? O que é um facto è que havia uma grande lista para as
poucas camas da U.I. Nesse dia ficaram 6 disponiveis.
Fernando coelho/ via mail
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