As famílias estão a optar por acolher os seus familiares idosos em casa. As razões até podem ser virtuosas, mas em grande parte financeiras são motivadas por dificuldades financeiras.
Ao ficarem em casa com os membros mais idosos da família podem contar com as suas reformas e com o apoio em tarefas domésticas. Os dados não são oficiais, mas o Instituto da Segurança Social afirma que esta situação é cada vez mais comum. Mas será que as famílias estão preparadas para cuidar de pessoas que muitas vezes precisam de cuidados médicos especializados? O que é melhor: a casa ou uma instituição?
Convidados:
Edmundo Martinho, Presidente do Instituto da Segurança Social
Inês Guerreiro, Coordenadora da Unidade de Missão para os Cuidados Continuados do Ministério da Saúde
Carlos Andrade, Vice-presidente da União das Misericórdias Portuguesas
Manuel Correia, Vice-presidente CNAF
7 comentários:
JOÃO
Ao que tudo indica o principal motivo actual tem a ver com uns euros extra a entrar em casa ao fim do mês. Mas não só. A maior parte dos lares que vejo parecem autênticas prisões, sem espaços verdes os idosos estão 24h por dia fechados dentro de casa. A iniciativa da santa casa da misericórdia é muito boa. O governo lançou a construção em larga escala de lares em todo o país, esperamos que em maior parte deles aumente a funcionalidade.
Sou enfermeiro e exerço funções no hospital de Santo António no Porto. A meu ver, o mais importante é perceber quais os motivos que conduzem ao abandono dos idosos numa instituição. Na nossa realidade (comprovada estatisticamente com dados reportados a 2009) os prestadores de cuidados manifestam na globalidade intenção de cuidar dos seus entes no domicílio, só não o efectivam por duas razões principais: sobrecarga emocional do prestador de cuidados e défice de ajudas técnicas para garantir a prestação de forma responsável.
Estes factores reflectem não só o défice no apoio dos prestadores de cuidados informais, bem como uma desarticulação preocupante com a Rede Nacional de Cuidados Continuados e Cuidados de Saúde Primários.
Durante muito tempo, os lares de idosos foram a única resposta social formal dirigida à população idosa mais frágil e dependente, o que exigia a sua institucionalização e consequente ruptura, muitas vezes radical, com o seu meio habitual de vida. Por esta razão, as políticas sociais europeias têm dado ênfase à "desinstitucionalização" e manutenção da pessoa idosa no domicílio, no seu quadro habitual de vida, rodeada dos seus pertences. No entanto, o que se verifica é que, na maior parte das vezes, o serviço de apoio domiciliário prestado resume-se a um banho de 10 minutos (e nem sequer diário) e uma refeição! Este não é um tipo de resposta digna... é necessário uma reformulação dos SAD e novas políticas de colaboração entre Estado e privado. As empresas de apoio domiciliário privadas são tuteladas pela Segurança Social, obrigam-se a um Alvará, estão presentes na Carta Social Nacional, regem-se e cumprem as rigorosas normas instituídas, preenchem os requisitos impostos pela Segurança Social, passam por um longo processo de avaliação que assegura a capacidade e a qualidade dos serviços a prestar aos utentes pela Segurança Social e, depois de este longo processo, não são consideradas como parceiras para dar resposta às longas listas de espera das IPSS.
Boa tarde,
Estava precisamente no quarto da minha mãe, doente com Alzheimer em fase final, de quem cuido sozinha há 9 anos, quando ouvi o tema do vosso programa.
Não terei tempo para ver mais, nem para grande comentário, e imenso haveria a dizer. Digo apenas que, por muito que me custe e seja difícil (sobretudo quando a “família”, incluindo os meus dois irmãos, nem se aproxima), faço a minha obrigação de filha e farei até ao fim. Como sou tradutora freelance, consigo continuar a trabalhar em casa. Sei que nem todos têm essa opção, mas há muitas soluções para além de despejar os idosos nos lares. Uma das coisas que mais me choca é quando o fazem com os idosos ainda autónomos, que é como quem diz: “toca a despachar, antes que comeces a dar trabalho!” Uma vergonha!
Um abraço e continuação do seu excelente trabalho,
Madalena
Recentemente tive um familiar com uma doença crónica terminal. Crontratei uma empregada para o apoiar.Quando me dirigi às finanças para perguntar onde declarava o seu ordenado, disseram-me que era "um luxo" e que não havia campo para tal. Se eu "abandonar" o meu familiar num lar, tenho apoio do estado e ainda o posso declarar nos impostos; mas se o mantiver na família não tenho qualquer apoio. A minha questão é a seguinte:é assim que os querem manter nas famílias? Não seria um meio de criar emprego?
Mais ainda, os cuidados continuados são para alguns, muito poucos; para outros são daríssimos, e falo por experiência própria.
Rui
O diagnóstico está feito...
O conhecimento teórico sobre as melhores estratégias está referido e demonstrado...
Mas agora, meus senhores falemos do Potugal de 2010, estabeleçamos de forma concertada um plano estratégico de desenvolvimento realista e objectivo e tenhamos em conta que vão morrer milhares de idosos neste próximos anos de restrição, com fome, pela descompensação de doenças crónicas por falta de medicação e em silêncio nas suas casas...
Há estruturas, falta vontade politica que coloque no centro do debate e da decisão o cidadão e as suas necessidades...
Ando numa luta pra dar á minha mãe mais qualidade de vida, e não passa da secrataria. Pois a minha mãe é mais um número pra segurança social, um caso perdido como já me disseram. Sou filha única cuidadora, extremamente cansada. A rede de cuidados continuados s'o deve servir pra alguns. Gostaria de participar. Pois é tudo mto bonito mas as coisas na realidade não é assim.
Tentei contactar mas não consigo.
andreia.alexandra.rodrigues@gmail.com
Enviar um comentário