Os últimos dados do INE revelam que 314 mil jovens, entre os 15 e os 30 anos, não trabalham nem estudam – a já batizada “geração nem-nem”.
Um número elevado que denuncia que 16% da população ativa não tem qualquer tipo de ocupação. O INE chama-lhes “inativos desencorajados”. E a sociedade como os vê? Onde está a origem do problema? No sistema de ensino que produz licenciados com cursos que se sabe de antemão que não têm empregabilidade ou num mercado de trabalho sem capacidade para os acolher? Como inverter esta situação? Que soluções existem, hoje, para estes jovens? Uma discussão urgente – segundo o INE este número tem tendência a aumentar.
Convidados:
Maria João Valente Rosa, Diretora Pordata
Francisco Madelino, Presidente IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional
Eduardo Melo, Pres. Ass. Académica de Coimbra
Luísa Leal de Faria, Vice-reitora UCP
10 comentários:
Boa tarde,
Não pude deixar de comentar o tema do programa, que me diz muito assim como dirá a grande parte dos jovens.
Sou licenciada em Sociologia (fui inclusive aluna da Prof. Maria João Valente Rosa), tenho uma pós-graduação em Sociologia, outra pós-graduação em Higiene e Segurança no Trabalho, e nunca consegui trabalhar em qq uma das áreas. Trabalhei sempre como secretária, o que convenhamos não me diz nada... Mas precisamos de pagar as despesas!
Actualmente encontro-me no 1.º ano da licenciatura em Anatomia Patológica! Espero que seja desta!
João
É uma calamidade para alegria de uma minoria e tristeza de uma maioria. Os motivos vão desde os estruturais até à motivação. Acredito que os portugueses são dos melhores trabalhadores da Europa, quando respeitados. Olhando para os salários e nível de impostos, hoje um jovem é um malabarista a dançar na corda bamba.
Em 1998, como responsável de recursos humanos duma grande empresa, procedemos ao recrutamento de 10 jovens recém-licenciados,para estágio remunerado, no âmbito da implementação dum novo sistema informático abrangente; foi decidido a atribuição duma bolsa de estágio de 1.250€ por mês, parte financiada pelo IEFP(salvo erro 2 smn da altura); os resultados foram excelentes, o projecto cumpriu-se e cerca de 95% dos estajiários foi integrado nos quadros; apesar de já não estar na empresa sei que alguns destes jovens, atingiram cargos de direcção.
Donde, estudar compensa, mas também a ética das empresas deveria ser quase obrigatória; é que pagar bolsas de estágio de 500€não motiva ninguém, nem trás produtividade à empresa.
Boa tarde,
gostaria de colocar uma questão dirigida ao Dr. Francisco Madelino:
- com uma taxa de desemprego tão elevada existente em Portugal, porque é que quando uma empresa solicita a apresentação de candidatos a estágio profissional (para posterior integração na empresa) ao centro da área de residência respectivo, a esse pedido são apresentados apenas candidatos desse centro? Não deveria ter um âmbito mais alargado?
Cumprimentos,
José António A.
Boa tarde!
Acima de tudo é preciso não esquecer que a actual geração jovem que pede (com toda a legitimidade) mais respeito, dignidade e educação, é a mesma que paradoxalmente provoca de forma cúmplice o inverso.
E de que forma é que isto acontece? É simples.
Não é verdade que é esta mesma geração de jovens adultos bem como muitas que a antecederam agora tão indignadas, as mesmas que idolatraram a série “Morangos com açúcar” onde jovens humilhavam adultos e pais, (diga-se em abono da verdade, com a complacência e cumplicidade dos próprios pais, alguns professores e de outros educadores) que nunca denunciaram esta situação?, não é esta a mesma geração que aos milhares via, continuou a ver programas prescindíveis e que nada acrescentam ao nível cultural e pedagógico como o “Big Brother” e mais recentemente a sua versão travestida “A casa dos segredos”?
A mesma geração que está indignada com os recibos verdes (novamente com toda a razão), mas permite apática, as inúmeras capas de revistas sociais com títulos tão sugestivos e pedagógicos tais como: Dormi com mais de x homens…
A mesma geração que assiste passivamente ao desfile triunfante e de promoção vergonhosa em sucessivas capas de revistas de personagens vazias sem qualquer conteúdo pedagógico e cultural, cujo único mérito reside no facto de aparecerem na televisão, onde exibem a pobreza e mediocridade existencial.
De qualquer forma não é apenas transferindo simbolicamente um concerto pop para a rua que esta geração vai conseguir uma sociedade melhor.
É promovendo, desenvolvendo e exigindo diariamente uma cultura de responsabilidade e meritocracia.
Em casa, nas escolas e Universidades, nas repartições públicas, nos museus, nos cafés, nos transportes públicos, nos hospitais e centros de saúde.
A exigência desta geração deve ser antes de mais o direito a ter uma educação qualificada, rigorosa e séria.
Todos deveriam saber que o factor mais importante no crescimento económico é a educação.
Desenvolver o espírito crítico e o debate político e social.
Quando esta geração “gritar” e fazer-se ouvir no que é imperioso e verdadeiramente essencial, e já há imenso tempo o deveria ter feito, talvez nessa altura atingirá de forma certeira os seus objectivos:
Eu sou português, europeu e exijo ser tratado e ter as mesmas oportunidades sociais e económicas de qualquer cidadão alemão ou inglês.
Nuno B.
Este problema ainda afecta pessoas de "trintas" e "quarentas" que foram andando entre formações, estágios e empregos de curta duração.
Em relação à "mobilidade": como se conjuga "mobilidade" com "formação de família"?
Catarina Gomes
Boa tarde,
Antes demais queria dar os meus parabéns pelo programa e por debater este tema que é tão importante!
Sou licenciada em Sociologia. Acabei o meu curso em 2007. Demorei dois anos a encontrar o meu primeiro emprego! Não tive apoio da minha universidade nem para arranjar o meu estágio curricular na altura estavam mais preocupados com o processo de bolonha.
Hoje em dia trabalho na área porque nunca desisti apesar de ser em recibos verdes mas considero-me priviligiada neste país! Não concordo quando dizem que sociologia não tem saídas profissionais.Tem mas é um curso talvez desconhecido na nossa sociedade. No meu ponto de vista as universidades deviam dar mais apoio aos alunos em protocolos com instituições, empresas etc. Esta talvez seja uma das melhores gerações qualificadas o nosso Estado é que não nos dá o devido valor.
Cumprimentos,
Alexandra Costa
Quando o Senhor presidente do IEFP menciona o facto de no tempo dos seus progenitores não existir contrato de trabalho, esqueceu-se de afirmar que nessa altura « um simples aperto de mão» bastava para celebrar um contrato, ao contrário de actualmente, no nosso País, nem uma assinatura ter qualquer valor.
Carlos Diogo
Tal como disse a prof.ª Dr.ª Luísa Leal de Faria, os jovens (universitários) têm que se habituar ao mercado de trabalho - e os períodos de férias escolares deviam ser mais bem aproveitados.
Enquanto estive na Faculdade, há mais de 30 anos, no norte da Europa, eu e muitos dos meus colegas (portugueses) trabalhávamos em diversos part-times que iam desde lavar pratos nos restaurantes universitários, a fazer "limpezas de Primavera" em apartamentos, ou mesmo - trabalho muito concorrido - como empregados nos bares e discotecas universitárias.
Havia uma vantagem. É que os trabalhadores-estudantes com pequenos rendimentos recebiam um subsídio do Estado.
Mas, por cá, mesmo sem subsídio, nem todos se acomodam...
No princípio deste ano lectivo, o meu filho de 18 anos que entrou este ano para o 1.º da Faculdade, impressionou-me ao informar-me que tinha arranjado um part-time. E logo numa conhecida entidade ligada à formação que ele pretende seguir !
Foi ele que pagou a carta de condução.
Quanto aos "estágios não-remunerados", considero-os um escândalo.
Se as Ordens profissionais ou o Estado obrigam os Licenciados a frequentar esses estágios, que os organizem e os remunerem condignamente.
Se não, como é que um jovem trabalhador-estudante e pai de família, consegue conciliar esse trabalho-escravo com a responsabilidade de sustentar a família?
Olá a todos. Encontro-me desempregada desde Novembro de 2010, altura em que injustamente - e pela 1ª vez - fui despedida, ao invés de ser eu a escolher a mudança de emprego.
Sem demasiados detalhes, estou neste momento sem qualquer actividade profissional e já dei comigo a recusar ofertas de emprego. Todas as agências de trabalho temporário e todos os técnicos do IEFP aconselham a aceitar qualquer oferta de trabalho. Todavia, custa-me bastante pensar que vou aceitar uma oferta em que os valores rondam menos 1000€/mês do que eu estava a auferir.É inacreditável, uma pós-graduação e experiência profissional são um fardo e um handicap. Não me surpreende que muitos desistam de encontrar um futuro, porque eu tenho muito medo dos próximos tempos. Estou casada e tenho pago os meus compromissos, mas como fazer face a um rombo de cerca de 1000€ no orçamento familiar? Sem dúvida é necessária muita resiliência e coragem.
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