terça-feira, maio 6

Regresso da fome

Iremos assistir ao regresso das hortas, que proporcionam a auto-suficiência familiar, devido à alta dos preços dos alimentos? O custo do arroz aumentou 99%, atingindo um dos valores mais altos de sempre. Os outros cereais: o trigo subiu 103%, enquanto o milho e a soja encareceram cerca de 75%.

O aumento do preço dos bens alimentares já causou distúrbios em alguns países e levou à queda do governo no Haiti. Em Portugal, os sinais de crise são apontados pelo Banco Alimentar contra a Fome, que tem recebido cada vez mais pedidos de pessoas com dificuldades.

Neste Sociedade Civil queremos perceber se esta crise veio para ficar, e indicar alternativas que permitam ter uma alimentação saudável sem recorrer aos produtos mais inflacionados.

Convidados:
Padre Jardim Moreira, Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza
Eng. Maria Antónia Figueiredo, CONFAGRI
Camilo Lourenço, jornalista de economia

15 comentários:

lady_blogger disse...

Num país como o nosso onde os aumentos salariais pouco mudam perante a inflacção, é inadmissível que os preços estejam a subir em flecha, ultrapassando nalguns casos o dobro do seu valor anterior ou até mais.
Ouvi recentemente num debate do Canal 1 que "é o fim da alimentação barata" e estou plenamente de acordo.
Se antes a preocupação era escolher a alimentação mais saudável, doravante será com o que comer se o s salários e reformas não aumentaram na mesma razão dos preços dos bens essenciais.
Baixa-se os impostos, mas aumenta-se os preços... Algo não está bem... Haverá certamente muitos mais casos de pobreza e de gente sem recursos para sequer comer condignamente, ou melhor saudavelmente.
Talvez agora o nosso país retorne a velhos hábitos agrícolas e passe a desenvolver mais este sector. Quem sabe se a solução para a nossa crise actual não passará por apostar no sector primário.

CC

Maria Mendes

Pedro de Castro disse...

Boa tarde,
As últimas duas décadas, desde a entrada de Portugal para a CEE levaram a uma onda de deslumbramento por parte dos portugueses que encararam como um cenário que iria sempre melhorar. Os juros baixos, a oferta de novos bens e serviços levaram a que as famílias perdessem a consciência de que estavam a querer viver a cima das suas reais possibilidades. Hoje em dia, com as crises económicas nos mercados mundiais vemos as famílias a ficarem ou a estarem já sem recursos para conseguir adquirir os bens de primeira necessidade. Temos famílias que já não conseguem com o seu rendimento mensal fazer face aos constantes aumentos não acompanhados pelos aumentos salariais. A parte deste facto temos os jovens adultos com trabalho precário que nem lhes permite sequer pensar em viver autonomamente tendo de depender da ajuda parental. É um ponto de viragem na nossa sociedade, estamos perante um retrocesso na evolução social em que a geração futura tem piores condições de vida do que a geração antecessora.
Esta crise vem apenas reforçar o que qualquer governante deveria saber, é necessário atingir uma autonomia produtiva e energética de modo a possuir uma economia estável. Não podemos ver os preços constantemente a flutuar por causa de expeculação na China ou na Índia!!

Pedro de Castro disse...

É justo ter em concorrência com os países europeus, e outros países que têm nos seus custos de produção os direitos laborais, os países produtores que utilizam mão de obra quase escrava, sem direitos laborais e cujos direitos humanos estão em questão? Não deveriam ser penalizados esses produtores e esse produtos?
Será que com estas crises vamos ver os alimentos trangénicos ganharem terreno?
Deveremos preocupar-nos com este possível cenário?
Que medidas devem ser tomadas para controlar a especulação? Não podemos ter as sociedades reféns de especulaão!!

Pedro de Castro disse...

será o Brasil assim tão bom exemplo? E a destruição de floresta virgem para plantação! É assim tão bom?

Deragnu disse...

Quase, quase perfeito Sr. Dr. Camilo, quase, e como dizia meu disditoso pai, falta o quase. Convém não esquecer as alterações climáticas, o erro estratégico na opção energética, para quandoa fusão nuclear e o hidrógeneo. Experimente semear ou plantar debaixo desde calor e com semanas sem chover, e quero ver como se alimenta. É uma afronta em falar de fome na Europa, mas uma ano, só um ano de seca por exemplo na Europa e quero ver como é ou vai ser. E por ai fora, eu mesmo não tenho muito que comer, mas cá ando, e ainda consigo ir à net enviar esta "sms". Ando a treinar, e já quando pequeno passei alguma, e muita sede. Acho que vocês não sabem a história toda
Por enquanto, tendo dinheiro não há fome.

Anttónio

Pedro de Castro disse...

em Portugal, pela definição podemos ainda não estar num cenário de fome, mas estamos sem dúvida num cenário de "vontade de comer" e não poder porque o dinheiro já falta! Não podemos confundir a oferta nas prateleiras dos supermercados com o real consumo das famílias. À 50 anos atrás, as pessoas podiam ser pobres mas tinham iniciativa, e faziam por conseguir aquirir os alimentos de que necessitavam. Hoje em dia temos pessoas dos mais variados estratos sociais sem capacidade para aquirir bens primários e acabam por passar fome por terem vergonha da sua situação.

Unknown disse...

Não concordo com o sistema liberalista que o Camilo Lourenço defende, acho que é um sistema que nos levará ao caos.

As economias fazem de vários sistemas em simultâneo, não pode ser um só tipo de corrente a impor-se. O equilíbrio das sociedades fazem-se da actuação de várias variáveis, não se pode deixar o poder económico governar só, não é isso que as pessoas querem, nem o planeta.

AOS QUE DEFENDEM O LIBERALISMO, ESTÁ AÍ A IMAGEM DA VOSSA TEORIA, O AUMENTO DOS PREÇOS, A ESPECULAÇÃO FEITA EM ALIMENTOS COM O ÚNICO PROPÓSITO DE GANHAREM DINHEIRO À CUSTA DOS DESGRAÇADOS.

OUTRA COISA: BIOCOMBUSTÍVEIS FEITOS A PARTIR DE ALIMENTOS PARA HUMANOS OU ANIMAIS, NÃO OBRIGADO.

Artiom disse...

O acesso a uma alimentação barata e abundante é um direito básico de cada cidadão de um país considerado desenvolvido, pois é um bem de primeira necessidade que não pode ser manipulado de maneira nenhuma para beneficios de alguns. Afinal estamos no seculo 21,e ainda por cima integrados na U.E. Mantendo este ritmo de especulação de preços pois é a isto que se deve o aumento de preços em grande parte, vão se formar pactos entre países produtores de alimentos essenciais o que poderá eventualmente levar ao mesmo fenómeno do que acontece com o petróleo, que apesar continua a ser abundante aumenta o preço devido a pura especulação, independemente que o euro continua a crescer, pois teoricamente se o euro cresce e o dollar diminui então este crescimento deve atenuar a escalada de preço de petróleo facto QUE NÂO ACONTECE. Falaram em países em desenvolvimento mas basta olhar em redor e vé-se perfeitamente que a maioria dos portugueses não conseguiria acompanhar estes aumentos, é uma vergonha uma pessoa trabalhar na Europa e não ter dinheiro suficiente para ter uma alimentação no mínimo adequada para ele e sua família. Temos de apostar mais na produção intensiva, produtiva e auto-suficiente, porque é um bem que é possível produzir quer de ponto de vista económico quer de ponto de vista fisico-natural.

Artiom

coração da cidade disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
João Cardana disse...

Boa tarde.
Escrevo como cidadão e como agricultor. Parece-me incrível que continuem a insistir na teoria absurda de que, porque uns ESCRAVOS em África ou na América do SUL conseguem produzir mais barato do que eu que tenho obrigações sociais, ambientais e ainda tenho que viver da agricultura, se deva acabar com a actividade. Esquecem-se que o agricultor é mais do que um agente económico, é o fiel depositário do património comum, o mais intímo gestor do território e que a grande causa de incêndios em Portugal, por exemplo, é precisamente o abandono da agricultura. Querem discutir agricultura, discutam porque é que um kilo de maçãs por mim produzidas, cumprindo todos os requesitos sanitários e ambientais e com recurso a mão-de-obra que tem filhos a tirarem cursos superiores, me vale 25 cêntimos, é processada por um intermediário que a vai revender a 35-40 cêntimos e chega a, pelo menos, 1 euro ao consumidor. Quem é que está a ganhar mais? Eu não sou

Alexandre disse...

Por mim, quem quer investir em alimentos perecíveis e aumentar os preços por mim está à vontade...
Gosto da castanha portuguesa, da batata e da broa de milho... E a ideia de comprar aos produtores e visitar Portugal é muito agradável: Vila do Conde, Bragança... ir para fora cá dentro :)
Já não comprava pão à muito tempo e vou continuar a não comprar. Nunca me levantei mais cedo para comprar pão, isso é de outro tempo :)... Por mim o arroz vai ficar nas prateleiras e os meus rins agradecem menos carne. Por mim quem investiu em alimentos perecíveis poderá perder por apodrecer...

aa

Unknown disse...

o Coração da Cidade no Porto está neste momento a receber por mês mais de 1000 pedidos de auxílio de pobres com casa própria...

existe neste momento e com muita urgência de uma rede correcta de intervenção entre todas as instituições e de uma cadeia de dados correcta para uma redistribuição de bens que a todos nós são confiados...

no Porto existem neste momento com 0 de rendimento percapita para se alimentar...

a fome neste momento está a acontecer porque há uma falta de educação no pleneamento doméstico e o endividamente retirou a hipotese de gerência correcta dos bens das famílias portuguesas...

existe neste momento uma desorientação... necessitamos com urgência de apoio de psicologos para ajudar quem ficou neste momento sem recursos devido ao desemprego actual...

lasalete

Unknown disse...

o Coração da Cidade no Porto está neste momento a receber por mês mais de 1000 pedidos de auxílio de pobres com casa própria...

existe neste momento e com muita urgência de uma rede correcta de intervenção entre todas as instituições e de uma cadeia de dados correcta para uma redistribuição de bens que a todos nós são confiados...

no Porto existem neste momento com 0 de rendimento percapita para se alimentar...

a fome neste momento está a acontecer porque há uma falta de educação no pleneamento doméstico e o endividamente retirou a hipotese de garência correcta dos bens das famílias portuguesas...

existe neste momento uma desorientação... necessitamos com urgência de apoio de psicologos para ajudar quem ficou neste momento sem recursos devido ao desemprego actual...

lasalete

Margarida disse...

Os aumentos dos preços dos cereais estão sobretudo relacionados com a especulação financeira com base nos mercados de cereais. Seria bom investigar a razão da fusão do Chicago Board of Trade com o Chicago Mercantile Exchange.
Há muito boa gente que está a realizar chorudos lucros à custa de milhões a morrer à fome.
Até que rebente mais uma 'bolha', como a do imobiliário...
É preciso denunciar esta situação e não nos enganarem com as leis da oferta e da procura.

Margarida Ferreira

Unknown disse...

os ddois principais motivos para o aumento dos preços tem a ver com o aumento do petroleo, que já atingiu o pico e agora está a diminuir e o seu preço irá estar SEMPRE a aumentar, e tem igualmente a ver com a cada vez maior produção de biocombustiveis, que são MUITO PIORES para o ambiente e a sociedade que o petroleo.

São estes os dois principais motivos e a tendencia é para piorar caso o consumidor, aqueles que andam de carrinho a passear, não deixem de usar o carro e andem de transportes públicos.

Prefere passear de carro e contribuir directamente para a fome de milhoes de pessoas??