Por que há cada vez menos médicos no sistema público? As questões salariais, o novo mercado oferecido pela proliferação de clínicas e hospitais privados, a falta de condições para exercer a medicina e a escassez de novos médicos em formação parecem ser os principais motivos.
De acordo com o Sindicato Independente dos Médicos, entre 2006 e 2007 cerca de 400 médicos abandonaram o SNS. O número duplica ao acrescentar os aposentados. Tendo em conta que os médicos que reúnam cumulativamente 55 anos de idade e 30 anos de serviço podem pedir a aposentação antecipada, a saída destes profissionais preocupa o Ministério da Saúde, bem como a noticia de que certos médicos recebem 2500€/dia em hospitais públicos, quando são recrutados do sector privado.
Convidados:
Carlos Arroz, Secretário-geral Sindicato Independente dos Médicos
António Vaz Carneiro, Professor da Faculdade de Medicina UL
Teresa Sustelo, Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central
Ana César Machado, Secretária-Geral Associação Portuguesa de Hospitalização Privada
De acordo com o Sindicato Independente dos Médicos, entre 2006 e 2007 cerca de 400 médicos abandonaram o SNS. O número duplica ao acrescentar os aposentados. Tendo em conta que os médicos que reúnam cumulativamente 55 anos de idade e 30 anos de serviço podem pedir a aposentação antecipada, a saída destes profissionais preocupa o Ministério da Saúde, bem como a noticia de que certos médicos recebem 2500€/dia em hospitais públicos, quando são recrutados do sector privado.
Convidados:
Carlos Arroz, Secretário-geral Sindicato Independente dos Médicos
António Vaz Carneiro, Professor da Faculdade de Medicina UL
Teresa Sustelo, Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central
Ana César Machado, Secretária-Geral Associação Portuguesa de Hospitalização Privada
24 comentários:
Olá a todos!
Como utente do Serviço Nacional de Saúde devo dizer que as consultas (e refiro-me a hospitais)são sempre marcadas para de manhã, nunca a horas, isto porque de tarde os médicos estão nos seus consultórios ou hospitais particulares.
Não sei se se vê uma fuga, mas sim uma tentativa de conciliação dos dois sectores em que quem fica prejudicado é o utente do SNS.
Obrigada e parabéns pelo programa!
Boa tarde sociedade civil, a fuga dos médicos para o privado surgiu na sequencia da tentativa de controle do ponto dos médicos. a partir dessa altura começou a falar-se disso mas poucas reflexões se fazem nestes pontos. os médicos querem ter um regime de excepção em relação aos outros trabalhadores e já dizem estar cansados de trabalhar quando pegam às 9:00 e saem para o pequeno almoço às 10:30 ficando a almoçar quase uma hora por causa dessa boa vida estar a acabar fogem para os privados para auferirem mais...
assim vai a saúde em Portugal
Nuno de Lousada
Boa Tarde
Tenho 19 anos e Sou aluna de Medicina na faculdade de Medicina da uni. do Porto no hospital de S.João
Penso que é necessário a ida de médicos para o privado, pois os sucessivos aumentos do numeros clausus nas faculdades de Medicina é uma solução rápida de compensar a falta de médicos mas o aumento não sustentado leva a que daqui a 20 anos possa a haver médicos a mais.
Obrigada pela intervenção
**
como é possível a remuneração não ser o factor de fuga se existem especialiades cuja remuneração é dez vezes superior à do sector publico?!para além da inexistencia de substituição dos elementos que saem! quem fica lida com condições desumanas e pouco atraentes para uma prestação de cuidados com qualidade!
Boa tarde,
Os médicos, tal como todos os outros profissionais procuram as melhores condições para o desempenho da sua profissão e com vista à melhor remuneração para melhoria da sua qualidade de vida.
Sou utilizador quer dos SNS quer de hospitais privados pois tenho seguro de saúde. Vejo os dois sistemas como complementares e só posso elogiar o meu médico de família e o meu centro de saúde que tem excelentes profissionais. Infelizmente, no que se refere a especialidades, prefiro recorrer aos serviços de médicos no sector privado pois os tempos de espera para consultas de especialidade no SNS é superior.
Também já tive de fazer várias cirurgias desde que me foi diagnosticado um melanoma e mais uma vez recorri ao privado pois tinha essa possibilidade e receava ficar a aguardar por uma cirurgia no SNS.
O sector da saúde certamente não estará com a melhor "saúde" pois já ouvi várias vezes médicos criticarem a forma como se processa o trabalho nos hospitais públicos, não sendo sempre tão produtivo quanto poderia.
Pergunto o que será necessário para motivar estes profissionais? Serão necessários prémios de produtividade?
E em relação à formação de novos médicos, porque andamos décadas a formar menos médicos que os necessários? Porque não foram aumentados os números clausus? Será que ouve proteccionismo nesta classe para não formar profissionais em excesso e haver uma banalização da classe?
Pedro Castro
Lisboa
Boa tarde
A questão da falta de médicos e o abandono destes do sistema público é uma questão bastante complexa.
O governo nunca se preocupou nem providenciou atempadamente em promover a abertura e criação de mais vagas em medicina, criando aberrações de alunos com notas de 18 e 19 não poderem ingressar na Faculdade de Medicina.
A Ordem dos Médicos, obviamente e de acordo com corporativismo que representa, não lhe interessa que exista uma proliferação exponencial de médicos, se existe pouca oferta de médicos e sendo a procura grande, logo o poder do corporativismo reforça-se a todos os níveis, do politico ao financeiro.
Em Portugal, um piloto da força área se pretender sair para o privado ou cumpre um serviço mínimo de 8 anos ou em alternativa paga uma indemnização ao estado. Porque não fazer o mesmo com a profissão médica?
Sendo uma profissão de extrema necessidade para a sociedade e sendo os médicos formados, em sua grande parte, em Faculdades de Medicina públicas, paga por todos nós, não deveriam estes prestar um serviço público obrigatório a semelhança dos pilotos da Força área, de forma a “pagar” a sua formação?
Porque é que o salário de um médico é um tabu?
Podemos nós, contribuintes e utentes, saber quanto o estado paga a um médico no serviço público?
Quanto ganha no privado?
Eu sei que depende disto e daquilo... mas alguém transparente que refira números? Não percentagens.... Euros!
Obrigado
...Se a oferta for superior à procura, então os médicos passam a ser cidadãos iguais à maioria onde o excesso de oferta provoca desemprego.
Normal.
Há que desmascarar a "máfia não declarada" de determinados sectores da sociedade portuguesa.
Médicos, farmácias, táxis e mais alguns, onde através de associações de grande poder não permitem a criação de novas oportunidades com o único intuito de não perderem esse poder financeiro.
Boa tarde
Gostaria de perguntar ao Sr.Professor António Vaz Carneiro, onde foram obtidas as informações que dispôe, para estar a afirmar com essa convicção que o SNS funciona bem?
Os centros de saúde, as urgências hospitalares,funcionam bem?
Sinceramente...
Obrigado
Por que razão saem os médicos para o sector privado?
Simplesmente porque cada vez há mais medicina privada. Porque o SNS não funciona.
Simples
Porque é que alunos com notas de 18 e 19 não podem ingressar na Faculdade de Medicina?
Simplesmente porque não interessa à classe médica baixar os seus salários e passarem a cumprir horários.
Simples
Olhe que não, Sr. Dr., olhe que não!
No público mais barato, menos atenção ou nenhuma, No privado respostas quase imediatas, ou imediatas mas para quem tem posses.
Depois a gestão agestão, 2500 Euros por 12 oras de serviço, aonde? no público, os milhões de fraudes, algumas relatadas ainda recente nos média. É como tudo no mundo falta regulamentação e honestidade.•
Bem prega Frei Tomás, olha para aquilo que ele diz e não o que ele faz. Aliás é o serviço público tendencialmente gratuito? Quando nem a Constituição se cumpre, para que mais leis?
Anttónio
Em tempo: O estado faz a formação e paga o ordenado mínimo, parece.
Boa tarde!
Na minha opinião apesar de haver um esforço para melhor a eficiência do SNS na prática tardam em chegar resultados. Esta demora, na minha opinião, deve-se em muito a diveros lobbys. Foram estes lobbys que provocaram a demissão do anterior ministro. A actual ministra em vez de conter as despesas salariais dos médicos, que não poucas vezes, não cumprem o horário de trabalho, como qualquer outro funcionário(pois vão desempenhar funções nos consultórios privados). Tomou sim a decisão de pagar aos médicos destacados dos Centros de Saúde para os Hospitais horas extraordinárias!!! É assim que se contém a despesa, aumentando encargos? Porque não abrir as Universidades a mais alunos? Porque não pagar por objectivos? Porque não avaliar os médicos como estão a fazer por exemplo com os professores? Quantos médicos fazem bancos èfectivamente no local de trabalho? É uma classe de elite foram máquinas de estudar muito eficientes. Mas terão efectivamente capacidade de humildemente desempenharem a sua forma de uma forma ética e profissional como as outras profissões? Quanto ao papel dos administradores hospitalares, muitos deles não têm qualquer formação base relacionada com instituições de saúde, têm sim uma pós-graduação de uma faculdade que tem a exclusividade na colocação destes alunos nos hospitais, muitos deles conduzindo a gestões danosas para o SNS. Estes lobbys têm de acabar para podermos ter um SNS mais eficiente. Lanço uma pergunta para o debate: Por que é que em Cuba o SNS funciona e em Portugal não? O que é que eles têm a mais que nós? Talvez porque todos os intervenientes no Sistema de Saúde sejam cidadãos comuns que actuam eticamente e não a mando de qualquer jogo de interesses
O fechamento social da classe médica em Portugal deriva precisamente das próprias restrições à entrada na classe (elevadas médias de acesso, impedimentos da ordem em relação à abertura de cursos privados, etc). Ao serem poucos, tornam-se demasiado preciosos. As elevadas remunerações e falta de sentido de serviço público, levam ao seu preterimento.
Rui Costa
A vinda de médicos estrangeiros, desde que seja acompanhada de uma intergração sócio-cultural e profissional adequada, é bem vinda. Quando houver médicos em número suficiente para podermos seleccionar os melhores e já não for garantido emprego a quem tem licenciatura em Medicina, aí sim teremos condições para ter médicos com sentido ético e com motivação para aumentarem a sua produtividade, ainda que isso a redução do seu valor social. É uma desconsideração à qualificação dos restantes profissinais de saúde (enfermeiros, técnicos de saúde, etc)o excessivo valor social que é dado à classe médica. Hoje em dia o médico é quase divinizado, não só pelo seu poder nos serviços de saúde mas também pelo interesse da classe em se manter como uma "elite" na nossa sociedade.
Olhe que sim, Sr. Dr., Olhe que sim!!
“FUGA DE MÉDICOS PARA O PRIVADO”
Somos uma Sociedade Materialista numa corrida desenfreada e gananciosa de interesses pessoais pelo Poder/Dinheiro.
Também aqui é a Lei da Ganância à medida da oferta e procura.
É CONSEQUÊNCIA DO SISTEMA QUE SE PREOCUPA EM CUIDAR DA DOENÇA. É URGENTE APRENDER A CUIDAR DA SAÚDE.
Eu jamais recorrerei a médicos.
É urgente entender que somos o resultado dos nossos procedimentos.
É HORA DE MUDANÇA DE SISTEMA SÓCIO-POLÍTICO-ECONÓMICO-RELIGIOSO.
Abraço cordial para todos especialmente para os responsáveis por este programa
jose gomes
equilibriosg@hotmail.com
Não tem a haver com humanismo, talvez profissionalismo, ou interesse. O ordenado no fim do mês não está garantido conforme está no SNS.
Ficou claro que os médicos têm uma linguagem manipuladora e complexos de superioridade.
A Fernanda teve alguma dificuldade em moderar e o blog ficou de lado...
Boa tarde a todos!
O Professor António Vaz Carneiro focou aquele que me parece ser um dos maiores problemas do sistema de saude actual, que é o tempo de que os médicos dispõem, ou neste caso não dispõem para atender os seus doentes.
Quando o principal objectivo e preocupação do SNS passa a ser a productividade e não o tratamento do doente passamos a ter uma empresa e não um hospital!
O doente não é uma fonte de receitas mas sim um humano que precisa de ser tratado como tal!
É desmesurado o valor cobrado nas consultas particulares.
Se tivessemos um bom sistema de saúde que abrangesse mais áreas, talvez não fosse necessário recorrer-se a essas consultas.
São os próprios médicos do SNS que veiculam os seus pacientes para os seus consultórios particulares, aliciando-os com promessas de que se lhes pagarem as consultas conseguem antecipar uma operação ou mais facilmente lhes receitam uma medicação ou prescrevem baixa.
É vergonhoso.
Tem de se pôr cobro a isto!
Alguns médicos são hipócritas e esquecem-se do seu juramento de Hipócrates.
Em Portugal o dinheiro compra a saúde!
CC
Maria Mendes
Se há a inspecções de algumas actividades económicas, acho que a actuação médica também deveria ser alvo de uma análise de modo a controlar os preços praticados. Digam quem com um salário mínimo consegue pagar tudo e ainda sobrar dinheiro para gastar em consultas particulares, que custam pelo menos 50 euros?!
Por que têm de ser tão bem pagos?
Será que não haverá profissões tão importantes quanto as deles e que não são tão bem remuneradas?
Os médicos não são um Deus, não fazem mais do que o dever deles tal como qualquer outro profissional.
O tempo dos padres e médicos funcionarem como cáciques tem-se arrastado para a modernidade?
CC
Maria Mendes
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