sexta-feira, janeiro 9

A ética trava ciência?

O ritmo a que o Homem conquista conhecimento e ferramentas para "domesticar" doenças ou encontrar alternativas à dependência dos produtos petrolíferos é em boa medida condicionada pelo esgrimir de argumentos entre ciência e ética. A Declaração Universal sobre o Uso do Conhecimento Científico, assinada em 1999 em Budapeste, define a ciência como um instrumento de bem-estar dos povos. Mas se for travada, pouco bem-estar trará. Por outro lado, se não for moralmente regulada pode ser um instrumento de perversão da humanidade.
Vamos conhecer os avanços e recuos da ciência e que promessas ainda estão por cumprir.

Convidados:
Tiago Outeiro, Investigador Principal do Instituto de Medicina Molecular
Eufémia Ribeiro, Médica Obstetra, Geneticista e Presidente da Associação de Diagnóstico Pré – Natal
Nuno Nabais, Professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Pe. Vitor Feytor Pinto, Pároco do Campo Grande, Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde, membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida

10 comentários:

Anjos disse...

Boa tarde!
Sem duvida este é daqueles temas que levante muitas questões,dificeis e controversas.
Penso no meu caso pessoal,ambos pais portadores de doença genética,temos filho com fibrose quística,logo se desejassemos ter mais filhos a probabilidade de o próximo nascer com a doença é de 25%.Opções:Gravidez natural e ás 15 semanas amniocentese que revela ou não a existência de doença no bebé!
*escolha prévia de embriões saudáveis(ou melhor com despiste para a doença em questão).
*gravidez natural sem amniocentese confiando na sorte ou azar!E se esta parece a escolha certa para uma educação cristã,que moral comporta este comportamento?Como pode um casal ficar de consciência "limpa" e tranquila quando se "atreve" a ter filhos que sabe de antemão que podem ser condenados a doença grave?
Não será muito mais ético recorrer á ajuda da ciência,mesmo com a aplicação da técnica de selecção de embriões para evitar posterior sofrimento humano?
Existem cada vez mais e graças aos avanços da ciência doenças genéticas estudadas e identificadas,que inquestionávelmente está a ajudar a tratar os doentes e a ter melhor qualidade de vida,mas sem dúvida que se levantam muitas outras questões que a meu ver merecem ser acompanhadas para que tantos outros pais se intam mais confortáveis e amparados nas suas decisões.

Novar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Abrantes é Nossa!! disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Abrantes é Nossa!! disse...

Antes de mais gostava de vos felicitar pelo programa.

A minha opinião:

A ética deve ser os pilares para a ciência, esta poderá ir mais além mas sempre em nome do bem estar das pessoas sem que isso ultrapasse a ética. Sei que a ciência não deveria ter travões, pelo menos para muitos, mas uma ciência sem responsabilidades é a mesma coisa que uma "bomba" no meio da civilização inactiva mas existênte. Penso que a ciência deve servir todos, para o bem estar de cada um.

Um grande abraço para a Estação Zootécnica Nacional no Vale de Santarém, em que o trabalho ciêntifico está a dar resultados animadores.

David Leal 20 anos Santarém

Novar disse...

Peço desculpa pela minha ignorançia em relação a este assunto, mas na minha análise pessoal, não se deve regulamentar a ciência, baseando-se em "diferentes interpretações da realidade" originadas pela religião ou ausençia dela. A ciênçia deve ser regulada pelas necessidades da espécie Humana e dos contributos positivos que pode trazer para a evolução da mesma. Esta análise é racional?

Anjos disse...

Agradeço as ajudas.
Tenho a felicidade de ter uma menina saudável,portanto a hipotese de ter mais filhos coloca-se a longo prazo,fico no entanto satisfeita com as respostas,que sem duvida nos apoiam e encorajam.
Na maioria das vezes estes casos são abordados com alguma "crueldade",achando que por sermos um casal portador de doença não devemos recorrer à ajuda preciosa da doença,devemos nos conformar em não ter mais filhos.As implantações devem ficar para casais inferteis.E eu realmente acho que nós merecemos esse apoio e ainda bem que parece que está previsto a implantação de embriões isentos desta doença.
Obrigada por todo o apoio.
Estou no Minho,quase na Espanha!

Miriam Levi disse...

A ética não trava a ciência. A ética é sempre necessária quando existe uma sociedade. O que limita a ciência é o aprisionamento da capacidade de pensar fora dos modelos tácitos usados pelos cientistas. Exemplo: na clonagem temos a ideia de que estamos a recriar a mesma pessoa. A ciência indica que a educação tem forte influência. A religião fala de espírito. Será que se temos um ser humano e um clone com o mesmo espírito temos a mesma entidade?

Anjos disse...

Corrijo a mensagem anterior onde se lê"ajuda preciosa da doença" deve ler-se "ajuda preciosa da ciência"

Anjos disse...

Eu coloquei o meu caso especialmente porque acho muito importante se debater estas questões,não só por nós mas porque conheço outros pais que sofrem de situações similares mesmo sendo outras doenças genéticas diferentes.
A pressão da sociedade e da igreja não é assim tão inócua nem tão favorável como parece.
Agradeço e fico muito satisfeita com a posição do sr.Padre Feitor Pinto que me parece bastante realista,infelizmente ainda existe muita hipocrisia por este país fora.Sugiro-lhe uma visita pelo norte litoral,minho,alto douro e interior...!

Anjos disse...

Resta-me acrescentar que amo os meus filhos com uma intensidade "explosiva" e é obvio que nunca desejei em algum dia que o meu filho não tivesse nascido,mas nunca me perdoaria se eu tivesse contribuído conscientemente para colocar no mundo um filho condenado ao sofrimento.Mas isso não significa que a vontade de colocar vida no mundo termine,mas com qualidade.Amo a vida mas acima de tudo amo o ser humano,antes de serem nossos filhos são seres humanos que merecem viver com dignidade.Daí o levantamento das questões éticas e morais que se aliam ou dificultam a ciência!
Creio que neste tipo de situações o melhor é mesmo o acompanhamento da genéticista e o amor dos que nos rodeiam.
Obrigada.