quarta-feira, maio 20

Mulheres na política: quotas ou mérito?

Desde o final da II Guerra Mundial e até ao início do séc. XXI o mundo teve apenas 28 primeiras-ministras, entre as quais a portuguesa Maria de Lourdes Pintasilgo. Nos últimos anos, este universo masculinizado tem sido abalado com a chegada ao poder de mulheres influentes como Angela Merkel ou Hillary Clinton . Em Portugal as mulheres continuam deficientemente representadas a muitos níveis, designadamente na política. Mas será que estão interessadas em concorrer a cargos políticos? Apesar de haver cada vez mais mulheres que escrevem sobre política em jornais e blogues, a proporção é muito inferior à dos homens. Por desinteresse ou por falta de oportunidade das gerações anteriores?

Convidados:
Laura Abreu Cravo, Advogada
Edite Estrela, Vice-Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher e Igualdade de Género do Parlamento Europeu
José Adelino Maltez, Politólogo e Professor de Ciência Política na Universidade Técnica de Lisboa
Henrique Raposo, Cronista Jornal Expresso

24 comentários:

Pedro de Castro disse...

Boa tarde,
As mulheres na política têm de aparecer como resultado de mudanças no funcionamento dos partidos e nas quais elas queiram ser um agente activo da mudança e não como imposições, reflexo de mentalidades de diminuem o género. Competência não tem sexo e como tal não pode estar sujeita a quotas. Vamos passar a ter mais mulheres na política só porque são mulheres? Diria que isso é sexismo e discriminação de forma consentida.
Tem de se agir na forma como as mulheres podem ter acesso à vida política e na forma como podem demonstrar a sua competência sendo escolhidas entre os seus pares para que os representem.
A Assembleia da República neste momento já só representa uma minoria da população, pois não se iludam, o principal partido no nosso país é o ABSTENÇÃO, só depois vem o partido Socialista. Será que impor quotas vai tornar a política mais representativa? Duvido...

Anónimo disse...

Sou genericamente contra tudo o que possa condicionar o critério do mérito para a entrada na vida política! No entanto, percebo que talvez seja dificil para as mulheres com mérito ultrapassar um status quo masculino à tanto tempo enraizado!
A minha sugestão seria a adopção de um período transitório (e.g. duas legislaturas) no vigorariam quotas e depois retirar este constrangimento e deixar que o mérito permita 100% de mulheres ou 100% de homens no parlamento!

Continuação de um bom trabalho,

Ricardo Belchior, 30 anos
Docente Universitário

Pedro de Castro disse...

Não são os Partidos Políticos os prinicpais causadores de tal assimetria? Porque será que se quer florear a questão? Porque não surgem mais mulheres a apresentarem-se à liderança dos partidos? Porque não se mobilizam para demonstrar as suas ideias? E se forem impedidas, arranjem formas de ser ouvidas! Não posso é aceitar o discurso das "coitadinhas". As mulheres não são coistadinhas nem precisam de ser tratadas como tal.

Unknown disse...

boa tarde,
as mulheres têm muito mérito para a politíca mas creio que elas não acreditam na politica conforme está a ser practicada actualmente. Neste contexto as mulheres estão a ser impigidas porque alguém se lembrou das tais ditas quotas da paridade. Já agora um a parte: Como é que uma mulher se sentiria, na politica sabendo que há paises como a china que mutilam as mulheres, e matam as meninas à nascença? Acho eu que é muito pesado para a consciência feminina.
Enquanto homem também acredito que as maiorias das mulheres queira aproveitar o seu tempo com quem realmente merece.
Saudações

Unknown disse...

A conversa de quotas faz-me lembrar as imposições comunitárias no que se refere à produção.
As mulheres são neste momento a maioria da população. Se eu fosse político encarava como preocupante que essa maioria não se reflectisse na política, única e exclusivamente porque revela desinteresse por parte desse grupo da população. Como podemos ter uma sociedade representativa se as mulheres não se identificam e não querem participar na política nos moldes em que ela está?

Unknown disse...

e coloca a seguinte questão: Vamos colocar uma mulher à frente de um homem ,num caso em que ele tenha melhores competências, exclusivamente porque a mulher está a preencher uma quota? É isso o modelo de sociedade que pretendemos? É esse o modelo de sociedade que valoriza o mérito e a igualdade?

Helder disse...

Boas tarde!
Sou contra as cotas na politica e em tudo. As cotas servem para excluir quem tem realmente mérito e/ou competências.
E infelizmente não existem só na política. Por exemplo existem nas Forças de Segurança, e agora deixo esta pergunta no ar...
Quando são exibidas imagens de ocorrências onde as coisas estão "complicadas" vêm lá mulheres polícias? Porquê? Então porque continuam com estas falsas questões? Existem áreas em que as mulheres não "acompanham"... e o mesmo se passa com os homens! Agora porque é que se continua a fazer de conta que somos todos "iguais"? Não somos infelizmente...

Unknown disse...

se queremos a igualdade dos géneros porquê investir numa medida que vem diminuir uma das partes? A mudnaça tem de ser operada na mentalidade da sociedade e pela reforma política. Trinta anos depois da dita liberdade o que vemos é que vivemos na ditadura partidária. Só chega ao poder quem os partidos querem e dentro dos partidos só é aceite e prossegue quem estiver bem relacionado.
Tudo o resto é andar a correr atrás da cauda!

Interessada disse...

Fico contente por saber que, apesar dos meus 57 anos, estou do lado dos não "cotas" (leia-se "jovens".
Toda e qualquer entidade tem sempre toda a vantagem em ganhar direitos por si e não por concessão.
Estou a gostar e a concordar tanto com os jovens que aí estão que, para quê mais palavras????? as minhas seriam outra forma de dizer o mesmo ou repetição das deles.
BEM HAJAM !!!! Lindo, lindo ouvir-vos defender tais direitos.
Espantada estou com a Fernanda, mas acho que assim que reflita novamente sobre o assunto, concordará connosco.
Boa discussão. Eu já ganhei o meu dia.

Heresias disse...

Defendo as quotas, sem medos de que digam que não foi por mérito o acesso a certos cargos, porque tenho a consciência tranquila. Sou mulher. Feminista. Socióloga. Estudiosa das questões de género e de sexo.
Subscrevo tudo quanto disse o testemunho espanhol e há muito que admiro Zapatero.
Para quando um "Zapatero" português, não só para as quotas mas para outros assuntos ditos fracturantes?
Saudações

Anónimo disse...

Já fui liderado, e sou, por mulheres em quem votei e sou contra as cotas. Mas como acabou de dizer um interveniente, criticar as cotas é ser rotulado de machista. É uma espécie de pensamento único, obviamente fundamentalista. Hoje o que conta é o número. Na AR não se vê qualquer ideia diferente das mulheres em relação aos homens. Seja no que diz respeito à violência doméstica, seja em relação ao financiamento dos partidos. Nada!
Por outro lado, pode falar-se da quantidade de gestores, de oficiais do exército, da política, enfim, de grandes profissões. Ninguém fala das cotas na construção civil ou nos estivadores. Porquê?
A questão, aliás, é sempre mal posta. Por exemplo: quantas mulheres são directoras em órgãos de informação? Seria interessante verificar quantos homens e quantas mulheres gostariam de ter esse cargo e depois tirar conclusões. Porque é que haverá mais homens escultores, pintores, músicos, engenheiros, etc? Porque haverá mais mulheres professoras, empregadas de escritório, assistentes sociais, etc?
Já agora, porque não dão liberdade às pessoas de serem aquilo que quiserem, sem boleias?
Tudo isto, parecem-me jogos florais (e de interesses) desta pobre "modernidade"!

Eva Gonçalves disse...

Boa tarde.
Sou mulher e concordo em absoluto com os comentários anteriores. A entrada das mulheres tanto na política como noutras áreas da sociedade deve ser por mérito próprio. A lei da paridade parece esconder uma certa culpabilidade masculina tipo "ok...vamos dar oportunidade a esta minoria..." MINORIA ?? As mulheres como se sabe estão em maioria na sociedade e neste país democrático têm igualdade de acesso e se não têm, devem accionar os meios próprios. O facto é que as mulheres não se envolvem na política porque não querem e o trabalho deve ser feito a nível das estruturas sociais de apoio mas também a nível da educação desde cedo por exemplo através de uma disciplina no ensino secundário de educação para a cidadania que há muito advogo, que promova o envolvimento de ambos os géneros em todas as áreas de intervenção social.O facto de haver cotas, faz com que sejam discriminadas PESSOAS(sem género)competentes e com motivação para trabalhar.Sou contra qualquer tipo de cotas.Há pouco vi um documentário sobre as Universidades na Índia que têm cotas para alunos de "castas" consideradas minoritárias e com maior dificuldade de acesso...claro que isso fomentou revolta por parte de alunos com boas notas que independentemente dos recursos económicos ficavam de fora.Estas atitudes levam a uma maior consciência de diferença entre castas e maior preconceito. O governo Indiano pondera revogar este regime...o princípio é o mesmo...não às cotas em qualquer circunstância...queremos pessoas competentes,independentemente do género!!!
Cumprimentos

Viriato disse...

Mais importante que as Quotas para mulheres, seria quotas para jovens. Os partidos, a AR e os Governos mais parecem Lares da 3ª. Idade. Edite Estrela defende as quotas, por causa dos imcompetentes, mas o problema é que além disso já estão meios xéxés. São praticamente os mesmos desde 74 já lá vão 35 anos.Depois como querem que os jovens se interessem pela politica.

early bird disse...

Penso que o principal problema está ainda na mentalidade das pessoas. Vivemos milhares de anos habituados a líderes masculinos e isso não é difícil de esquecer.
Sou estudante e assisto diariamente a uma diminuição das capacidades das mulheres: a própria comunidade não favorece as capacidades intelectuais, mas antes as físicas ou sociais.
Pode haver uma grande percentagem de mulheres nas Universidades, mas isso não significa que elas sejam intelectualmente activas, no sentido em que tenham opinião política e intervenção na sociedade.
Não há grande pressão da sociedade para as mulheres se interessarem por isso, e todos nós já assitimos aos homens a discutir política e as mullheres, ao lado, a tomar conta das crianças.
É a nossa cultura e acho que é preciso, desde cedo, educar as pessoas noutro sentido. Considero que não são as quotas que vão facilitar ou acelerar o processo: é um remendo, apenas, uma ilusão, e apenas uma elite vai estar em contacto com essa igualdade. É preciso ir à raiz do problema.

Unknown disse...

As mulheres que lutaram pelo direito ao voto como se sentiriam hoje em dia ao depararem-se com o cenário das quotas? Claramente deviam sentir que algo se perdeu pelo caminho e que as mulheres não prosseguiram o seu legado e continuaram a debater-se pela representatividade. Se os partidos não os permitiram, pois criem novos partidos! Estão no seu direito, são a maioria da população! São as mulheres que criam os homens, que os educam, que lhes transmitem os valores e como tal não a argumento para que não sejam membros activos e intervenientes na política. Talvez não se revejam na política por terem um sentido mais prático das questões e a nossa política é só retórica.

Anónimo disse...

Boa tarde,

Muito resumidamente queria expor aqui a minha ideia sobre a posição do feminino na política e não só. O problema não é de agora, o problema vem a arrastar-se durante séculos e séculos de subordinação ao homem - deixemos isso para a Antropologia, História, Sociologia, etc. Mas, o que realmente interessa é que a situação se está a inverter e nós (mulheres) temos direitos liberdades e garantias tal e qual como os homens e por isso temos tudo na mão para lutar contra este capitalismo desenfreado que continua a originar machismos e a colocar barreiras no nosso caminho. Mulheres devem estar na política por mérito, assim como os homens, embora isso não aconteça muito nestes últimos.
Este é um debate que de certeza irá durar durante muitos e bons longos anos mas eu, como mulher irei desempenhar com certeza todos os deveres que me compentem, irei usufruir democraticamente de todos os meus direitos e com certeza lutar pela igualdade!
Nós, as mulheres, não queremos ser coitadinhas apenas queremos exercecer os nossos direitos!

Joana, 22 anos
Estudante Universitária

Anónimo disse...

um cargo, seja ele qual for, tem que ser dado ao individuo mais competente.
As quotas são cosmética, e têm varios downsides, não é do interesse de ningúem cos partidos sejam entopidos de pessoas incompetentes, sejam eles homens ou mulheres, dêm os cargos a quem fez para os merecer.
compreendo porém, que o mérito de uma mulher tende a nao ser reconhecido de forma par, como combater isso eu nao sei, mas as cotas são preconceito VS preconceito

Unknown disse...

Não entendo porque o meu comentário anterior não foi aprovado em tempo útil.

f. disse...

quando alguém diz q as quotas são uma medida 'artificial' está a assumir a situação actual de sub-representação das mulheres como 'natural'. em q é q é natural?

f. disse...

henrique raposo diz q a geração dele está mais aberta à participação d mulheres na política'. não s dá conta d q está assumir q a entrada das mulheres depende da 'aceitação' dos homens, e que isso é uma absoluta preversão?

Unknown disse...

Boa tarde,
Sou da opinião de que a participação da mulher na política deverá advir do mérito próprio, ao invés de uma participação quase que forçada por capricho de uma qualquer lei. Penso que as mulheres possuem as mesmas capacidades para a política que os homens, assim como a mesma capacidade para o demonstrarem, e penso que as cotas não valorizam a participação da mulher na política, nem lhe dá o mérito devido. Não acredito que existe género no que toca a ideias políticas, nem faço diferenciação das ideias femininas ou masculinas, porque no que toca à política ideias são ideias, soluções são soluções, porque todos somos diferentes à nossa maneira e todos temos diferentes maneiras de ver os problemas, independentemente do género. O que é necessário é compreensão e mente aberta para discutir as ideias políticas de todos, independentemente do género, e as saber discutir.

Cumprimentos

Filipe Albuquerque disse...

No lugar da pseudo Igualdade que não é um facto Biológico devia haver aqui uma abordagem feita sobre o prisma da paridade...

...as diferenças entre sexos existem e não podem ser escamoteadas...

...não se trata de saber quem é melhor ou mais competente, mas compreender que estas diferenças resultam em perspectivas diferentes de actuação...

O Estado que trata da ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO é uma Instituição por NATUREZA MASCULINA...a mulher tem mais vocação para uma abordagem natural de PROXIMIDADE e intimamente tende a ver o Estado como uma uma entidade abstracta e distante...por isso na minha perspectiva é no PODER LOCAL que pode ser mais produtiva...

...MAS ISTO OBVIAMENTE NÃO SE PODE DIZER EM ALTA VOZ E PUBLICAMENTE !!!

Parece fazer falta verem mais vezes o Discovery Channel e perceberem de uma vez que o território de caça é a versão natural do que hoje o Homo Sapiens entende por Estado...é a expansibilidade espontânea masculina, a disponibilidade para a conquista do mundo distante que leva O Homem a constituir um território definido com regras próprias das quais é senhor...mesmo com o Poder representativo esta situação n~so se altera por decreto...

...para as mulheres poderem participar o que tem de mudar necessariamente é a Natureza vertical do Poder...e isto seria a abordagem séria da questão, no lugar do discurso lixivioso do politicamente correcto que se vai fazendo pleno e cheio de mediocres lugares comuns...

Atentamente>FILIPE DE ALBUQUERQUE

Filipe Albuquerque disse...

...O vosso Jornalismo é sem duvida feito de muito e muito mau lápis azul !
Parece definitivamente não haver lugar para a diversidade de opinião principalmente quando esta é incomodamente pertinente...

...debater em VERDADE é estar genuinamente aberto a fazer as perguntas difíceis e quebrar tabus e "clichés" de época por mais incómodos que estes sejam...

FILIPE DE ALBUQUERQUE

tatiana mendes disse...

três pontos breves:
(1) se a participação activa das mulheres na arena política depende dos tais apoios e estruturas sociais, porque é que ainda não os há?
(2) verifica-se que quem decide ainda não as pensou. políticas diferentes?!, talvez não. mas uma coisa é certa, mudanças urgentes são necessárias e não devemos esperar mais!
(3) só um mecanismo como as cotas, garantia de uma efectiva representação, possibilitará trazer para a mesa medidas libertadoras, que sirvam de trampolim a uma participação massiva das mulheres.