terça-feira, novembro 3

Como escrever um best-seller?

Falar com Deus, sobre Deus ou contra Deus: eis aquela que parece ser a nova formula instantânea de vender muitos livros. Também funciona entrar nos domínios do sobrenatural ou dos vampiros ou das sociedades secretas, como a maçonaria ou a Opus Dei, na linha de Dan Brown. Ser bastante mediático, ter uma boa editora e uma excelente campanha publicitária também deverá constar da equação. Na internet, os mais recentes livros de Stephen King e de Sarah Palin, que só serão lançados em meados de Novembro, já figuram no pódio do Top 100 há mais de 20 dias. Por cá, todos parecem querer o novo de Saramago, Afinal, o que será realmente necessário para escrever um bestseller?

Convidados:
José Jorge Letria
, Sociedade Portuguesa de Autores
Cristina Ovídio, Editora
José Rodrigues dos Santos, Jornalista e Escritor
Francisco José Viegas, Escritor

27 comentários:

João A. Quadrado disse...

Para o escritor que um dia aspira a autoria duma obra aceite, ou mesmo a um dos seus livros, a concessão do título de obra-prima, a entrega, uma inspiração quase “divina” é uma condição que se aceita natural; ao escritor e à sua obra, cabe-lhe o tempo como juiz e ao leitor, o papel de júri pouco moldável…
Para o escrevedor de best-sellers, o conhecimento das regras do mercado e as concessões naturais, e consequentemente da “mole que consome livros”, é primordial; mas ao contrário daqueloutro, a inspiração do escritor depende da agência de marketing que dispõe e da predisposição da “máquina registadora” para alimentar determinado livro… senão vejam-se as “ligeiras turbulências” que se montaram, recentemente em torno de 2666 de Roberto Bolano, ou a moda de trazer por casa dos novos policiais suecos, que perdem o vigor instantaneamente, assim que “valores” mais altos se levantaram – o best-seller e a polémica, andam de mãos dadas e são óptimos namorados… ainda que hajam os “biscates de mercado”, daqueles best-sellers honrados pelas “escritas de entretenimento” de Nicolas Sparks e da Sveva Casati Modignani e muitos outros, dentro desta esfera… e ao escritor, não lhe basta a sua escrita, mas antes as concessões naturais dum mercado muito volátil, quando a “dieta” desse mesmo é incerta, e de apetites vorazes, embora, por vezes apareçam acidentes felizes que escapam à própria linha de montagem do best-seller… e nos últimos tempos recordo-me apenas do Haruki Murakami, em que, sucintamente, a elegância de escrita acompanha o “gosto de mercado”… embora hajam outros, felizmente!

sonharamar disse...

Um best-seller depende apenas e só das editoras, dos media e das campanhas de marketing. Isto é provado pelo lixo literário que de tempos a tempos é costume se ver no top10 de venda de livros.
É pena que se dê tanto valor a tantos livros com tão má qualidade artística.

ASS: Pedro Silva

Captomente disse...

Uma pergunta para o José R. dos Santos: Para quando um livro sobre A verdadeira história dos Templários em PortuG(ra)al, Descobrimentos e Santo Graal?

Rodrigo.

Hugo Filipe Nunes disse...

Pergunto-me se a melhor maneira de ser escrever um best-seller não será mesmo uma boa publicidade, aliada claro a um tema polémico.

É mais fácil, hoje em dia, ser-se um escrevinhador e vender livros sobre nada do que ser um bom escritor e, como não se é polémico, não se é uma figura da radio/televisão, os livros ficam nas estantes das livrarias.


Corrijam-me se estiver errado.
FN

jjoyce disse...

os pseudo ou cripto-escritoes convidados deixam tudo a desejar. aliás portugal até tem Escritores com L grande,vulgo gratia saramago e lobo antunes...

joao amorim disse...

um best-seller precisa de ser popular, precisa de ser conhecido. há bons e maus best-sellers. há aqueles que se tornam um best-seller graças à qualidade do livro, outros pelo mediatismo do autor ou dos temas das obras. (outros ainda por um certo equilíbrio dos dois).

penso que por vezes se confunde o conceito best-seller com o conceito "bom livro". e isso é errado...

cumps

kanina disse...

Eu li o Codigo de Davinci e acho que o segredo do codigo é o facto de os temas retratados serem apenas aparentemente desconhecidos, porque tudo o que la vem ja andava a ser descutido ha imenso tempo, depois bastou misturar numa historia interessante e puff temos best seller. Acho que dá a falsa sensaçao de que o leitor é mt esperto quando na realidade nao é...

Catherina Sanders disse...

Um bom livro devém da boa redacção do livro e ao espírito do autor.
Um best-seller é criado na maioria pelas editoras no item da publicidade.
Nem sempre um best-seller é um bom livro.

Dou os parabéns ao José Rodrigues dos Santos, que continue a ser como é. E nunca pare de escrever.
Abraços,

Catherina

sonharamar disse...

Convém não esquecer que num país dito desenvolvido com tantos analfabetos e iliterados, os livros são um bem de luxo e pagam a taxa máxima de IVA. Infelizmente em Portugal os livros e o conhecimento não são acessíveis a todos.

ASS: Pedro Silva

Sylvie disse...

Eu acho que um tema polêmico tem sempre saída!
Continuo a dizer que o preço dos livros é escandaloso!
Depois é tudo uma questão de pub.

Sylvie disse...

Não posso deixar passar esta oportunidade sem dar os meus parabéns ao vosso convidado, o jornalista josé Rodrigues dos Santos por conseguir gerir a sua vida profissional (brilhante), familiar, pessoal e ainda escrever estes livros tão grandes, trabalhosos e que requerem tanta pesquisa, dedicação e tempo! isto nos tempos que correm é de louvar!
Com os melhores cmp a todos,
Sylvie.

Grove disse...

Não faço a mínima ideia de como escrever um "best seller".
Sei que o último livro que lí era "worst seller", da autoria do Prof. José Leon Machado, chamado "O Guerreiro Decapitado".
Foi simplesmente o melhor romance histórico que já li, e pela módica quantia de 2,5€.

Jaime Santos disse...

Gostaria de saber que explicação têm as pessoas presentes para a tão pouca divulgação de Jorge de Sena no panorama da escrita portuguesa.

Cumprimentos
Jaime Santos, docente da ESE João de Deus

Jaime Santos disse...

Devo acrescentar que nem as letras pequenas me demoveram de ler "A Ilha das Trevas" do JR Santos.
Muito Bom

Sylvie disse...

uhm...o que é que vendia agora? gripe A! (como qd a Maddie desapareceu era á volta dela que os livros vendiam!).

Anónimo disse...

Para escrever um bom livro é necessário talento, dedicação e errar muito.
Para escrever um best-seller basta seguir as regras do mercado, do editor e do dicionário.
Quando se juntam as duas, temos a fórmula de deus e do diabo. Isto é há quem adora e quem odeia.

Unknown disse...

Poderemos considerar a Bíblia como autêntico Best-seller na história da humanidade?!

dulce surgy disse...

É engraçado que uma editora ache desprezível brincar com a linguagem... pela intervenção feita há pouco por Cristina Ovídio, percebe-se porque é best-seller um best-seller. Um best-seller é, em primeiro lugar, aquele que a editora quer que seja.

Unknown disse...

foi com grande prazer que os vi a todos na televisão : A Fernanda Freitas, que admiro bastante(basta serr uma mulher do norte...), o Francisco José Viegas que adoro ouvir e ler e o José Rodrigues dos Santos de quem recebo diariamente uma piscadela.. e que também adoro ler...
Concordo com o que dizem: além da fonte e o seu tamanho serem importantes, o cheiro e a capa do livro são muito importantes. recebi de presente o delicioso livro de FJ Viegas«Longe de Manaus» (perdão se o título não é bem este , mas sou péssima para títulos..) e não o teria lido pois a sua capa não me atrairia como também me recusei a ler o «Diário de um mago» por ter um animal horrendo na sua capa... se calhar também não perdi nada!!! No entanto acho que há muito bons livors que são excelentes. Penso que o importante é ler... e a selecção far-se-á algum dia. Nos tempos que correm o importante é ler uma história bem gizada.... sem muita reflexão.. isso é para os eruditos!

Anónimo disse...

É uma pena que os "grandes escritores" sejam escolhidos por conveniências de mercado e não pelo seu valor artístico. Por cada "best-seller" há um sem número de gente capaz de escrever "igual" ou melhor que fica para trás na prateleira ou ainda com maior frequência na gaveta em forma de manuscrito. Os recursos financeiros dos leitores portugueses são demasiado limitados para apostar no livro que não "está na moda", e isso afunila o mercado na direcção dos "livros conhecidos" em detrimento dos outros.
As prateleiras da sala de cada um que poderiam estar cheias de livros "emprestáveis" enchem-se invariavelmente com os mesmos títulos. Deixam de haver livros para a troca e há milhares de frases novas que ficam por imprimir.

Anónimo disse...

A procura cada vez mais acentuada do tema religioso e metafísico deve-se ao facto não, como os convidados disseram, de uma crise espiritual, mas sim de uma constante ânsia de procura de elevação espiritual, uma consciência cada vez mais elevada e ligada à ascensão espiritual em detrimento do físico e material!

Beijos e abraços,
Laura

Unknown disse...

Há pouco fiz uma afirmação pouco clara; corrijo: há best sellers que são bons... mas aqueles que nos chegam dos EUA são de duvidar, pois o gosto e o interesse económico dos livreiros dominam. Ao falarem da «sombra do vento» ocorre-me um outro pormenor que não foi referido aí: a tradução e esse livro tem uma tradução débil... como alguns livros americanos.

Lena Quadrado disse...

para mim um best-seller é aquele livro que quando estamos a chegar ao fim abrandamos o ritmo de leitura porque já sentimos saudades dele e das suas personagens...

Azul Diamante azul disse...

Parabéns a todos.

Quero apenas dizer o seguinte

Sou uma leitora diária e jamais durmo sem ter lido umas páginas, mais ou menos tudo depende do livro e da falta de sono.

Faço parte dos leitores de Umberto Eco, e claro está de muito dos nossos escritores, não digo nomes mas tenho que frisar que gostei imenso do Sétimo selo. Neste momento ando a ler o último livro de William. M. Valtos e devo dizer que estou a gostar imenso deste autor.

Um dos motivos que me leva a NÃO comprar um livro é ao abri-lo descobrir o texto escrito em letras muito pequenas. Cansa ler livros assim.

Sociedade Civil disse...

O meu escritor de eleição é sem sombra de dúvida o José Rorigues Dos Santos.
Desde que li a Filha Do Capitão fiquei fascinada porque não conseguia parar de ler.
A partir daí consegui arranjar a ilha das trevas e todos os que se seguiram.
E tenho uma história engraçada um dia no autocarro ía a ler o Codex tão concentrada que quando cheguei á paragem percebi que 3 pessoas a que estava ao meu lado e as 2 de trás estavam a ler comigo e ficaram com pena de não continuar.
Muito obrigada pelas horas de prazer que me tem proporcionado.

Um abraço a todos

Judite (por mail)

Sociedade Civil disse...

Boa tarde a todos.
Eu sou uma pessoa que tem por costume escrever em tudo o que me aparece à frente. Um simples pedaço de papel para mim é algo que tem de ser imediatamente enriquecido.
A verdade é que sempre sonhei escrever um livro, poder vê-lo na prateleira de uma loja, sempre sonhei que alguém tivesse a oportunidade de o ler.
A minha personalidade leva-me a lutar por aquilo que quero. E escrever é aquilo que eu quero. Por vezes sinto-me perdida e depois de escrever parece que tudo passa, parece que os problemas deixam de ter uma dimensão tão real.
Já escrevi dois textos e enviei e-mails para editoras. Infelizmente muitas nem sequer responderam, outras disseram que simplesmente não podiam. O mercado cada vez é mais competitivo, é verdade, mas todos devem ter oportunidades apesar de não se pensar assim.
Adoro escrever poesia, mas admito que a prosa é aquilo que mais me apaixona. Apaixona-me de tal forma que as personagens que criei são como partes de mim, partes da minha alma.
Criei um blog para onde escrevia (www.sonholiterario.blogspot.com), mas apercebi-me que não valia a pena continuar a lutar. A verdade é que tenho quinze anos, escrevo desde os dez e apesar de muitas pessoas dizerem que tenho muito tempo pela frente, acho que não me deixa mais feliz. Se não consigo agora, porque irei conseguir daqui a dois anos? Por estar mais madura? Talvez, mas a verdade é que desisti. Sim, desisti de um sonho, talvez do meu maior sonho.
Hoje escrevo para mim, deixo o que sinto gravado numa folha de papel que vai para uma gaveta e que muito provavelmente irá permanecer fechada para sempre.
Atenciosamente,

Andreia Ribeiro ( por mail)

T. disse...

Gostei bastante deste programa: claro e esclarecedor.

Depois de tudo o que foi dito ao longo do programa, depois do desenrolar dos conteúdos, devo dizer que concordo absolutamente com o primeiro comentário do José Rodrigues dos Santos.

Numa visão geral do assunto, um livro é bestseller quando um escritor 'sabe, quer e pode'.