A greve é um direito consagrado na Constituição Portuguesa, mas o seu uso nem sempre é consensual. As razões são, regra geral, as mesmas: salários baixos, precariedade no emprego, atrasos nos salários ou descontentamento pelas políticas de emprego. O ano passado assistimos a imensas manifestações por parte de vários setores de atividade, um quadro comum a todos os países da União Europeia. Este ano, o congelamento de salários preconizado no Orçamento de Estado para a Função Pública faz antever novas vagas grevistas. Mas será a melhor solução? Será a única forma de reclamar direitos? É a última instância? Não há outras formas de negociação
Convidados:
Rosário Palma Ramalho , Professora de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Manuel Sousa Antunes, Empresário
Alexandrino Saldanha, Frente Comum
Manuel Filipe Canaveira, Docente da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
27 comentários:
Boa tarde!
Na minha opinião a greve é uma forte forma de protesto porque interfere com a sociedade, com o funcionamento dos serviços, por vezes até com a vida pessoal das pessoas... mas só assim é que trás resultados! Uma greve (bem feita) faz-se ouvir! de outras formas (passiva, burocrática, recorrendo ao calmo diálogo, etc) está mais que visto que nem da mesa sai!
Infelizmente o português acomoda-se muito ás situações mesmo que sejam injustas!
Há que protestar quando as coisas não funcionam! não nos podemos calar e aguentar! É uma das formas que temos de ajudar o país a desenvolver! de puxar por ele!
Já participei numa greve há muitos anos atrás, na escola. Hoje em dia, se for necessário volto a fazê-lo!
Sylvie Stojanovic
A greve de ser das ultimas formas de luta, mas é a forma mais eficaz de ter visibilidade, veja-se a greve dos enfermeiros, que acho que passou a mensagem, que estão a ser discriminados, não recebendo como licenciados, como os outros trabalhadores da função publica.
A greve não é uma instituição anónima e sem rosto, ela prejudica pessoas individualmente, e isso não me parece correcto. Os titulares de contratos de trabalho estão sempre a choramingar por "direitos", então e o "dever" de fazerem bem o trabalho? Então e o dever de cumprir o compromisso que se assume com a empresa ou entidade para quem se trabalha? Se um trabalhador gostasse da sua empresa ou entidade e a estimasse nunca faria greve – fazer greve é cuspir na sopa, não? Gostava de ver as pessoas que fazem greve a ganharem a vida como profissionais independentes... ah... fariam greve? Claro que não! Se fizessem greve colocariam o seu ganha-pão em risco, e ninguém deseja isso! Como é o patrão a arcar com as consequências, toda a gente coloca a hipótese de fazer greve!
Boa tarde,
Os melhores sucessos para o Programa.
As greves de que eu mais gosto, são as dos funcionários públicos, porque têm sempre 100% de adesão: 84 a 86 % contados pelos Sindicatos e 14 a 16% contados pelo Governo
Obrigado pelo espaço.
Domingos Figueiredo
Sim é solução. E acreditem é sempre a última opção que os trabalhadores usam para fazer valer os seus direitos, porque hoje em dia com a justificação de que é necessário controlar as condições economicas do país, o governo diz que negoceia e depois apresenta "propostas" que lezam os direitos dos trabalhadores, obrigando-os a recorrer a esta forma de luta.
será que a greve não estará pranha de um certo individualismo de classes, que têm as costas quentes?? nunca ouvi falar de nenhuma greve para pedir mais formação, apenas mais dinheiro. Mas se tudo lhes for dado será que não exixirão mais?? THEVENUSPROJECT.COM
Mal de toda uma sociedade se não houvesse este instrumento! A verdade é que qualquer beneficio laboral mais significativo, se tem devido a protestos, normalmente "bem musculados" e organizados. Se estou errada, expliquem-me então que evolução ocorreu alguma vez na àrea do direito laboral, que não tenha sido fruto de movimentação de massas em forma de protesto?
Saudações!
Concordo com os comentários já apresentados! Contudo acrescento o meu contributo ao debate.
Na sociedade contemporânea, dado o grau de progresso social existente, considero impensável a abolição da figura da greve. Penso que esse é um dos direitos fundamentais nas sociedades de hoje.
Contudo não considero a greve como uma arma, mas sim como uma demonstração de objecção e força de pressão tendo em vista a resolução de um problema. Apenas deve ser usado como último recurso, seguindo um principio de subsidariedade, onde não se devem esquecer factores como o diálogo, nomeadamente nas reuniões de trabalhadores e participação nos orgãos de gestão das entidades patronais. Entendo que por vezes existe um extremismo na utilização da figura da greve, o que faz com que esse conceito caia na banalidade, perdendo assim o apoio da população. Veja-se por exemplo as greves nos transportes que tantos problemas provoca aos que deles necessitam para se deslocarem para o seu local de trabalho. Muitos são os que não concordam/apoiam a greve.
Deixo duas questões para debate:
- Dentro deste contexto, porquê a existência de vários sindicatos para a mesma classe de trabalhadores?!?
- Quais as opções existentes na lei como contraponto à greve? Existe, por exemplo, alguma obrigatoriedade na aceitação de diálogo pelas entidades patronais?
Bem haja e obrigado!
Tiago Alves
Boa tarde.
Gostaria sublinhar que os Enfermeiros só pretendem a igualdade em relação aos outros licenciados.
Se o problema é falta de dinheiro, então diminuaremos os vencimentos de todos os outros licenciados e não falemos de TGV+ Aeroportos internacionais de Lisboa e afins...
O Sr Engenheiro Socrates,nosso 1º ministro receberá o seu vencimento como licenciado e terá ele uma boa oportunidade de dar o exemplo, assim como todos outros licenciados que nos representam.
Cumprimentos a todos
Pedro Azevedo
Fiz greve como estudante.
Tenho 34 anos.
Boa tarde,
O grande movimento grevista mundial começou após a revolução industrial e tinha como grande objectivo os trabalhadores com poucos direitos laborais reivindicarem melhores condições de trabalho. Então a greve servia para o factor Trabalho "prejudicar" o factor Capital, fazendo com que o "patrão" perdesse dinheiro com a greve e basicamente prejudicavam apenas este, porque se a fábrica parasse os clientes compravam noutra fábrica. Contudo, hoje em dia, os trabalhadores da Função Pública quando fazem greve prejudicam principalmente os que menos têm e prejudicam pouco ou nada as empresas públicas ou o Estado. Concordo com a greve, mas penso que muitas das vezes não é a única solução para resolver os problemas. Falta bom senso e espírito solidário com o resto do país.
Obrigado.
Gonçalo
Boa Tarde!
Na minha opinião a greve deve ser um último recurso do conflito dado as implicações que tem parte a parte, desse modo é necessária uma grande consciência do que se está a fazer, para que se tenha a noção dos impactos que pode ter, e ter sempre em conta que a greve tem de ter em vista um acordo e não um aumento de conflitos!
Cumprimentos a todos!
Imensas vezes quando vejo enormes greves e manifestações, como por exemplo as ultimas dos professores e outras, questiono-me quem é que daquela gente toda votou no PS.
Muita daquela gente nem sequer votou.
É óbvio que a greve não é solução.
ASS: Pedro Silva
Boa tarde,
O grande movimento grevista mundial começou após a revolução industrial e tinha como grande objectivo os trabalhadores com poucos direitos laborais reivindicarem melhores condições de trabalho. Então a greve servia para o factor Trabalho "prejudicar" o factor Capital, fazendo com que o "patrão" perdesse dinheiro com a greve e basicamente prejudicavam apenas este, porque se a fábrica parasse os clientes compravam noutra fábrica. Contudo, hoje em dia, os trabalhadores da Função Pública quando fazem greve prejudicam principalmente os que menos têm e prejudicam pouco ou nada as empresas públicas ou o Estado. Concordo com a greve, mas penso que muitas das vezes não é a única solução para resolver os problemas. Falta bom senso e espírito solidário com o resto do país.
Obrigado.
Gonçalo
A greve é uma boa forma de luta... no entanto, temos muitas armas a nosso favor que não utilizamos, como por exemplo o código do trabalho!
Qual é o patrão que respeita o horário de trabalho dos trabalhadores? poucos... (nenhuns!) e quantos pagam o trabalho efectivo que é prestado a mais? poucos... (nenhuns!)
É pena que aquando das greves passe a ideia de quererem, principalmente, aumentos salariais!
Esquecemos os direitos "pequeninos" que nos dão melhor qualidade de vida e mesmo saúde!
Já agora... quantos de vós teve a consulta de saúde no trabalho no último ano como manda a lei?!?!
Outra coisa... greves à sexta?!?! fim de semana alargado para muitos, dia de luta para muito poucos!
Boa Tarde!
Sou licenciado à 10 anos, fiz um Mestrado à 3 anos, mas continua auferir como Bacharel.
O inicio na carreira de Enfermagem faz-se actualmente no 1020 euros ilíquidos.
Enquanto que os outros licenciados da função pública iniciam as suas funções nos 1510 euros ilíquidos.
Os enfermeiros não querem aumentos salariais, queremos apenas que nos paguem como licenciados!
Eu fiz greve nos 3 dias e fiz questão de estar na manifestação em Lisboa.
Esse foi o meio de demonstrar o meu descontentamento, a minha frustração de ser considerado como um Licenciado de 2ª categoria!
NEL.
Gostaria de deixar cumprimentos aos participantes deste programa, em especial à Sr.ª Prof.ª Palma Ramalho.
Sou seu aluno e sou funcionário público.
A greve, como instrumento de último recurso dos trabalhadores na defesa dos seus interesses, deve ser usado de forma responsável e eficaz. O meu sindicato (os sindicatos no geral) parece querer usar a greve de forma cada vez mais habitual e, simultaneamente, menos eficaz. Por exemplo, marcam marchas e greves de um dia, perto de fins-de-semana ou pontes. Considero este tipo de greves inúteis e até perniciosas pois correm o risco de colocar a opinião pública do lado do empregador Estado. Eu sou favorável à marcação de uma greve (com fundamentos vários e sobejamente conhecidos) mas de longa duração.
A greve está demasiado banal e ineficaz. Isto serve os interesses de quem??
Paulo F.
Quanto ganha o comentador, professor universitario? è que diminuindo o vencimento dele e dos colegas melhorava em muito a economia do pais.
sou funcionário publico e ganho 480 euros mês, gostava q perguntasse se é certo não receber aumento este ano.
A velha máxima "Trabalho igual, salário igual" não é respeitada. A melhor solução seria que se considerasse que todo o trabalho é digno e desse modo todos auferirem o mesmo salário. Poderíamos atribuir €1000 euros a todos os trabalhadores quer do privado quer do público. Mas isto é a utopia ou será a solução eficaz?
Já agora aproveito para deixar aqui o endereço electrónico de um dos maiores "Blogs" de Enfermagem onde estes temas são debatidos:
www.doutorenfermeiro.blogspot.com
Boa tarde, eu tenho 19 anos e frequento o ensino superior. Desde os meus 13/14 anos que convivo com greves de alunos, que quase sempre não tem sentido e onde 90% dos participantes estão lá para poder faltar às aulas ou porque os amigos também tão. Na pré-adolescência era "fixe" fazer-se greve, e se se pode-se fazer greve no dia anterior ou no dia seguinte a uma greve dos professores ainda melhor, assim tinhamos dois dias sem aulas. Eu só participei numa greve, achei ridículo que maior parte dos meus colegas não sabiam o sentido da greve, o importante era o convívio, fazer barulho, faltar às aulas e fazer uma coisa de gente grande. Eu estive numa associação de estudantes e achei igualmente ridículo a necessidade de se organizar manifestações e greves para agradar os estudantes, e por muitas vezes vinham professores falar connosco sobre assuntos com potencial para desculpa de manifestações ou greves.
Boa tarde!
Gostaria de informar que trabalho numa empresa do ramo da textil a 13 anos e o meu salário é de 475€, pago uma renda de 200€, agua, luz,comida e etc.Acham que posso poupar dinheiro? E é um pouco revoltante que alguns senhores digam que as pessoas não sabem poupar, algumas pessoas não têm o que poupar... Já fiz greve e voltarei a fazer sempre que achar necessário.
A greve é a reivindicação de um grito de protesto e a perda da paciência, para lutar contra as injustiças e com o sentimento latente de revolta. Contudo, é um direito discriminatório; normalmente, só quem tem o maior poder de reivindicação o usa. O resultado é o agravar das desigualdades sociais, em termos da diferenciação salarial! O plano remuneratório e garantias do funcionalismo público é bem superior, no seu conjunto, ao praticado no sector privado, agora que se agravou o sintoma de crise económica e a respectiva posologia de oportunismo das sociedades empresariais!
Aquilo que o governo não faz, acaba por competir aos sindicatos, embora a puxarem para lados opostos. O ideal era a aplicação de justiça no seio da concertação social, onde deviam estar a redefinir novas tabelas salariais, no contexto da base da justiça social, que não tem interessado aos decisores e outros privilegiados! Se interessasse, as pessoas recebiam apenas pelo seu dispêndio energético e valor social do seu contributo, acabando-se com a mentalidade primitiva do pagamento das importâncias académicas! Trabalho é dispêndio de energia; como tal é este gasto individual que deve ser remunerado. Muitas greves deixavam de existir!
"Trabalho igual, salário igual" Máxima não respeitada! A solução única e que derruba todos os preconceitos sociais e "classes" sociais e que pode confirmar a vivência em democracia é: Salário igual para todos, qualquer que seja a profissão. Dignificá-las é imperioso. Pode-se começar por atribuir a todos €1000 por mês de salário.
"Mas o que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a procurar álibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado! E, quando isso acontecer comigo, eu até agradeço que os meus amigos me chamem à atenção e me critiquem
Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que, qualquer dia, estamos reduzidos à condição de ‘homenzinhos’ e ‘mulherzinhas’. Temos é que ser gente, pá!"
José Afonso. Excerto de uma entrevista, 1985
ola boa tarde a todos, foi realmente pena não puder participar e dizer ou perguntar como combater que uma empresa privada pague aos seus funcionarios quantias elevadas em horas extras pagas a singelo e com cheque a parte não fazendo por isso descontos para a segurança social e financas que para mim mais nao passa de um crime economico de elevado nivel pois é uma empresa bastante grande e essa pratica é generalizada a todos e por mais desagrada de todos os funcionarios passa sempre impune porque todos os funcionarios tem medo de perseguiçoes, esta é uma pratica fraudulenta mas existe muitas mais em que a ilegalidade é constante.
obrigado pelo desabafo mas a revolta é imensa.
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