sexta-feira, setembro 17

Aprendizagem ao Longo da Vida

As crises trouxeram novas máximas para a sociedade ocidental: acabaram os empregos para a vida e a única forma que um europeu tem de competir com um asiático é acrescentando valor ao que produz, já que não consegue faze-lo a baixo preço. O valor acrescenta-se com qualificações, sobretudo académicas, que conferem qualidade a um serviço ou produto. Para isto, é necessário acrescentar mais anos de estudo no ensino superior e adquirir formações complementares que permitam enveredar por diferentes carreira profissionais. Mas escolher um curso com empregabilidade? Como seleccionar o mestrado ou pós-graduação mais adequados?

Francisco Madelino- pres. IEFP
Idalia Batalha - APG
Joana Soares - Univ Lisboa
Carlos Reis - Reitor Univ Aberta

19 comentários:

Sociedade Civil disse...

Artur Magalhães Mateus
Este tema diz-me muito. Concluí o ensino superior com 23 anos e, nos 20 anos que se seguiram, tenho voltado várias vezes à Universidade para completar e actualizar a minha formação. O paradigma está a mudar: a anterior sequência educação/trabalho/reforma dá lugar a uma sequência de vida em que estas valências se conjugam permanentemente. As próprias Universidades têm a preocupação de escolher, para os cursos de pós-graduação, mestrado e doutoramento, conteúdos práticos e atractivos.
Há que acompanhar a evolução. E tentar colher os benefícios.

Sociedade Civil disse...

Tito De Morais
As Novas Oportunidades são arma de arremesso político, e apesar de até concordar que servem para "embelezar" as estatísticas mais do que para na realidade dar qualificações às pessoas, este ano vi um lado das Novas Oportunidades desconhecido para a maioria das pessoas: ver pessoas que a meio da vida, pais de filhos crescidos e alguns mesmo até já avós, adquirem ou readquirem o prazer de aprender e do impacto que isso tem nas suas vidas. Fantástico!

Unknown disse...

Boa tarde

Sendo desempregado, licenciado em 2009 na área da minha profissão, gostaria de saber por favor, porque é que não existem estágios para maiores de 35 anos?
Creio que existe ainda descriminação, em relação á idade da pessoa.
Obrigado

Vitor Hugo Rebelo disse...

A aprendizagem prática fora dos bancos da escola deve ser a principal e a académica a complementar (especialização). Eu sou licenciado em Turismo (pré-bolonha) e essa talvez seja das áreas que estudei aquela que sei menos, pois desde muito cedo comecei a viajar e a trabalhar naquilo que gosto e me dá gozo fazer e aprender, nunca me importando com os salários (factor este ainda demasiado sobrevalorizado na nossa sociedade) e fui desenvolvendo conhecimentos e capacidades riquissimas com todas as pessoas que se foram cruzando comigo. Hoje com apenas 26 anos tenho conhecimentos sobre diversas áreas como Nutrição, Permacultura, Medicinas Alternativas, Comunidades, Ciências Sociais, Artes Marciais, Sustentabilidade, Ciências Politicas, Marketing, Design entre outras, falo fluentemente 5 linguas e estou a aprender 2 outras. Enquanto na escola nem a Francês consegui passar e ainda tive professores que diziam que tinha problemas de aprendizagem. Participo em diversos debates e conferências e muitas vezes fico perplexo com a ausência de conhecimentos factuais de líderes de opinião e politicos com quem me cruzo. Este conhecimento empirico e alargado é desejável e necessário ao bom desenvolvimento humano e ao contributo que cada individuo pode dar à sua sociedade. Ouvir professores (muitos que não deixam o aluno ter pensamento critíco) e ler livros não é de todo suficiente.

Martinha disse...

as novas oportunidades, deveriam ser oportunidades dignas de quem realmente quer aprender mais e quer terminar os seus estudos...mas não é bem isso que acontece. Quem vai para as novas oportunidades, nomeadamente para terminar o 12º ano, vai porque consegue fazer 3 anos em 1, do nono até ao 12ºano, a brincar e com pouco estudo ou quase nenhum. Isto não será uma pequena afronta ao meu antigo 12º ano que o terminei na década de 90?
Aprender mais, sim senhora, mas a aprender realmente e não a fazer de conta que aprendeu!

Unknown disse...

Acho muito bem que haja reconhecimento de competências adquiridas ao longo da vida, e por isso mesmo fico estupefacto com a maior falha de reconhecimento de competências que tem lugar hoje em dia: os licenciados pré-bolonha (com 4/5 anos) não vêem reconhecidas as suas competências e têm (como eu) de frequentar mais 2 anos para serem mestres.

Isto passa-se a nível puramente académico. Se isto se passa DENTRO da academia, não é de admirar que FORA da academia ainda haja problemas de reconhecimento de competências.

Unknown disse...

Boa tarde,
sou licenciada em Engenharia e Gestão Industrial.Estou desempregada á 4 anos. Tenho procurado formações para licenciados, mas não encontro, pois todas as que existem são para jovens com, no máximo 12º ano. Como posso requalificar-me, se não existem ofertas para licenciados, sejam formações ou estágios, se não recebo um salário e não posso pagar uma formação do meu bolso??
Ana, Viseu

João Cunha disse...

Ola boa tarde,

gostaria de saber a opinião dos presentes, saber o que eles aconselham às pessoas que têm formação superior (ou outra) numa determinada area, mas que por circunstancias do mercado de trabalho, não conseguiram emprego na sua area de formação e portanto a sua experiencia profissional é numa area diferente da sua formação superior..o que sugerem?.tirar um pos-graduação ou mestrado na area da sua experiencia profissional?..e isso será suficiente para progredir na sua area de experiencia profissional?

Coloco esta questão porque ao fim ao cabo sinto que apesar de ter uma formação superior (na qual não consigo empregar-me - Psicologia) e ter experiencia profissional (na area comercial)..não tenho nada em concreto, porque se quiser me candidatar a algum outro trabalho dentro da area comercial vão me exigir formação na area comercial que não tenho e se quiser candidatar-me a algo na psicologia não consigo porque exigem experiencia profissional que tambem nao tenho!!!..o que sugerem?Joana

Rui S. disse...

Este ano, 2010, foi o meu último no Ensino Secundário. Assim, com o 12º concluído, e pronto a ingressar no Ensino Superior, acho que a estrutura das Novas Oportunidades é profundamente injusta para com os estudantes do ensino regular. Porquê? Porque a qualidade do ensino, tal como o nível de exigência desses cursos das Novas Oportunidades são miseráveis. Compreendo e defendo a igualdade de direitos. Neste caso em relação ao ensino também fico feliz por haver projectos como este no nosso país. Mas, é de facto lamentável que seja imposto aos jovens um grau de exigência maior do que aos adultos que querem atingir um nível educativo superior ao que possuem. Ora quem não gostaria de concluir o 9º ano em poucos meses? E ainda para mais apenas a contar a nossa história de vida e a aprender a utilizar as funções básicas das novas tecnologias (muitas das vezes até são os filhos dessas pessoas que literalmente lhes fazem os trabalhos de casa) Eu acho que com este grau de exigência é quase o mesmo que venderem diplomas de conclusão no mercado negro. Mas agora, entrando mais no tema de hoje, defendo o desenvolvimento destes projectos (como já referi) mas com um grau de exigência muito maior pois com a aprendizagem retirada destes cursos como é que alguém vai preparado para o Ensino Superior? É a dúvida que mais gostava que me esclarecessem.

Unknown disse...

Estou a iniciar a tese de mestrado na Univ Aberta em Pedagogia do E-Learning e entrei no curso via reconhecimento de competências dado que só possuo ...um bacharelato. No entanto a Universidade Aberta reconheceu a valia do meu percurso profissional.
Sinto-me mal por isso? Não... Antes pelo contrário. Sinto-me orgulhoso do meu percurso anterior e actual...

Porque todos nós somos humanos... disse...

Valorização da aprendizagem sim. Facilitismos não. Conheço casos de pessoas que aderiram as novas oportunidades e apenas tiveram de fazer alguns trabalhos em que falavam da sua experiência de vida e realizar alguns testes de Francês para terem a equivalência ao 12º. Como se sentirão os que tiveram de fazer exames a disciplinas como História, Português, Matemática para concluir o 12º? Se querem valorizar as pessoas porque não começar por ser honestos com elas e em vez de lhes “darem” um 12º, não as incentivam a fazer cursos profissionalizantes, que são tão importantes como o ensino tradicional, e que são essenciais a um país com falta de técnicos ?

Unknown disse...

A Aprendizagem "ao longo da vida"!... E para que momento temporal remeter-se este "paradigma"? E que importância lhe queremos verdadeiramente dar? É que o médico, nos dias de hoje, tem que entrar na Universidade com 18,3 valores de média no conhecimento científico... Onde fica aqui a "experiência" da vida? É que muitos dos alunos, para aí chegarem, abdicam dela! Por isso é que um outro dia, o jovem Médico Ortopedista que me atendeu no Serviço de Urgência de um hospital público, demonstrou um profundo défice formativo no âmbito da relação social com o doente! Alguém ai comentou "Proust sabia 1000 vezes mais da vida que Einstein"... Pois!
Para quando o discussão acerca da adequabilidade do sistema de entrada na Universidade, numa perspectiva da valorização da aprendizagem e experiência (digo eu) ao longo da Vida.

Unknown disse...

A Aprendizagem "ao longo da vida"!... E para que momento temporal remeter-se este "paradigma"? E que importância lhe queremos verdadeiramente dar? É que o médico, nos dias de hoje, tem que entrar na Universidade com 18,3 valores de média no conhecimento científico... Onde fica aqui a "experiência" da vida? É que muitos dos alunos, para aí chegarem, abdicam dela! Por isso é que um outro dia, o jovem Médico Ortopedista que me atendeu no Serviço de Urgência de um hospital público, demonstrou um profundo défice formativo no âmbito da relação social com o doente! Alguém ai comentou "Proust sabia 1000 vezes mais da vida que Einstein"... Pois!
Para quando o discussão acerca da adequabilidade do sistema de entrada na Universidade, numa perspectiva da valorização da aprendizagem e experiência (digo eu) ao longo da Vida.

Sandra disse...

Boa tarde,
gostaria apenas de deixar o meu testemunho: licenciei-me em 2002, comecei a dar aulas em 2004 numa área que não era muito aprofundada no meu curso e senti logo necessidade de aprender mais.
Comecei a minha 2ª licenciatura em 2005 em regime pós-laboral( 3 anos depois de terminar a 1ª).
Foram 5 anos difíceis, a trabalhar de dia e estudar à noite; tive uma bebé e voltei à vida tarefada passados 3 meses e agora, já com outro bebé a caminho, consegui terminar há 2 dias atrás a 2ª licenciatura.
Sino-me uma vencedora, embora não sinta que isso me vá trazer muitas vantagens em termos laborais como docente, pelo menos tenho 2 caminhos por onde posso seguir.

Esta não será a última formação que farei, não me imagino a passar o resto da vida apenas com o que aprendi até hoje.

Sandra Fernandes

Anónimo disse...

João Raimundo
Obrigado ao Sociedade Civil e ao painel de convidados.
Sou formador de Cidadania e Profissionalidade no Centro Novas Oportunidades de Cacilhas e uma coisa que me constringe é que quando se fala sobre o Programa Novas Oportunidades, lá saltaram para a praça pública, com a voz cavernosa de quem já morreu e ninguém lhe disse, os velhos e as velhas do Restelo a empestar o ar de maledicência. Quando alguém não consegue ter espírito aberto, não é por falarmos mais alto ou por sermos mais persuasivos, que nos vai ouvir; por isso, quanto a velhos (os do Restelo, que os mais idosos nada têm a ver com isto) o melhor é deixá-los estar… a sublimarem o enfado das suas vidas deitando tudo e todos abaixo!
Libertado um pouco de fel apenas quero referir que este Programa representa “só” o maior movimento social de aumento de qualificações que algumas vez os portugueses viram… e que os Cursos EFA, os Processos RVCC e o DL 357/2007 são potenciadores de outros processos de aprendizagem e, por isso, alavancam a vontade de valorização e qualificação de muitos portugueses. Só por si, isto já é um dado assinalável para esta população deprimida e com uma forte propensão para a autofagia.
O que é estranho é que muitos desses velhos e velhas (os do Restelo, recorde-se) não prescindem de invocar investigações, mestrados e doutoramentos, como se os seus diplomas os colocassem num patamar de semideuses “omnisapientes” que até se permitem ajuizar do esforço e empenhamento dos outros em progredir na vida. E são justamente estes que se sentem (parvamente) atemorizados com o facto de mais concidadãos alcançarem os seus diplomas do Ensino Secundário… como os ricos, que têm medo que os pobres desapareçam!
Eu sei de pessoas que finalizaram uma licenciatura depois de concluírem o Secundário num CNO e as únicas expressões que me vêm ao pensamento são “Bestial, fantástico! Quero lá saber dos velhos do Restelo!”.

Anónimo disse...

Estágios profissionais não remunerados podem ser considerados como experiência profissional?

A experiência profissional não é, unicamente, a actividade profissional remunerada?

Obrigado pela atenção.

Anónimo disse...

Estágios profissionais não remunerados podem ser considerados como experiência profissional?

A experiência profissional não é, unicamente, a actividade profissional remunerada?

Obrigado pela atenção.

Unknown disse...

Boa tarde sou João Rodrigues e sou licenciado e empresário em nome individual. Criei o meu próprio negócio com ajuda do IEFP. Queria cumprimentar Dr. Carlos Reis pois este ano sou aluno da Universidade Aberta no curso de gestão.

Luis K. W. disse...

Estágios não-remunerados é um escândalo, é uma vergonha, e é trabalho-escravo.

Veja-se, por exemplo, o caso das farmácias que todos os anos renovam o stock de funcionários "gratuitos à força" (estudantes que precisam do estágio para terem a licenciatura).

Que diriam se um empresário da construção oferecesse "estágios não remunerados" a serventes de construção civil, para carregarem sacos de cimento e baldes de massa ?!?