quinta-feira, setembro 30

Para que serve um “canudo”?

Se até há alguns anos, uma licenciatura assegurava um emprego, nos dias de hoje e mesmo com alguns cursos mais conceituados, isso não se verifica porque a concorrência é maior; Valerá então a pena investir num percurso académico? De acordo com o relatório anual sobre educação da OCDE, a conclusão de um curso superior é a melhor proteção contra o desemprego e ao mesmo tempo a garantia de um salário mais alto. Também este organismo chegou à conclusão de que, numa comparação entre 20 países membros, Portugal está entre os três países em que o “canudo” pode vir a representar maior diferença salarial – mais de 50% de ordenado do que um não licenciado. Estima-se que 10,5% da nossa população activa tenha o ensino superior. A média da União Europeia é de 25%.

Convidados:
Francisco Lima
, Professor Instituto Superior Técnico e Consultor do INE
Bruno Carapinha, Universidade de Lisboa
Nuno Crato, Presidente Sociedade Portuguesa de Matemática, Professor ISEG e Prof. de Matemática e Estatística na UTL
Tiago Forjaz, Fundador Rede Social Startracker

12 comentários:

Martinha disse...

um canudo serve para se ser, no fundo, uma pessoa mais bem esclarecida na sociedade

Micael Sousa disse...

Antigamente, mas mais hoje, os canudos nunca foram certificados de empregos, nunca foram senhas de espera que garantissem um emprego.
O canudo ou curso superior, quanto a mim e tendo em conta a minha experiência académica, é apenas um comprovativo de que se tem competências para aprende. Na pratica pouco mais significa que isso, o que não significa pouco no mercado de trabalho contemporâneo. A capacidade de aprender e saber responder perante o inesperado, tal como a capacidade de planear, foram do jovem formado um excelente trabalhador e profissional, mas só depois de ter experiência. Resta então que tenham oportunidade de adquirir a tão necessária experiência.

Unknown disse...

Boa tarde,

Estou a terminar uma licenciatura na área da Saúde. Como sei como as coisas 'vão mal' na minha área ando já à procura de um emprego noutra área, porque não me posso dar ao luxo de não trabalhar enquanto não aparecer uma oportunidade na minha área de formação. No entanto o que verifico é que a palavra "licenciatura" afugenta as oportunidades de trabalho em lojas, supermercados, cafés, etc, provavelmente porque os empregadores sabem que sairemos daquele local assim que nos aparecer o emprego que desejamos - o nosso.
Para conseguirmos trabalho e experiência, muitos de nós candidatam-se já a estágios voluntários (em Hospitais, por exemplo), sendo que até estes - trabalho 'à borla' - são já muitas vezes recusados, sendo que chegamos até ao cúmulo de algumas instituições exigirem que o candidato pague 5€ por dia para poder trabalhar sem receber nada.
Assim, na minha experiência, a licenciatura não traz benefícios para a procura de emprego, antes dificuldades, de tal forma que, se fosse hoje, não sei se teria escolhido entrar no Ensino Superior, como fiz há 4 anos atrás.

Continuação de bom trabalho,

SS, Barcelos

Unknown disse...

Boa tarde.
Estou a acompanhar o vosso programa. E estou de acordo com o que têm dito.
Sou licenciado em Direcção e Gestão Hoteleira e trabalhei durante uns anos na área. Contudo opções tomadas levaram-me ao desemprego. Tenho-me candidatado a inumeros anuncios mas nenhuma resposta obtive. Mas para contrariar decidi dar 2 passos atrás e fiz uma formação em relacionada com a área do Gás.
Se não conseguimos na nossa area há que mudar e ter coragem para o fazer.
Parabéns pelo vosso programa.
Atenciosamente
Rodolfo Carreira

TERRA deVIDA disse...

Nos anos 90 um Ministro Francês disse que "tomara que todos os taxistas e empregadas domésticas" de França tivessem licenciatura. Embora sendo uma declaração polémica, é este o caminho: toda a gente deveria qualificar-se e capacitar-se sem cair no erro de pensar que um canudo é igual a emprego. Numa sociedade baseada no mérito (que muitos de nós almejam), que seja o mercado e a excelência os motores do emprego e qualificação profissional. Tal como no desporto, todos gostam de jogar mas no que diz respeito a capacidades, uns são craques, outros são vulgares, uns são titulares, outros ficam no banco, e outros ainda na bancada. O mercado profissional é isto mesmo e é para esta mentalidade de luta, auto-melhoria constante e enriquecimento pessoal e técnico-científico que se devem focar quer as universidades quer as escolas técnicas e profissionais. Um Portugal de sucesso, só com as pessoas certas nos lugares certos.

Cumprimentos e Bom Debate!
Artur Gil

Unknown disse...

Cláudia Alves
Tinha 27 anos, estava desempregada (fui sempre administrativa) com um filho de 2,5 anos, no fundo de desemprego e com o 8º ano. Tinha de tomar uma decisão na vida. Voltar a estudar. Fiz o 9º ano através das novas oportunidades.
Entrei no ensino secundário nocturno e fiz o 12º ano (3 anos em ciências e tecnologias)- durante este tempo trabalhei sempre em part-time de manhã (call-center).
Entrei na universidade através dos M23 (no curso de "sonho"). Já passou 1 ano de faculdade, não fiz as disciplinas todas - o 1º ano é muito complicado, especialmente quando se está 3 anos no sistema nocturno e se passa para o diurno com um grau de exigência muito elevado - agora tenho disciplinas do 1º e 2º ano para fazer. Sou a mais “velha” do curso com 32 anos, os meus colegas têm em média 19 20 anos, é estranho! Mas estou feliz.
É difícil conciliar os estudos com o facto de ser mãe e mulher, mas a felicidade que tenho transparece para e na família. O meu maior receio é quando acabar o curso (Licenciatura de Biologia Celular e Molecular), aos 34/35 anos - assim espero, mais 2 anos de mestrado. Será que vou arranjar trabalho competindo com gente tão nova?! Quais são as minhas hipóteses no mercado de trabalho? Nacional ou internacional, pouco importa desde que possa trabalhar no que gosto. Será que depois de tanta luta e de ferramentas adquiridas não vou ter oportunidades??
Obrigada "sociedade-civil" por toda a informação útil ao longo destes anos.

José Costa disse...

Claro que vale a pena e cada vez mais a cada dia que passa. Mas, não de qualquer maneira só para aumentar a percentagem de licenciados e ficar bem na "lista". O estado deve saber aplicar bem o nosso dinheiro e não fazer cursos só para colocar, em empregos bem remunerados, mais uns quantos professores ligados a partidos no poder ou na oposição e com uma ramificação directa à Maçonaria! Os cursos apoiados pelo governo têm que ser aqueles com áreas necessárias ao país especialmente as "Engenharias",Biólogos (como dizia o outro, ("tanto mar" e "tanta terra ao abandono), medicina (necessitamos cada vez mais de investigadores), etc....Devem deixar de ser apoiados pelo estado os cursos que não têm saída no nosso país, tais como advogados, professores, jornalistas, etc..... Os recursos gastos em cursos improdutivos podem, com vantagens serem canalizados para os outros, dos quais temos necessidade! Os cursos que não têm saída profissional por o mercado estar completamente saturado, se houver alunos os mesmos devem pagar do seu bolso com apoio dos empréstimos escolares a pagar após o 1º emprego. A final em qualquer país democrático e no Tratado de Lisboa, o pagamento da educação para todos é só válido para a escolaridade obrigatória! Bem hajam!

Unknown disse...

Tirei engenharia electrotécnica e um curso superior é útil sem dúvida e dá-nos uma visão bem diferente do mundo mas para usufruir de mais 50% de ordenado é que não é concerteza.Há uma empresa que ainda me deve dinheiro relativo a Fevereiro e Março, são estes os pseudo empresários interessadíssimos em engenheiros.Neste cenário pergunto se andar a fazer que se faz é a solução?Quando se fala em experiência, qual?
Enfim em vez de nos dizerem como me disseram:estuda para seres alguém digam agora que vá para a faculdade quem é da classe económica de elite.Obrigado.
Luís Nogueira

Marlene Silva disse...

Boa tarde,

terminei a licenciatura em Línguas Aplicadas na Universidade do Minho há um ano. Penso que esta licenciatura tem um plano curricular muito bom pelo facto de abordar várias matérias e diferentes áreas (gestão, economia, direito, etc) onde se podem aplicar as línguas. Estive durante um ano a desenvolver um projecto no âmbito das actividades de enriquecimento curricular (aec) e neste momento estou envolvida num projecto de formação. Não era isto que pensava fazer mas surgiram oportunidades e aproveitei. Vou iniciar o Mestrado em Marketing e Gestão Estratégica também na UMinho na esperança que se abram algumas portas. Neste momento não encontro outras soluções de emprego no meu meio. Apesar dos alunos tentarem encontrar soluções, serem empreendedores e inovadores, penso que as universidades devem orientar melhor os alunos no mercado de trabalho.

tiago disse...

Muito boa tarde,
Quero apenas deixar a minha ideia de que hoje em dia é importante ter um "canudo", mas não é o que determina se se tem ou não emprego; e falo por mim, terminei a minha licenciatura em 2008, fiz 3 contratos temporários no Estado e estou desde Outubro de 2009 sem emprego...é difícil hoje em dia dizer que é essencial ter um canudo. O que é essencial sim é ter sorte na vida e claro algum factor C...
Cumprimentos

António Correia Nunes disse...

Aproveito para divulgar a VII Conferência - Desenvolvimento Vocacional: Carreira, Criatividade e Empreendedorismo, em Braga, na Universidade do Minho, de 9 de Abril de 2011.
.
Lembro ainda que existem Serviços de Psicologia, nas Universidades e nas Escolas Públicas, que visam contribuir para o desenvolvimento da carreira e apoiar a transição para a vida activa/empregabilidade dos finalistas.
.
Recordo ainda a realização do Campeonatos Europeus das Profissões-Euroskills Lisboa-2010, em Dezembro.

Augusto Sousa disse...

Sou ajudante "canudo" Nao quere dizer que ao ser teu servente tenho que trabalhar mais do que tu a receber menos?
Mas um papel de oportunidade para estudos profissionais certificado aguarda a nos todos de prencipio ate adulto. Nada se consegue fazer a viver sem solidao e pagar agua e luz.