quinta-feira, outubro 22

Novos pobres

Têm dinheiro, mas está todo hipotecado aos créditos contraídos ou às dívidas fiscais. Têm qualificações, estão em idade activa, mas encontram-se desempregados há tanto tempo que já não têm direito a subsídio. Acabam a pedir comida e outros apoios a instituições de solidariedade. São os novos pobres, que vêm somar-se aos cerca de dois milhões de portugueses que já vivem no limiar da pobreza - sobretudo idosos e grupos em risco de exclusão. Neste SC conheça esta realidade e descubra que respostas existem para a contornar.

Convidados
Pedro Krupenski, Diretor Amnistia Internacional Portugal
Paulo Teixeira, Coordenador do Núcleo Distrital de Lisboa da Rede Europeia Anti-Pobreza
José António Pereirinha, Economista e Docente no Instituto Superior de Economia e Gestão
Eugénio da Fonseca, Presidente da Cáritas

9 comentários:

Anónimo disse...

Gostaria de saber qual a leitura que os convidados fazem, das declarações do presidente da Associação dos industriais, Francisco Van Zeller, que afirma ser um erro subir o salário mínimo de 450€ para 475€. Na opinião dos convidados, porque ...é que estas declarações, quase ofensivas, tiveram tão pouco impacto na opinião pública. Não seria essencial subir o salário mínimo pelo menos até aos 600€?

Unknown disse...

Parabéns pelo programa.


Deixo aqui uma questão muito importante para os convidados, relativa a pobreza e direitos humanos.


Porque é que a Santa Casa da Misericórdia têm ordens (do governo ou seus directores??) para não darem qualquer assistência a seres humanos que sejam considerados como "imigrantes ilegais", mesmo se estes estiverem literalmente a morrer ??




Digo isto porque conheço a politica da SCM, tendo já pedido assistência para casos de alguns sem-abrigos com graves problemas e a precisar de assistência, e a SCM RECUSOU-SE a assistir essas pessoas.

Imigrantes ilegais não são seres humanos também?

Claramente há aqui uma incoerência e uma violação dos direitos humanos.

Por favor esclareçam esta questão.
Cumprimentos

SEGREDOS OCULTOS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ana chagas disse...

Boa tarde,

As necessidades mais básicas da sobrevivência do ser humano como o abrigo, a alimentação, a água, os cuidados de saúde, são comuns e indispensáveis a todos os indivíduos.
Por exemplo a nível de habitação, acho incrível, num país onde o ordenado mínimo é de 450 euros, que o governo não intervenha através de legislação, para impôr limites às margens de lucro obtidas a quem opera no sector da construção civil.
Se os laboratórios farmaceuticos lucram muitos milhões anualmente, e os hospitais estão constantemente em dívida, porque não existir um laboratório estatal sem objectivo de lucro que forneça os hospitais e quem não tem recursos para comprar medicamentos.
E o preço dos transportes públicos, e porque todos os anos se exige novos manuais escolares, quando poderiam passar de mão em mão, etc.
Bem, existem tantas coisas para fazer, que poderiam realmente aumentar a qualidade de vida da grande maioria dos portugueses que "nadam" incansavelmente para manter a cabeça à tona de àgua.

Obrigada. Ana Chagas

ﻣﺤﻤﺪ Rachid disse...

boa tarde
a crise é só para aqueles que perderam o seu emprego e não têm poupado nenhum dinheiro.
Enquanto aqueles que trabalham, com a inflação negativa, se calhar até ficaram a ganhar. Pessoalamente, acho que é negativo para a economia quando as pessas que trabalham e têm dinheiro estarem a reduzir as despesas e as compras. porque se continuaro baixo consumo ficam todos a perder.
entrevista de hoje está ser muito boa...

Zeta Draco disse...

Ainda bme que alguém finalmente admite que as espectativas mais elevadas de consumo e qualidade de vida dos lcenciados e outros graduados são LEGÍTIMAS. E ~sao legítimas também as exigências destes graduados a encontrar emprego NA SUA ÁREA, dando utilização plena às competências em que investiu. Talvez não saibam, mas há não só licenciados, mas mestres e doutorados no desemprego em Portugal. A dita pobreza envergonhada manifesta-se também quando estes graduados se recusam a aceitar os Mcjobs que insistem em oferecer-lhe.

Elis disse...

Exmos senhores

Boa tarde.
Antes de mais, quero congratular o vosso programa. Na minha opinião, o Sociedade Civil é dos melhores programas prestados à Comunidade portuguesa e de real interesse público. Acho apenas lamentável o seu horário, já que será um horário direccionado, sobretudo a uma população “não-activa”.
Vou tentar não me alongar embora, dado o tema hoje em causa me seja difícil.
Considero-me pobre. Sou/ estou pobre. Tenho 29 anos, formação superior e estou em situação de “procura de emprego”. Não vivo em condições de pobreza porque tenho a “sorte” de ter uma família que me tem apoiado, embora seja certo que essa situação, além de injusta para a minha família é nefasta para a minha “auto-estima”.

Algumas considerações que considero relevantes para esta discussão:
1) Em Portugal, o salário médio são 700 euros: como é possível viver numa cidade com este salário? Como é possível ter-se família? Como é possível considerar este valor médio?!

A propósito de um dos comentários ouvido agora
-Não tenho casa, não tenho carro, …

2) O grande número de bolseiros, de “recibos-verdes” coloca a uma grande percentagem da população em eminente miséria e falta de perspectivas;
3) A educação: cada vez se fala mais da perda de qualidade do ensino público; há uma democratização do ensino mas aparentemente de um mau ensino; nas cidades a distinção entre boas e más escolas ainda é mais evidente; há um número muito elevado de desempregados com formação superior e, em Portugal, o ensino superior constitui um investimento (dinheiro e tempo) muito elevado, tendo em conta que parece não haver retorno; ~

A propósito de um dos comentários ouvido agora
-Tenho uma licenciatura que ainda se veicula que tem “saída profissional” (Bioquímica); Tenho colegas sem formação superior com um “nível de vida bastante mais aceitável”

-ainda em relação à educação: programas como o Novas Oportunidades que em princípio seriam programas de muito mérito têm-se transformado em estatísticas, demagogias, portáteis e internet barata.
4) O acesso à justiça (teoricamente acessível a todos); o acesso à saúde, …

O meu muito obrigada e parabéns a todos os intervenientes no programa.

Zeta Draco disse...

Elis, uma grande parte do problema da educação em Portugal reside na falta de dinamismo para atrair os talentos, perpetuando-se a mediocridade instalada, impossível de erradicar por causa da blindagem das carreiras e suas regalias. Há imensos excelentes professores a trabalhar como bolseiros, eternamente à espera que os "velhos" se reforem ou morram de vez para abrirem vagas. Assim não vamos lá!

Unknown disse...

Boa tarde

Faço voluntariado junto de pessoas consideradas sem-abrigo, que se baseia em ouvir e orientar. O que vejo em todos os casos é falta de orientação, falta de ambição. São na grande maioria pessoas que nem sempre foram pobres, e que por algum azar da vida assim se tornaram. Razões emocionais, desmprego, questões de saúde, má gestão de dinheiro e da própria vida e procura de soluções fáceis. O rendimento mínimo de inserção ajuda-os a acomodarem-se, é dar o peixe sem ensinar a pescar. Existem muitos erros a nível de assistência social, consultas de psicologia... E era nisto que a sociedade devia concentrar forças.. e não a esbanjar dinheiro da Segurança Social à toa. A maioria das pessaos que visito prefere estar doente para não poder trabalhar, prefere receber para estar em casa do que receber para aprender... É na força de vontade que está o problema, não no bolso..


Quanto aos jovens licenciados, limitam-se ao que aprenderam, não são versáteis, nem se prestam a exercer funções "menos dignas". Que não se queixem por estarem desempregados... Que se queixem de estar a trabalhar numa área que não é a que investiram, e dar-lhes-ei razão.

Desculpem...É-me impossível ser sucinta neste assunto..

Cumprimentos

Diana