Têm dinheiro, mas está todo hipotecado aos créditos contraídos ou às dívidas fiscais. Têm qualificações, estão em idade activa, mas encontram-se desempregados há tanto tempo que já não têm direito a subsídio. Acabam a pedir comida e outros apoios a instituições de solidariedade. São os novos pobres, que vêm somar-se aos cerca de dois milhões de portugueses que já vivem no limiar da pobreza - sobretudo idosos e grupos em risco de exclusão. Neste SC conheça esta realidade e descubra que respostas existem para a contornar.
Convidados
Pedro Krupenski, Diretor Amnistia Internacional Portugal
Paulo Teixeira, Coordenador do Núcleo Distrital de Lisboa da Rede Europeia Anti-Pobreza
José António Pereirinha, Economista e Docente no Instituto Superior de Economia e Gestão
Eugénio da Fonseca, Presidente da Cáritas
9 comentários:
Gostaria de saber qual a leitura que os convidados fazem, das declarações do presidente da Associação dos industriais, Francisco Van Zeller, que afirma ser um erro subir o salário mínimo de 450€ para 475€. Na opinião dos convidados, porque ...é que estas declarações, quase ofensivas, tiveram tão pouco impacto na opinião pública. Não seria essencial subir o salário mínimo pelo menos até aos 600€?
Parabéns pelo programa.
Deixo aqui uma questão muito importante para os convidados, relativa a pobreza e direitos humanos.
Porque é que a Santa Casa da Misericórdia têm ordens (do governo ou seus directores??) para não darem qualquer assistência a seres humanos que sejam considerados como "imigrantes ilegais", mesmo se estes estiverem literalmente a morrer ??
Digo isto porque conheço a politica da SCM, tendo já pedido assistência para casos de alguns sem-abrigos com graves problemas e a precisar de assistência, e a SCM RECUSOU-SE a assistir essas pessoas.
Imigrantes ilegais não são seres humanos também?
Claramente há aqui uma incoerência e uma violação dos direitos humanos.
Por favor esclareçam esta questão.
Cumprimentos
Boa tarde,
As necessidades mais básicas da sobrevivência do ser humano como o abrigo, a alimentação, a água, os cuidados de saúde, são comuns e indispensáveis a todos os indivíduos.
Por exemplo a nível de habitação, acho incrível, num país onde o ordenado mínimo é de 450 euros, que o governo não intervenha através de legislação, para impôr limites às margens de lucro obtidas a quem opera no sector da construção civil.
Se os laboratórios farmaceuticos lucram muitos milhões anualmente, e os hospitais estão constantemente em dívida, porque não existir um laboratório estatal sem objectivo de lucro que forneça os hospitais e quem não tem recursos para comprar medicamentos.
E o preço dos transportes públicos, e porque todos os anos se exige novos manuais escolares, quando poderiam passar de mão em mão, etc.
Bem, existem tantas coisas para fazer, que poderiam realmente aumentar a qualidade de vida da grande maioria dos portugueses que "nadam" incansavelmente para manter a cabeça à tona de àgua.
Obrigada. Ana Chagas
boa tarde
a crise é só para aqueles que perderam o seu emprego e não têm poupado nenhum dinheiro.
Enquanto aqueles que trabalham, com a inflação negativa, se calhar até ficaram a ganhar. Pessoalamente, acho que é negativo para a economia quando as pessas que trabalham e têm dinheiro estarem a reduzir as despesas e as compras. porque se continuaro baixo consumo ficam todos a perder.
entrevista de hoje está ser muito boa...
Ainda bme que alguém finalmente admite que as espectativas mais elevadas de consumo e qualidade de vida dos lcenciados e outros graduados são LEGÍTIMAS. E ~sao legítimas também as exigências destes graduados a encontrar emprego NA SUA ÁREA, dando utilização plena às competências em que investiu. Talvez não saibam, mas há não só licenciados, mas mestres e doutorados no desemprego em Portugal. A dita pobreza envergonhada manifesta-se também quando estes graduados se recusam a aceitar os Mcjobs que insistem em oferecer-lhe.
Exmos senhores
Boa tarde.
Antes de mais, quero congratular o vosso programa. Na minha opinião, o Sociedade Civil é dos melhores programas prestados à Comunidade portuguesa e de real interesse público. Acho apenas lamentável o seu horário, já que será um horário direccionado, sobretudo a uma população “não-activa”.
Vou tentar não me alongar embora, dado o tema hoje em causa me seja difícil.
Considero-me pobre. Sou/ estou pobre. Tenho 29 anos, formação superior e estou em situação de “procura de emprego”. Não vivo em condições de pobreza porque tenho a “sorte” de ter uma família que me tem apoiado, embora seja certo que essa situação, além de injusta para a minha família é nefasta para a minha “auto-estima”.
Algumas considerações que considero relevantes para esta discussão:
1) Em Portugal, o salário médio são 700 euros: como é possível viver numa cidade com este salário? Como é possível ter-se família? Como é possível considerar este valor médio?!
A propósito de um dos comentários ouvido agora
-Não tenho casa, não tenho carro, …
2) O grande número de bolseiros, de “recibos-verdes” coloca a uma grande percentagem da população em eminente miséria e falta de perspectivas;
3) A educação: cada vez se fala mais da perda de qualidade do ensino público; há uma democratização do ensino mas aparentemente de um mau ensino; nas cidades a distinção entre boas e más escolas ainda é mais evidente; há um número muito elevado de desempregados com formação superior e, em Portugal, o ensino superior constitui um investimento (dinheiro e tempo) muito elevado, tendo em conta que parece não haver retorno; ~
A propósito de um dos comentários ouvido agora
-Tenho uma licenciatura que ainda se veicula que tem “saída profissional” (Bioquímica); Tenho colegas sem formação superior com um “nível de vida bastante mais aceitável”
-ainda em relação à educação: programas como o Novas Oportunidades que em princípio seriam programas de muito mérito têm-se transformado em estatísticas, demagogias, portáteis e internet barata.
4) O acesso à justiça (teoricamente acessível a todos); o acesso à saúde, …
…
O meu muito obrigada e parabéns a todos os intervenientes no programa.
Elis, uma grande parte do problema da educação em Portugal reside na falta de dinamismo para atrair os talentos, perpetuando-se a mediocridade instalada, impossível de erradicar por causa da blindagem das carreiras e suas regalias. Há imensos excelentes professores a trabalhar como bolseiros, eternamente à espera que os "velhos" se reforem ou morram de vez para abrirem vagas. Assim não vamos lá!
Boa tarde
Faço voluntariado junto de pessoas consideradas sem-abrigo, que se baseia em ouvir e orientar. O que vejo em todos os casos é falta de orientação, falta de ambição. São na grande maioria pessoas que nem sempre foram pobres, e que por algum azar da vida assim se tornaram. Razões emocionais, desmprego, questões de saúde, má gestão de dinheiro e da própria vida e procura de soluções fáceis. O rendimento mínimo de inserção ajuda-os a acomodarem-se, é dar o peixe sem ensinar a pescar. Existem muitos erros a nível de assistência social, consultas de psicologia... E era nisto que a sociedade devia concentrar forças.. e não a esbanjar dinheiro da Segurança Social à toa. A maioria das pessaos que visito prefere estar doente para não poder trabalhar, prefere receber para estar em casa do que receber para aprender... É na força de vontade que está o problema, não no bolso..
Quanto aos jovens licenciados, limitam-se ao que aprenderam, não são versáteis, nem se prestam a exercer funções "menos dignas". Que não se queixem por estarem desempregados... Que se queixem de estar a trabalhar numa área que não é a que investiram, e dar-lhes-ei razão.
Desculpem...É-me impossível ser sucinta neste assunto..
Cumprimentos
Diana
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